quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nuno Álvares Pereira: O Condestável

Hoje é o dia 6 de Novembro, dia do Santo Condestável.
Foi recordado no blogue do amigo Nonas.
http://www.nonas-nonas.blogspot.com/

O Santo Condestável, por Alfredo Pimenta
O SANTO CONDESTÁVEL

«Nesta longa e difícil guerra pela independência da terra portuguesa, ao lado do Rei, a acompanhá-lo incansavelmente, vemos a pessoa do Condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Filho bastardo do Prior do Hospital, D. Fr. Álvaro Gonçalves Pereira, filho bastardo, este, também, de D. Gonçalo Pereira, que foi, mais tarde, Arcebispo de Braga, e de Iria Gonçalves, Nuno Álvares, o Condestável do Rei de Portugal D. João I, nasceu a 24 de Junho de 1360, em Sernache do Bonjardim. É, talvez, a figura mais representativa, a figura mais exemplarmente típica do povo português, enquanto ideologias intrusas o não abastardaram e corromperam.
Ele trouxe sempre fundidos no seu coração o amor de Deus e o amor da Pátria. Foi Monge e foi Soldado; e foi Santo e foi Herói. Teve o duplo mistiscismo — o do Céu, e o da sua terra. Na hora mais aguda das batalhas, esquecido de tudo, ajoelhava e rezava. E, como os maiores místicos, possuía o sentido rectilíneo do equilíbrio e das realidades. Era um espírito positivo de patriota, animado pela fé mais viva da crença mais alta.
Sabia querer: e a sua vontade não conhecia, quando livre, embaraços. Sabia obedecer: e a sua obediência, na hora própria, não suportava reservas.
Nuno Álvares é a encarnação suprema da Pátria portuguesa: está nos altares, porque a Igreja o reconheceu merecedor de culto; e está nos corações dos portugueses fiéis que vêem nele o símbolo do seu amor pátrio.
Sem a sua espada vigorosa e sã, Portugal teria caído possivelmente na órbita de Castela, e tudo quanto fez em prol da Civilização andaria hoje escrito em língua estranha.
Riquíssimo de tudo — de honras, de bens e de glória, tudo trocou pelo hábito rude e áspero da estamenha de carmelita, quando viu que a sua Pátria já não precisava de que pusesse por ela «seu corpo em grandes aventuras», como dissera o Rei, no diploma em que lhe conferia o título de Conde de Barcelos.
O Convento do Carmo começou a edificá-lo, em Lisboa, em 1389. Lentamente, as obras prosseguiam. Os primeiros monges entrariam em 1397 — só portugueses. Nuno Álvares queria habitá-lo. Um elo ainda o prendia à vida: a filha. Mas esta, talvez em 1415, morre em Chaves. Dispõe-se a entrar no Carmo. Mas o Rei chama-o para Ceuta. E Nuno Álvares obedece.
No regresso, liberto já de quaisquer peias, o seu sonho corporiza-se. E em 15 de Agosto de 1423, a porta do convento fecha-se sobre a sua sombra: é Fr. Nuno de Santa Maria!»

Alfredo Pimenta
In «Elementos de História de Portugal»,
E.N.P., Lisboa, 1935, págs. 112/115

segunda-feira, 2 de junho de 2008

8º ANO: BIOGRAFIA "BARTOLOMEU de GUSMÃO"

Bartolomeu de Gusmão

Bartolomeu de Gusmão nasceu no Brasil em 1685 (nessa época o Brasil ainda era território português) e foi um dos primeiros construtores do mundo a tentar criar uma máquina voadora.
Apesar de se considerar que a primeira vez que se conseguiu voar foi com os irmãos Montgolfier (cujo balão de ar quente voou em 1783), Bartolomeu de Gusmão inventou o aeróstato movido a ar aquecido, cerca de setenta anos antes!
Bartolomeu fez os seus primeiros estudos no seminário de Belém da Cachoeira, que pertencia aos jesuítas.
Já nessa época mostrou que tinha muito jeito para a física e para a mecânica.Sabias que quando ainda era estudante construiu um mecanismo com canos e represas para fazer subir a água até ao seminário, situado a cerca de 100 m de altitude?
Com a sua ajuda, a água já não precisava de ser transportada pela encosta acima às costas dos frades ou no lombo dos animais.
Ainda noviço, abandonou a Companhia de Jesus (1701), vindo a ser ordenado sacerdote mais tarde.
Em 1708, foi para Portugal e passou a frequentar a faculdade de Coimbra, tendo obtido o doutoramento em 1720.
Os seus estudos foram interrompidos para se dedicar a tempo inteiro ao seu grande invento: um pequeno balão (ou globo) feito de lona ou papel, aquecido pelo fogo.
Consta que se inspirou para criar este invento ao observar uma pequena bola de sabão pairando no ar.
Em 1709, escreveu "Manifesto sumário para os que ignoram poder-se navegar pelo elemento do ar" e realizou, em Lisboa, as primeiras experiências com a sua "máquina voadora".
Relatos da época contam que da primeira vez que quis mostrar o seu invento a D. João V, o balão pegou fogo e não voou; contudo, na segunda tentativa, feita no paço real, o "instrumento de voar" elevou-se quatro ou cinco metros, até ao tecto da sala dos embaixadores.
Assustados com a possibilidade de um incêndio, os criados do palácio lançaram-se contra o engenho antes que este chegasse ao tecto.
Imagina a cara das pessoas da época quando viram esta "máquina voadora" a elevar-se no ar. Nunca antes tinham visto tal coisa!
Há ainda registo de uma terceira experiência, em que o balão foi lançado da ponte da Casa da Índia, tendo subido a uma altura considerável.
É claro que existem muitas lendas que contam que Bartolomeu de Gusmão teria voado do castelo de São Jorge até ao Terreiro do Paço ou da torre de São Roque ao convento de São Pedro de Alcântara, mas nunca existiram provas.
Como deves calcular, estas experiências causaram grande sensação nos lisboetas e tornaram-no conhecido como "Padre Voador". :)
Continuando a sua investigação, pioneira na navegação aérea, apresentou em 1710 um outro invento destinado a escoar água dos navios.
Entretanto, em 1713, começou a circular pela capital um folheto com um desenho de uma "Passarola" - uma barcaça fabulosa em forma de ave que voaria através de vários "magnetismos e espíritos".
A verdade é que o Padre estava realmente a trabalhar num invento para voar, mas que voaria pelas Leis da Física e da Mecânica, e não por "magnetismos e espíritos".
No entanto, o descrédito e a desconfiança em relação a Bartolomeu de Gusmão começaram a generalizar-se.Conta-se que Bartolomeu de Gusmão criou este desenho falso da "Passarola" para desviar a atenção das suas verdadeiras invenções... Será verdade?
Apesar das más línguas, sendo amigo do rei que lhe reconhecia os créditos, Bartolomeu de Gusmão foi recebido na corte e nomeado membro da Academia Real da História, em 1720, e capelão real, em 1722.
Dois anos depois, viu-se envolvido numa conspiração palaciana e a Inquisição aproveitou para o acusar de bruxaria, feitiçaria e judaísmo.
Para evitar morrer na fogueira, fugiu para fora de Portugal com o irmão mais novo, depois de ter queimado a maior parte do seu arquivo pessoal.
Acabou por falecer em Espanha, durante a viagem, em 1724, com uma crise de febre. Mesmo assim, deixou alguns registos de notas relativas às suas invenções que o tornaram conhecido em todo o mundo.
Com a invenção e idealização do flutuador aerostático, Bartolomeu de Gusmão deu um passo gigantesco para aquilo que viria a ser no futuro uma aeronave, sendo correctamente considerado o "Pai da Aerostação".

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA: DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA

Conhece os teus Direitos
Sabias que, como criança, tens direitos?

Em 1959 a ONU (Organização das Nações Unidas) escreveu e aprovou a "Declaração dos Direitos da Criança".Esta declaração é composta por 10 artigos, muito simples, que dizem respeitos ao que podes fazer e ao que as pessoas responsáveis por ti devem fazer para que sejas feliz, saudável e te sintas seguro.(É claro que tu também tens responsabilidades para com as outras crianças e para com os adultos para que também eles gozem dos seus direitos.)
Vamos conhecer os 10 princípios da "Declaração..."?
Princípio 1ºToda criança será beneficiada por estes direitos, sem nenhuma discriminação de raça, cor, sexo, língua, religião, país de origem, classe social ou situação económica. Toda e qualquer criança do mundo deve ter seus direitos respeitados!
Princípio 2ºTodas as crianças têm direito a protecção especial e a todas as facilidades e oportunidades para se desenvolver plenamente, com liberdade e dignidade. As leis deverão ter em conta os melhores interesses da criança.
Princípio 3ºDesde o dia em que nasce, toda a criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, ou seja, ser cidadão de um país.
Princípio 4ºAs crianças têm direito a crescer e criar-se com saúde. Para isso, as futuras mães também têm direito a cuidados especiais, para que seus filhos possam nascer saudáveis. Todas as crianças têm também direito a alimentação, habitação, recreação e assistência médica.
Princípio 5ºCrianças com deficiência física ou mental devem receber educação e cuidados especiais exigidos pela sua condição particular. Porque elas merecem respeito como qualquer criança.
Princípio 6ºToda a criança deve crescer num ambiente de amor, segurança e compreensão. As crianças devem ser criadas sob o cuidado dos pais, e as mais pequenas jamais deverão separar-se da mãe, a menos que seja necessário (para bem da criança). O governo e a sociedade têm a obrigação de fornecer cuidados especiais para as crianças que não têm família nem dinheiro para viver decentemente.
Princípio 7ºToda a criança tem direito a receber educação primária gratuita, e também de qualidade, para que possa ter oportunidades iguais para desenvolver as suas habilidades.E como brincar também é uma boa maneira de aprender, as crianças também têm todo o direito de brincar e de se divertir!
Princípio 8ºSeja numa emergência ou acidente, ou em qualquer outro caso, a criança deverá ser a primeira a receber protecção e socorro dos adultos.
Princípio 9ºNenhuma criança deverá sofrer por negligência (maus cuidados ou falta deles) dos responsáveis ou do governo, nem por crueldade e exploração. Não será nunca objecto de tráfico (tirada dos pais e vendida e comprada por outras pessoas).Nenhuma criança deverá trabalhar antes da idade mínima, nem deverá ser obrigada a fazer actividades que prejudiquem sua saúde, educação e desenvolvimento.
Princípio 10ºA criança deverá ser protegida contra qualquer tipo de preconceito, seja de raça, religião ou posição social. Toda criança deverá crescer num ambiente de compreensão, tolerância e amizade, de paz e de fraternidade universal.

Se tudo isto for cumprido, no futuro as crianças poderão viver em sociedade como bons adultos e contribuir para que outras crianças também vivam felizes!

DIA de CAMÕES, DIA de PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

10 de Junho
Dia de Camões de Portugal e das Comunidades

Sabias que Luís de Camões morreu neste dia em 1580?
É a razão de este ser o Dia de Portugal, chamado oficialmente Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Este poeta foi uma das pessoas que mais elogiou as aventuras heróicas dos nossos antepassados! Ele próprio era um grande aventureiro!
Sabias que, há bastantes anos, o 10 de Junho era chamado o «Dia da Raça»? «Raça» lusitana, ou seja, todos os que são portugueses, tanto os que estão em Portugal como os que vivem por todo o mundo!
Nessa época falava-se muito de heroísmo e orgulho na nação. Na justa medida, são elementos importantes para manter uma cultura e um sentimento patriótico.
Mas repara: patriotismo não se deve confundir com nacionalismo. Neste último, os sentimentos positivos de pertença a um país (patriotismo) tornam-se negativos e o acha-se que o próprio país é «superior» a todos os outros... Isso pode ser mau.
Bom, e agora outra questão:Sabias que a nossa língua é a 7ª mais falada do mundo? E olha que existem milhares de línguas e dialectos!
Mas não é só Camões que representa o nosso país. Existem outros símbolos que nos representam e que também têm história: - a bandeira nacional;- o hino nacional;- a moeda nacional (até à chegada do euro);- e a língua portuguesa!

As Aventuras de Camões
Pouco se sabe sobre a vida de Camões. Ninguém tem muitas certezas sobre o sítio onde nasceu ou mesmo o ano certo do seu aniversário.
Como não foi reconhecido enquanto era vivo, pouco se conhece sobre ele. Do pouco que se descobriu, uma coisa é certa: foi um grande aventureiro!
Pensa-se que nasceu ou em Lisboa ou em Coimbra entre 1524 e 1525. Não tinha muito dinheiro e por isso viveu com um tio em Coimbra, onde estudou humanidades: a nossa Língua, Literatura e História.
Parece que foi um pequeno poeta na corte de Dom João III, mas era incapaz de estar parado, além de ser um grande namoradeiro! Nenhuma miúda escapava aos seus olhares e «conversa»...
Em 1549 partiu para Ceuta (África) em busca de aventura e juntou-se ao exército na luta contra os Mouros!
Sabias que foi durante uma grande batalha que perdeu o seu olho direito? Por isso o vemos retratado com uma pala, como os piratas...
De volta a Portugal, esteve preso durante um ano (1552) por estar sempre a arranjar confusões e a meter-se em lutas.
Como não conseguia estar parado, no ano seguinte voltou ao serviço militar e embarcou para o Oriente em busca de mais lutas e aventuras.
Esteve em várias expedições de busca e diz-se que em Macau foi provedor de defuntos e ausentes. Um trabalho demasiado parado para si. Depois de ser demitido do cargo embarcou para Goa.
Foi aqui que se deu o episódio mais conhecido da sua vida: um naufrágio que matou toda a tripulação.
Diz a lenda que nesse naufrágio morreu Dinamene, a companheira oriental do poeta, enquanto Camões se salvava a nado juntamente com os manuscritos de "Os Lusíadas".
É essa a imagem que temos dele: a nadar com um braço no ar a segurar "Os Lusíadas", que tinha começado a escrever, e a chegar até uma gruta onde continuou a escrevê-los.
Viveu em Goa até 1557 e nesse ano partiu num navio de volta a Portugal. Fez uma escala em Moçambique onde viveu por alguns anos às custas dos favores de uns poucos amigos.
Naturalmente ia sempre escrevendo e namorando...
Foi encontrado por Diogo do Couto, um admirador, e retornou a Lisboa por volta de 1569. Data dessa época a imagem que hoje temos: um poeta pobre, exilado, saudoso da sua terra.
Dois anos mais tarde publicou "Os Lusíadas", um livro que cantava os feitos dos portugueses, dedicado ao Rei D. Sebastião, que desapareceu em Alcácer Quibir.
Durante 3 anos viveu com uma pensão real no valor de 15 000 réis anuais (= 15 escudos, na moeda de hoje ou 7 cêntimos de €uro).
Depois voltou à miséria e morreu num hospital a 10 de Junho de 1580. Por coincidência nesse mesmo ano, Portugal perde a sua autonomia política em favor da Espanha.
Em carta a Dom Francisco de Almeida, o poeta refere esse momento: "...acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha pátria que não me contentei em morrer nela, mas com ela."

DIA de S. MARTINHO

Dia de S. Martinho

O Dia de S. Martinho comemora-se a 11 de Novembro.Neste dia, no nosso país, assam-se as castanhas e prova-se o vinho novo. A tradição manda que o dia de S. Martinho se festeje com castanhas, água-pé (para os mais crescidos), uma fogueira para saltar (quem quiser) e bom convívio.
Lenda de S. Martinho:
O Dia de S. Martinho faz-nos lembrar a sua lenda. Não a conheces? Ora lê. O "Verão" de S. Martinho também é conhecido por "Verão dos Marmelos".
Magusto: É a festa em que se assam as castanhas (que se recolhem nesta altura) e se convive. Tem a ver com o momento em que, depois da vindimas, nos meses de Setembro e Outubro, o vinho está pronto e se prova.
Dois provérbios: - No dia de S. Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho. ou- No dia de S. Martinho vai à adega e prova o teu vinho. - No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
Assar castanhas: Como se preparam as castanhas para assar?- Molham-se (não tem que ser, mas ajuda a que o sal agarre).- Dá-se um golpe em cada uma (retalhar).- Põe-se sal.- Põe-se um pouco de erva-doce (dá um sabor muito bom).- Põem-se dentro do fogareiro (ou num tabuleiro no forno, ou no calor de uma fogueira). Quanto tempo demoram as castanhas a assar?Um quarto de hora, aproximadamente.
A castanha: A castanha é um fruto que vem de uma árvore: o castanheiro. Um conjunto de castanheiros chama-se souto. No norte de Portugal é que os castanheiros se dão melhor, e é de lá que vêm as castanhas para vender no País todo. A castanha está na árvore protegida por uma bola cheia de picos que se chama "ouriço". Quando chega o Outono, o ouriço abre e deixa cair a castanha no chão. Antes de a batata chegar à Europa e se espalhar por todo o lado (séc. XVII), a castanha era a base da alimentação, especialmente no campo. Pode cozer-se, assar-se, fazer-se em puré, fazer-se sopa com ela, doce, etc.

DIA de REIS

Dia de Reis
O Dia de Reis celebra-se a 6 de Janeiro. Assinala a data em que os três Reis Magos (Gaspar, Belchior - ou Melchior - e Baltasar) foram visitar a dar oferendas ao Menino Jesus.Deram-lhe ouro, incenso e mirra.Em alguns países, especialmente nos países hispânicos, é tradição dar as prendas (de Natal) às crianças neste dia.Em Portugal nesta altura cantam-se as Janeiras, come-se bolo-rei e as crianças representam a história dos Reis Magos.

Os três Reis Magos
Num país distante viviam três homens sábios que estudavam as estrelas e o céu. Um dia viram uma nova estrela muito mais brilhante que as restantes, e souberam que algo especial tinha acontecido. Perceberam que nascera um novo rei e foram até ele. Os três reis magos, Gaspar, Melchior e Baltazar, levavam presentes, e seguiam a estrela que os guiava até que chegaram à cidade de Jerusalém. Aí perguntaram pelo Rei dos Judeus, pois tinham visto a estrela no céu. Quando o rei Herodes soube que estrangeiros procuravam a criança, ficou zangado e com medo. Os romanos tinham-no feito rei a ele, e agora diziam-lhe que outro rei, mais poderoso, tinha nascido? Então, Herodes reuniu-se com os três reis magos e pediu-lhe para lhe dizerem quando encontrassem essa criança, para ele também a ir adorar. Os reis magos concordaram e partiram, seguindo de novo a estrela, até que ela parou e eles souberam que o Rei estava ali. Ao verem Jesus, ajoelharam e ofereceram-lhe o que tinham trazido: ouro, incenso e mirra. A seguir partiram. À noite, quando pararam para dormir, os três reis magos tiveram um sonho. Apareceu-lhe um anjo que os avisou que o rei Herodes planeava matar Jesus. De manhã, carregaram os camelos e já não foram até Jerusalém: regressaram à sua terra por outro caminho. José também teve um sonho. Um anjo disse-lhe que Jesus corria perigo e que ele devia levar Maria e a criança para o Egipto, onde estariam em segurança. José acordou Maria, prepararam tudo e partiram ainda de noite. Quando Herodes soube que fora enganado pelos reis magos, ficou furioso. Tinha medo que este novo rei lhe tomasse o trono. Então, ordenou aos soldados para irem a Belém e matarem todos os meninos com menos de dois anos. Eles assim fizeram. As pessoas não gostavam de Herodes, e ficaram a odiá-lo ainda mais. Maria e José chegaram bem ao Egipto, onde viveram sem problemas.Então, tempos depois, José teve outro sonho: um anjo disse-lhe que Herodes morrera e que agora era altura de regressar com a família a Nazaré à sua casa. Depois da longa viagem de regresso, eles chegaram enfim ao seu lar.

Janeiras
No Natal, os cânticos são uma parte importante das celebrações. Em certas regiões (e países) existe um costume em que grupos de crianças cantam cânticos e canções de Natal de porta em porta, na esperança de que as pessoas ofereçam doces, chocolates, dinheiro, etc.Esses cânticos de Natal de rua têm nomes diferentes e ocorrem em dias diferentes conforme os países:- Na Grécia, no dia 24 de Dezembro, cantam-se as Kalandas.- No Reino Unidos e nos Estados Unidos, no dia 26 de Dezembro cantam-se os Christmas Carols.Em Portugal cantam-se as Janeiras, a 6 de Janeiro, no Dia de Reis e, no mesmo dia, cantam-se em Espanha os Villancicos, geralmente acompanhados por pandeiretas e castanholas.
As Janeiras são uma tradição antiquíssima Formam-se grupos pequenos ou com dezenas de elementos que cantam e animam as localidades, indo de casa em casa ou colocando-se num local central (esta é uma versão mais recente), desejando de uma forma tradicional um bom ano a todos os presentes.Nos grupos de janeireiros, toca-se pandeireta, ferrinhos, tambor, acordeão e viola, por exemplo.Em muitas aldeias esta tradição mantém-se viva, especialmente no Norte de Portugal e nas Beiras: "Nesta altura juntam-se os amigos que vão cantar as janeiras a casa dos vizinhos. Antigamente recebiam filhoses, vinho e outros artigos que as pessoas possuíam" conta António Manuel Pereira, presidente da Federação de Ranchos Folclóricos da Beira Baixa.No entanto, cantar as Janeiras ainda se faz um pouco por todo o País. As pessoas visitadas eram (são) normalmente muito receptivas aos cantores e aos votos que vêm trazer, dando-lhes algo e desejando a todos um bom ano.Mas há sempre alguém mais carrancudo que não recebe bem os janeireiros, então, segundo uma recolha dos alunos da EB1 de Monte Carvalho, em Portalegre, às pessoas que abrem "bem" a porta canta-se assim:
Esta casa é tão altaÉ forrada de papelãoAos senhores que cá moramDeus lhe dê a salvação.E aos que não abrem a porta canta-se uma canção a dizer que os janeireiros estão zangados, porque as pessoas não lhe abrem a porta. É assim:
Esta casa é tão altaÉ forrada de madeiraAos senhores que cá moramDeus lhe dê uma caganeira.Estes alunos referem-nos também que no fim os janeireiros fazem um petisco: bebem vinho e comem os chouriços assados.

Exemplos de Janeiras
Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB1 de Catraia Cimeira (Castelo Branco)
Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar,
Vimos pedir as Janeiras,
Se no-las quiserem dar.

Ano Novo, Ano Novo
Ano Novo, melhor ano,
Vimos cantar as Janeiras,
Como é de lei cada ano.

Vinde-nos dar as Janeiras,
Se no-las houverdes de dar,
Somos romeiros de longe,
Não podemos cá voltar.

Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da Escola EB1 e Jardim de Infância de Ínfias (Fornos de Algodres)
Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos bem sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis.

Nós somos as criancinhas
Que pedimos a cantar
Pedimos as Janeirinhas
E bênção p'ra este lar.

Levante-se daí senhora
Desse banco de cortiça
Venha nos dar as Janeiras
Ou morcela ou chouriça.

Levante-se daí senhora
Desse banquinho de prata
Venha nos dar as Janeiras
Que está um frio que mata.

As Janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Boas festas, boas festas
Está a alba a arruçar
Venha-nos dar as Janeiras
Que temos muito para andar.

Obrigado minha senhora
Pela sua Janeirinha
P' ro ano cá estaremos
Nós e mais as criancinhas.

Quem diremos nós que viva
Na folhinha da giesta
Já lhe cantámos as Janeiras
Acabou a nossa festa.

Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB1 de Moitas
Boas festas, boas festas
Nós aqui as vimos dar
Às senhoras desta casa
Se as quiserem aceitar.

Somos os jovens da Moita
É Natal e agora Reis
Vimos pedir as Janeiras
E as esmolas sim, vós dareis.

O dia está alegre
Não vamos ficar cá fora
Venham-nos dar as Janeiras
Depressa e sem demora.

Ó minha rica senhora
Não tenha vergonha não
Ponha a mão na salgadeira
Puxe lá um chourição.

Ficámos agradecidos
Pela oferta recebida
Que tenham muita saúde
E muitos anos de vida.

Escritores famosos também recolheram quadras de Janeiras, foi o caso de Vitorino Nemésio (1901 - 1978)
Ó de casa, alta nobreza,
Mandai-nos abrir a porta,
Ponde a toalha na mesa
Com caldo quente da horta!

Teni, ferrinhos de prata,
Ao toque desta sanfona!
Trazemos ovos de prata
Fresquinhos, prá vossa dona.

Senhora dona de casa,
À ilharga do seu Joaquim,
Vermelha como uma brasa
E alva como um jasmim!

Vimos honrar a Jesus
Numas palhinhas deitado:
O candeio está sem luz
Numa arribana de gado.

Mas uma estrela dianteira
Arde no céu, que regala!
A palha ficou trigueira,
Os pastorinhos sem fala.

Dá-lhe calorzinho a vaca,
O carvoeiro uma murra,
A velha o que traz na saca,
Seus olho mansos a burra.

Já as janeiras vieram,
Os Reis estão a chegar,
Os anos amadurecem:
Estamos para durar!

Já lá vem Dom Melchior
Sentado no seu camelo
Cantar as loas de cor
Ao cair do caramelo.

O incenso, mirra e oiro,
Que cheirais e luzis tanto,
Não valeis aquele tesoiro
Do nosso Menino santo!

Abride a porta ao peregrino,
Que vem de num longe, à neve,
De ver nascer o Menino
Nas palhinhas do preseve.

Acabou-se esta cantiga,
Vamos agora à chacota:
Já enchemos a barriga,
Sigamos nossa derrota!

Rico vinho, santa broa
Calça o fraco, veste os nus!
Voltaremos a Lisboa
Pró ano, querendo Jesus

Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB23 Marquesa de Alorna, Lisboa
Esta noite é de Janeiras
Esta noite é de Janeiras
É de grande merecimento
Por ser a noite primeira

Em que Deus passou tormentos.
A silva que nasce à porta
Vai beber à cantareira
Levante-se daí, senhora
Venha-nos dar a Janeira.

Levante-se daí, senhora
Do seu tão caro banquinho
Venha-nos dar a Janeira
Em louvor do Deus Menino.

Vinde-nos dar a Janeira
Se no-la houver de dar
Nós somos de muito longe
Não podemos cá voltar.

Dia Mundial da Criança

Dia Mundial da Criança


Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Dia Mundial da Criança não é só uma festa onde as crianças ganham presentes.
É um dia em que se pensa nas centenas de crianças que continuam a sofrer de maus tratos, doenças, fome e discriminações (discriminação significa ser-se posto de lado por ser diferente).
Sabias que o primeiro Dia Mundial da Criança foi em 1950?
Tudo começou logo depois da 2ª Guerra Mundial, em 1945.
Muitos países da Europa, do Médio Oriente e a China entraram em crise, ou seja, não tinham boas condições de vida.
As crianças desses países viviam muito mal porque não havia comida e os pais estavam mais preocupados em voltar à sua vida normal do que com a educação dos filhos. Alguns nem pais tinham!
Como não tinham dinheiro, muitos pais tiravam os filhos da escola e punham-nos a trabalhar, às vezes durante muitas horas e a fazer coisas muito duras.
Sabias que mais de metade das crianças da Europa não sabia ler nem escrever? E também viviam em péssimas condições para a sua saúde.
Em 1946, um grupo de países da ONU (Organização das Nações Unidas) começou a tentar resolver o problema. Foi assim que nasceu a UNICEF.
Mesmo assim, era difícil trabalhar para as crianças, uma vez que nem todos os países do mundo estavam interessados nos direitos da criança.
Foi então que, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo.
Este dia foi comemorado pela primeira vez logo a 1 de Junho desse ano!
Com a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas, reconheceram às crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social o direito a:
- afecto, amor e compreensão;
- alimentação adequada;
- cuidados médicos;
- educação gratuita;
- protecção contra todas as formas de exploração;
- crescer num clima de Paz e Fraternidade universais.
Sabias que em só nove anos depois, em 1959 é que estes direitos das crianças passaram para o papel?
A 20 de Novembro desse ano, várias dezenas de países que fazem parte da ONU aprovaram a "Declaração dos Direitos da Criança".
Trata-se de uma lista de 10 princípios que, se forem cumpridos em todo o lado, podem fazer com que todas crianças do mundo tenham uma vida digna e feliz.
Claro que os Dia Mundial da Criança foi muito importante para os direitos das crianças, mas mesmo assim nem sempre são cumpridos.
Então, quando a "Declaração" fez 30 anos, em 1989, a ONU também aprovou a "Convenção sobre os Direitos da Criança", que é um documento muito completo (e comprido) com um conjunto de leis para protecção dos mais pequenos (tem 54 artigos!).
Clica aqui para os leres. Estão escritos de uma forma mais simples para tu os perceberes melhor.
Esta declaração é tão importante que em 1990 se tornou lei internacional!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

8º 9º ANO:ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA: REVOLUÇÃO AMERICANA

E.U.A.
Descobre como os Estados Unidos da América se transformaram numa potência mundial. Desde a chegada dos primeiros colonos europeus, passando pela Guerra da Independência, até aos conflitos actuais.



Caracterização dos EUA
Os Estados Unidos da América

Os Estados Unidos da América são um país da América do Norte cujo território se estende do oceano Atlântico, no leste, ao oceano Pacífico, no oeste,é limitado a norte pelo Canadá e a sul pelo México, e inclui os estados exteriores do Alasca e do Hawai.
Os Estados Unidos dividem-se em quatro regiões geográfica e economicamente distintas. No leste, onde se situa a costa atlântica e os grandes lagos, o relevo é plano e os solos são ricos em jazidas de ferro e carvão. Nesta região está concentrada a maior parte da população, a indústria siderúrgica e a agricultura altamente especializada, que abastece o restante território. O centro-oeste é formado pelas pradarias da planície central, a maior região agrícola do país. No norte predominam as maiores produções de leite e derivados. No sul predominam as plantações de algodão, cana de açúcar e arroz, e pratica-se pecuária. A região também é rica em recursos minerais (petróleo, cobre, carvão, alumínio e zinco).
Os Estados Unidos têm ainda dois territórios extra-metropolitanos: o Alasca, no noroeste, e o Havai, um arquipélago no Pacífico.
Área geográfica total – 9 629 091 km2.
Costa marítima – 19 924 km.
População – 275 562 673 habitantes (dados de 2000).
Tipo de governo – República Federal.
Moeda – Dólar americano (1 dólar = 100 cêntimos).
Clima – geralmente temperado, com variantes; clima subtropical no sul, clima mediterrânico no sul da Califórnia. Verões quentes e Invernos frios, principalmente no norte. As temperaturas médias em Washington variam entre –3 ºC e 6 ºC em Janeiro e 20 ºC e 31 ºC em Julho.
Capital – Washington D.C.
Divisão Administrativa - 50 estados e 1 distrito: Alabama, Alaska, Arizona, Arkansas, Califórnia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Colorado, Connecticut, Dakota do Norte, Delaware, Distrito de Colúmbia, Florida, Georgia, Havai, Idaho, Illinois, Indiana, Iowa, Kansas, Kentucky, Louisiana, Maine, Maryland, Massachusetts, Michigan, Minnesota, Mississippi, Missouri, Montana, Nebraska, Nevada, New Hampshire, Nova Iorque, Nova Jersey, Novo México, Ohio, Oklahoma, Oregon, Pensilvânia, Rhode Island, Dakota do Sul, Tennessee, Texas, Utah, Vermont, Virgínia, Virgínia Ocidental, Washington, Wisconsin e Wyoming.
Religiões - Protestantismo (56%), Catolicismo (28%), Judaísmo (2%), outras (4%), nenhuma (10%) (dados de 1989).
Línguas – Inglês (língua oficial) e espanhol (devido à grande quantidade de imigrantes oriundos da América Latina).
Produção – cereais, soja, algodão, tabaco, batata, citrinos, cana-de-açúcar, sementes de oleaginosas, madeira, gado, produtos hortícolas, peixe, carvão, petróleo, gás natural, ferro, cobre, zinco, chumbo, alumínio, prata, molibdénio.Actividades económicas – Ferro e aço, produtos químicos, automóveis, aeronáutica, telecomunicações, hardware, têxteis, silvicultura, papel e pasta de papel, indústria extractiva, pescas.
Data da independência – 4 de Julho de 1776.
Bandeira – Treze riscas horizontais vermelhas (de cima a baixo) que alternam com riscas brancas. No canto superior esquerdo, um rectângulo de fundo azul apresenta cinquenta estrelas brancas de cinco pontas. As 50 estrelas representam os 50 estados, as 13 riscas representam as 13 colónias originais.
Fonte: Enciclopédia Universal, Texto Editora

O sistema político

Os Estados Unidos da América são uma República Federal que compreende 50 estados e o distrito de Colúmbia. Segundo a Constituição de 1787, que teve 26 emendas, aos estados componentes estão atribuídos poderes consideráveis de autonomia. O Governo Federal concentrou-se a princípio nas questões militares e de relações exteriores, bem como nos assuntos de coordenação interestadual, deixando a legislação noutras esferas para os estados, cada um dos quais com a sua própria Constituição, Assembleia Legislativa eleita, governador, supremo tribunal e poderes de fiscalidade locais. No entanto, desde a década de 1930, o Governo Federal tem-se tornado cada vez mais activo e, por isso, tem vindo a intervir em assuntos anteriormente de âmbito estatal. Tornou-se a principal instituição de produção e consumo de dinheiros públicos. Este activismo foi criticado durante a década de 1980 e as administrações republicanas manifestaram um desejo de inverter o processo. Os poderes executivo, legislativo e judicial do Governo Federal estão intencionalmente separados uns dos outros, funcionando num sistema de verificações e balanços. À frente do poder executivo está um presidente eleito por um mandato de quatro anos num escrutínio nacional por sufrágio universal, mas os votos são contados ao nível de cada Estado, numa base de vencedor absoluto, sendo atribuídos a cada Estado (e ao Distrito de Colúmbia) votos (equivalentes ao número dos seus representantes no Congresso) num colégio eleitoral que formalmente elege o presidente. O Presidente exerce o cargo de chefe de Estado, das forças armadas e da administração pública federal. Está limitado a um máximo de dois mandatos e, uma vez eleito, não pode ser destituído, a não ser por impedimento e subsequente condenação pelo Congresso. O Presidente trabalha com uma equipa governamental pessoalmente escolhida (nomeada), sujeita à aprovação do Senado, cujos membros estão proibidos de pertencer ao poder legislativo. O segundo poder de governo, o Congresso, a legislatura federal, compreende duas câmaras, o Senado com 100 membros e a Câmara dos Representantes com 435. Os senadores exercem o cargo por mandatos de seis anos e existem dois por cada Estado, independentemente do seu tamanho e população. De dois em dois anos, um terço dos lugares é disputado através de eleições. Os representantes são eleitos a partir dos distritos eleitorais dos estados, com aproximadamente o mesmo tamanho demográfico, e exercem mandatos de dois anos. O Congresso actua através de um sistema de comissões permanentes especializadas em ambas as câmaras. O Senado é a Câmara mais poderosa do Congresso, uma vez que é requerida a sua aprovação para nomeações federais importantes e para a ratificação de tratados internacionais. O programa político do presidente necessita da aprovação do Congresso, dirigindo-se o Presidente ao Congresso em Janeiro para um discurso anual do estado da união, além de enviar mensagens e recomendações periódicas. O facto de um presidente conseguir levar a cabo o seu programa de base depende do apoio da votação no Congresso, ajustando competências e apoio público. A legislação proposta para se tornar lei (um decreto do Congresso) requer a aprovação de ambas as câmaras do Congresso, bem como a assinatura do Presidente. Se existirem diferenças, são convocadas comissões de conferência para efectuarem acordos de compromisso. O Presidente pode impor um veto, o qual só pode ser ultrapassado por uma maioria de dois terços em ambas as câmaras. As emendas constitucionais requerem maiorias de dois terços em ambas as câmaras e o apoio de três quartos das assembleias legislativas dos 50 estados da nação. O terceiro poder de governo, o judiciário, encabeçado pelo Supremo Tribunal, interpreta a Constituição escrita dos EUA. A sua função é assegurar que é mantido um equilíbrio correcto entre as instituições federais e as estaduais, e entre os poderes executivo e legislativo, além de confirmar a Constituição, especialmente os direitos civis descritos nas primeiras dez (a declaração dos direitos) e nas últimas emendas. O Supremo Tribunal compreende nove juizes indicados pelo presidente, com a aprovação do Senado, que exercem o cargo vitaliciamente e que apenas podem ser destituídos por impedimento, julgamento e condenação pelo Congresso. Os EUA administram um grande número de territórios, incluindo a Samoa Americana e as Ilhas Virgens Americanas, os quais possuem assembleias legislativas locais e um governador. Estes territórios, bem como os territórios autónomos de Porto Rico e Guam, enviam cada um deles um delegado sem direito de voto à Câmara dos Representantes dos EUA. O Distrito de Colúmbia, centrado em torno da cidade de Washington D.C., é a sede dos poderes federais: legislativo, judicial e executivo. Desde 1971 tem enviado um delegado sem direito de voto à Câmara dos Representantes e, a partir de 1961, os seus cidadãos têm podido votar nas eleições presidenciais (tendo o distrito direito a três votos no colégio eleitoral nacional).
In Enciclopédia Universal, Texto Editora (Adaptado)
Cronologia dos Presidentes Americanos
1789-1797:Presidente: George WashingtonVice-Presidente: John Adams
1797-1801:Presidente: John AdamsVice-Presidente: Thomas JeffersonPartido Político: Federalista
1801-1809:Presidente: Thomas JeffersonVice-Presidentes: Aaron Burr (1801-1805) e George Clinton (1805-1809)Partido Político: Democrata-Republicano
1809-1817:Presidente: James MadisonVice-Presidentes: George Clinton (1809-1812) e Elbridge Gerry (1813-1814)Partido Politico: Democrata-Republicano
1817-1825:Presidente: James MonroeVice-Presidente: Daniel D. TompkinsPartido Político: Democrata-Republicano
1825-1829:Presidente: John Quincy AdamsVice-Presidente: John C. CalhounPartido Político: Democrata-Republicano
1829-1837:Presidente: Andrew JacksonVice-Presidentes: John C. Calhoun (1829-1832) e Martin Van Buren (1833-1837)Partido Político: Democrata
1837-1841:Presidente: Martin Van BurenVice-Presidente: Richard M. JohnsonPartido Político: Democrata1841:Presidente: William Henry HarrisonVice-Presidente: John TylerPartido Político: Whig
1841-1845:Presidente: John TylerPartido Político: Whig
1845-1849:Presidente: James Knox PolkVice-Presidente: George M. DallasPartido Político: Democrata
1849-1850:Presidente: Zachary TaylorVice-Presidente: Millard FillmorePartido Político: Whig
1850-1853:Presidente: Millard FillmorePartido Político: Whig
1853-1857:Presidente: Franklin PierceVice-Presidente: William R. King (1853)Partido Político: Democrata
1857-1861:Presidente: James BuchananVice-Presidente: John C. BreckinridgePartido Político: Democrata
1861-1865:Presidente: Abraham LincolnVice-Presidentes: Hannibal Hamlin (1861-1865) e Andrew Johnson (1865)Partido Político: Republicano
1865-1869:Presidente: Andrew JohnsonPartido Político: Democrata/União Nacional
1869-1877:Presidente: Ulysses Simpson GrantVice-Presidentes: Schuyler Colfax (1869-1873) e Henry Wilson (1873-1875)Partido Político: Republicano
1877-1881:Presidente: Rutherford Birchard HayesVice-Presidente: William A. WheelerPartido Político: Republicano
1881:Presidente: James Abram GarfieldVice-Presidente: Chester A. ArthurPartido Político: Republicano
1881-1885:Presidente: Chester Alan ArthurPartido Político: Republicano
1885-1889:Presidente: Grover ClevelandVice-Presidente: Thomas A. HendricksPartido Político: Democrata
1889-1893:Presidente: Benjamin HarrisonVice-Presidente: Levi P. MortonPartido Político: Republicano
1893-1897:Presidente: Grover ClevelandVice-Presidente: Adlai E. StevensonPartido Político: Democrata1897-1901:Presidente: William McKinleyVice-Presidentes: Garret A. Hobart (1897-1899) e Theodore Roosevelt (1901)Partido Político: Republicano
1901-1909:Presidente: Theodore RooseveltVice-Presidente: Charles W. Fairbanks (1905-1909)Partido Político: Republicano
1909-1913:Presidente: William Howard TaftVice-Presidente: James S. Sherman (1909-1912)Partido Político: Republicano
1913-1921:Presidente: Woodrow WilsonVice-Presidente: Thomas R. MarshallPartido Político: Democrata
1921-1923:Presidente: Warren Gamaliel HardingVice-Presidente: Calvin CoolidgePartido Político: Republicano
1923-1929:Presidente: Calvin CoolidgeVice-Presidente: Charles G. Dawes (1925-1929)Partido Político: Republicano
1929-1933:Presidente: Herbert Clark HooverVice-Presidente: Charles CurtisPartido Político: Republicano
1933-1945:Presidente: Franklin Delano RooseveltVice-Presidentes: John N. Garner (1933-1941), Henry A. Wallace (1941-1945) e Harry S. Truman (1945)Partido Político: Democrata
1945-1953:Presidente: Harry S. TrumanVice-Presidente: Alben W. Barkley (1949-1953)Partido Político: Democrata
1953-1961:Presidente: Dwight David EisenhowerVice-Presidente: Richard M. NixonPartido Político: Republicano
1961-1963:Presidente: John Fitzgerald KennedyVice-Presidente: Lyndon B. JohnsonPartido Político: Democrata
1963-1969:Presidente: Lyndon Baines JohnsonVice-Presidente: Hubert H. Humphrey (1965-1969)Partido Político: Democrata
1969-1974:Presidente: Richard Milhous NixonVice-Presidentes: Spiro T. Agnew (1969-1973) e Gerald R. Ford (1973-1974)Partido Político: Republicano
1974-1977:Presidente: Gerald Rudolph FordVice-Presidente: Nelson A. Rockefeller (1974-1977)Partido Político: Republicano
1977-1981:Presidente: Jimmy CarterVice-Presidente: Walter F. MondalePartido Político: Democrata
1981-1989:Presidente: Ronald Wilson ReaganVice-Presidente: George H. W. BushPartido Político: Republicano
1989-1993:Presidente: George Herbert Walker BushVice-Presidente: J. Danforth QuaylePartido Político: Republicano
1993-2001:Presidente: Bill ClintonVice-Presidente: Albert Gore, Jr.Partido Político: Democrata
2001-Presidente: George Walker BushVice-Presidente: Richard (Dick) CheneyPartido Político: Republicano

terça-feira, 20 de maio de 2008

7º ANO: JOGOS OLÍMPICOS: ANTIGA GRÉCIA

JOGOS OLÍMPICOS NA ANTIGUIDADE
Jogos Olímpicos na Grécia Antiga
Os jogos mais famosos e apreciados no mundo grego eram os patrocinados pelo Templo de Zeus, que se realizavam de 4 em 4 anos em Olímpia. No seu estádio decorriam as competições atléticas, como corridas, boxe, luta e pentatlo.
Aqueles que se comprometiam a participar nos jogos eram obrigados a preparar-se durante dez meses e deveriam chegar a Olímpia com um mês de antecedência para completar os treinos. Com os atletas chegavam mercadores e peregrinos que se hospedavam ou acampavam na cidade. Assistiam às solenes cerimónias religiosas e participavam nas distracções religiosas que ali se organizavam. Todas as provas tinham um carácter estritamente individual: conduziam à glorificação do atleta que se tivesse revelado o melhor. É um facto assinalar o de que os gregos nunca introduziram nos jogos competições colectivas.


Os jogos olímpicos , na Antiguidade Clássica, incluíam uma enorme variedade de eventos desportivos. Muitos destes são os antecessores dos jogos olímpicos modernos . Os jogos olímpicos da Antiguidade, eram os seguintes:
- Box
- Luta Livre ( os combates são brutais e não se tomam precauções para evitar os ferimentos)
- Lançamento de Disco ( de pedra polida ou metal)
- Remo
- Pentatlo (compreende cinco provas: dardo, disco, salto em comprimento, luta e corrida)
- Salto
- Corrida ( os concorrentes, sem sapatos e com o corpo untado, tomam lugar numa linha de partida de pedra
- Pankration (luta similar ao boxe, são permitidos todos os golpes, incluindo o estrangulamento)
- Corridas Equestres (nestas corridas não há obstáculos, o cavaleiro apeia-se e conduz o cavalo à meta)
- Corrida de mensageiros e Trompeteiros.
O FIM DOS JOGOSNo ano 391 da nossa era, o imperador romano Teodósio I, proibiu por decreto todos os cultos pagãos que incluiam jogos olímpicos, o que significava o fim provisório do movimento olímpico.
Em 426, o imperador romano Teodósio II, mandou queimar o Templo de Zeus e mais alguns edifícios. Pode ter sido este o último ano em que os Jogos Olímpicos da Antiguidade se realizaram.
O fim dos jogos olímpicos foi várias vezes vaticinado, perante crises políticas, no entanto a ideia olímpica resistiu às duas guerras mundiais, bem como às épocas de transformações, a golpes de estado e a revoluções - evidentemente, quase sempre sob diferentes condições exteriores e considerações políticas.

9º ANO: BANDEIRA OLÍMPICA

Bandeira Olímpica
A primeira e mais bem conhecida bandeira usada em desportos é a Bandeira Olímpica.

Historia
A bandeira foi criada em 1913 pelo Barão Pierre de Coubertin. Foi apresentada ao congresso olímpico de 1914 em Alexandria (Grécia). Estreou nos Jogos Olímpicos da Antuérpia em 1920. Esta bandeira foi aposentada em 1984, depois dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Para Olimpíadas de Seul foi confeccionada uma nova bandeira. A bandeira fica guardada no corredor da cidade anfitriã ate os próximos jogos olímpicos.

Desenho
Fundo branco puro sem nenhuma borda. Cinco Argolas entrelaçadas, 3 em cima e 2 em baixo. As argolas possuem as cores azul, preta e vermelha (em cima) e amarela e verde (em baixo).

Simbologia

O fundo branco significa paz e amizade entre as nações competidoras e os anéis representam os cinco continentes, denotando o caráter global do Movimento Olímpico. As Cores das argolas deveriam representar os cinco continentes: Preto – África, Verde – Oceania, Azul – Europa, Vermelho – América, Amarelo – Ásia. No entanto, esta simbologia não foi confirmada como sendo intencional.

7º ANO: JOGOS OLÍMPICOS: ANTIGA GRÉCIA

Jogos OlímpicosFique a conhecer as origens dos Jogos Olímpicos e como evoluíram até ao evento que hoje conhecemos. A sua história, os jogos da era moderna e os jogos paraolímpicos.





As origens e o espírito dos Jogos Olímpicos.
A história dos Jogos Olímpicos tal como hoje os conhecemos é longa e remonta à Antiguidade. Os governantes das cidades gregas organizavam festas cívicas e religiosas, normalmente de quatro em quatro anos (uma olimpíada) em homenagem aos que tivessem sido mortos durante esse período. Para dar início a esta cerimónia, que decorria sempre em noites de lua cheia, sacerdotisas acendiam uma chama no altar à deusa Hera (irmã de Zeus e filha de Rhea). Os homens competiam numa corrida a pé (aulus) pelo privilégio de a sua cidade transportar a tocha com a chama até o altar. Cada cidade-estado (na altura a Grécia ainda não era um estado, mas um conjunto de cidades-estado com comunidades independentes a nível político e económico) organizava as suas cerimónias e competições. Por exemplo, em Corinto, decorriam os Jogos Ístmicos (no segundo e quarto ano de cada olímpiada, a partir de 581 a.C.) em homenagem ao deus das águas, Poseidon, enquanto que, em Delfos, se realizavam os Jogos Píticos (desde 582 a.C., de quatro em quatro anos, desencontrados do Jogos Olímpicos), honrando o deus da beleza e do Sol, Apolo. Celebrados em Nemeia, em honra de Zeus, os Jogos Nemeus decorriam no segundo e quarto ano de cada olímpiada (desde 573 a.C.). Destacavam-se pela sua grandiosidade as cerimónias em Olímpia (localizada na parte ocidental do Peloponeso) em honra a Zeus Olímpico, datadas pelos Gregos em 776 a.C.. Segundo a tradição os Jogos Olímpicos teriam sido fundados por Hércules, honrando Pelops como o primeiro herói do evento. Os jogos Pan-helénicos (Píticos, Olímpicos, Ístmicos e Nemeus), que nunca decorriam no mesmo ano, denominavam-se assim por estarem abertos a todos os Gregos. O movimento originado pela dimensão das cerimónias em Olímpia, de quatro em quatro anos, provocou o reaparecimento de antigas divergências entre as cidades-estado. De forma a evitar os confrontos, os sábios da cidade instituíram disputas que decorriam em paralelo com as cerimónias de carácter religioso. Desta forma, as zangas eram esquecidas, pelo que os Jogos Olímpicos se tornaram conhecidos como os Jogos da Paz. A importância adquirida pelos jogos foi tal que se estabeleceu um calendário geral, no qual se contava por olimpíadas e que se sobrepôs aos calendários locais. No século IX a.C. os reis de Esparta, Pisa, e Ilía consagraram, em Olímpia, um tratado de paz, o Ekeheiria (Trégua Sagrada), que tinha sido firmado anteriormente. Foram gravadas num disco de pedra, com as assinaturas dos reis, as regras básicas do acordo estabelecido. De acordo com a tradição deste tratado, durante o período tréguas, os atletas, artistas e as suas famílias, assim como os peregrinos podiam viajar em completa segurança para participar ou assistir aos jogos e depois regressar também em segurança. O clima de paz era essencial para a realização dos jogos. À medida que se aproximava a abertura do evento, os cidadãos de Elis proclamavam pela Grécia o período de armistício. Depois do anúncio os atletas e os seus treinadores partiam para os jogos. Ao chegar a Elis treinavam durante um mês no ginásio da cidade, na última etapa de qualificação para os Jogos. Os seleccionados partiam para Olímpia e aí prometiam participar na competição de forma honrosa e de acordo com a regras estabelecidas. Os atletas que não as cumprissem eram obrigados a pagar multas. Com este dinheiro eram erigidas estátuas de Zeus que eram colocadas, com o nome do atleta inscrito na base, ao longo da caminho até ao estádio, para lembrar o exemplo a não seguir.
Com a crescente participação de atletas oriundos de colónias gregas, da África e das costas do mar Mediterrâneo, os jogos passaram a contar com uma programação e também com conceitos mais rigorosos. Iniciavam-se com uma cerimónia de abertura, com o juramento de lealdade dos atletas sobre o sangue do sacrifício de animais. Nos dias seguintes realizavam-se 14 competições, entre provas de carros de mulas e cavalos de sela, corrida no estádio, corrida revestido de armas, pugilato, pancrácio (uma combinação entre luta e pugilato), pentatlo e a prova mais nobre, a corrida de cavalos. Entre as provas de corrida incluía-se o diaulus - com duas voltas na pista do estádio - e o dolichus (entre 7 a 24 voltas, numa prova de resistência). O pentatlo integrava uma prova corrida de velocidade, de arremesso de dardo, outra de arremesso de disco, uma prova de salto em comprimento e uma de luta. As provas de corrida decorriam no terceiro dia e, no quarto dia, as lutas livres ou com punho. Por último, organizava-se um banquete, no quinto dia, para a distribuição dos prémios. Logo depois da prova, após o anúncio do vencedor pelo arauto, um juiz grego, Hellanodikis, entregava-lhe uma folha de palmeira, que simbolizava um ceptro. Também como símbolo da vitória, à volta da cabeça e nas mãos, eram-lhe colocadas faixas vermelhas. A cerimónia oficial tinha lugar no último dia dos jogos no templo de Zeus. Em voz alta, o arauto proclamava o nome do vencedor olímpico, o nome de seu pai e o da sua terra de origem. Um juiz grego coroava então o vencedor com os ramos trançados de oliveira, que eram colhidos próximo do templo de Zeus. (Os gregos estabeleciam uma analogia entre o crescimento das árvores e o do corpo humano.) Mais tarde os atletas profissionalizados vencedores passariam também a receber dinheiro, o que veio a contribuir para a desvirtuação e declínio do espírito dos jogos. No regresso às suas cidades, os vencedores recebiam honrarias e erigia-se uma estátua em sua homenagem. Em Atenas era aberta uma brecha nas muralhas da cidade para o vencedor poder entrar. Os Hellanodikai, que superintendiam a organização dos jogos, eram escolhidos entre as melhores famílias da Élide e, para além de presidirem ao banquete final e coroarem os vencedores, recebiam ainda no primeiro dia o juramento de lealdade dos participantes. Anteriormente, os sábios de Olímpia instituíram, o triastes, uma prova que tinha como finalidade determinar o melhor dos melhores dos atletas, a soma do aulus, do diaulus e do dolichus. Leônidas de Rodes, foi o vencedor durante doze anos seguidos desta prova. As regras não impunham elevados padrões desportivos uma vez que o ideal grego se centrava acima de tudo no treino e aperfeiçoamento físico e militar. A beleza do corpo era considerada um reflexo da beleza interior; para os Gregos a prática do desporto ajudava a encontrar a harmonia entre a mente e o corpo. O evento pretendia mostrar as qualidades físicas dos participantes e a evolução das suas performances, encorajando e motivando as boas relações entre as cidades. A pureza e importância atribuída aos jogos advinha da celebração religiosa que lhe estava associada de origem, de acordo com os especialistas. Já na Antiguidade se reconhecia e valorizava a importância destes jogos e, em particular, do espírito olímpico para os forte vínculos de união entre os Helenos. A popularidade dos jogos foi crescendo de tal forma que em 632 a. C., já integravam vinte modalidades. Sólon ofereceu a cada campeão mil dracmas em moedas, em 592 a.C.. No ano de 444 a.C., foi integrado nos jogos um departamento artístico. Aqui eram atribuídos prémios destinados à escultura, à filosofia e à pintura. As arquibancadas do estádio de Olímpia (com formato em “U”) e o estádio, onde se localizava o hipódromo, poderiam acolher uma assistência de milhares de pessoas. Estima-se que os Jogos Olímpicos contassem com a presença de cerca de 40.000 pessoas entre atletas, espectadores e comerciantes. Inicialmente, eram estritamente masculinos e as mulheres competiam num outro evento, a Heraea, que tinha lugar na cidade de Argos, a meio de cada intervalo de quatro anos. Só podiam participar os cidadãos livres. Os escravos e aqueles que tinham referências negativas no seu currículo viam vedada a sua participação nos jogos. Quanto à assistência, eram banidas as mulheres casadas. Homens livres, escravos e jovens raparigas podiam fazer parte da multidão de espectadores que assistia aos jogos.
Com a perda da independência da Grécia, devido à invasão de Roma, os Jogos da Paz acabaram por sofrer a influência negativa da discórdia e da corrupção. Os Romanos estimulavam os seus jovens a desafiar os helénicos, profissionalizaram os seus atletas e, se se deparavam com dificuldades em superar as competições, tentavam subornar os seus adversários. Após ter ameaçado os seus oponentes, Nero, em 67 a. C., venceu o prémio da corrida de charrete puxada por quatro cavalos (quadriga). Tentou ainda reclamar um outro prémio, em mais um episódio que contribuiu para que os jogos acabassem por perder a sua essência ética e moral. Assim, contribuíram fortemente para o desaparecimento dos jogos, a profissionalização dos atletas (cuja principal motivação passou a ser a colecção de vitórias participando em várias competições; não só nos jogos Pan-helénicos mas também em outras locais); a participação de Romanos, que pretendiam acima de tudo agradar aos espectadores e o paganismo dos jogos. Com o nascimento do Cristianismo, a crença num único deus e a conversão dos imperadores a esta religião fizeram com que os jogos não mais pudessem ser tolerados. Após a proibição de cultos pagãos pelo imperador Teodósio I, que se convertera ao Cristianismo, os Jogos Olímpicos ficaram seriamente ameaçados, sendo que a derradeira foi realizada em 394. Em 390 milhares de Helénicos foram mortos pelos Romanos, com autorização do imperador de Roma, Teodósio I. Em Tessalónica tinha ocorrido uma celebração circense, uma festa pagã, durante a qual foi permitida toda a libertinagem. Os Romanos, provocados pelos Gregos, incendiaram casas e espancaram a população. Os Godos de Alarico devastaram Olímpia, em 288. Os bárbaros do centro-leste da Europa invadiram Roma e suas províncias da Grécia mais de um século depois e sequestraram a estátua de Zeus (ainda adorado em Olímpia), uma das sete maravilhas do mundo antigo. Olímpia ficou esquecida por muitos anos, após o terramoto (no século VI) que assolou uma parte da cidade e o estádio. Uma inundação veio atolar as ruínas do terramoto escondendo-as sobre a terra.
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna
Os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna tiveram lugar em Atenas, no ano de 1896. O renascer os jogos atraiu atletas de catorze nações com as maiores comitivas a virem da Grécia, Alemanha e França. No dia 6 de Abril de 1896, ao vencer o triplo salto em comprimento, o americano James Connolly tornou-se no primeiro atleta olímpico após um lapso de mais de 1500 anos. Os habitantes de Atenas receberam os jogos com um grande emoção e apoio, recompensado quando o grego Spiridon Louis (pastor de ovelhas) venceu a maratona. Este jogos realizaram-se em Atenas, em homenagem à pátria de origem, numa retoma do ideal olímpico, fruto das iniciativas de Pierre de Fredy, barão de Coubertain. Anteriormente, o alemão J. J. Wincklemann, em 1870, iniciara várias escavações extensas na Grécia. Depois de, em 1871, se detectarem indícios da existência de Tróia, em 1875, com o apoio financeiro de William Chandler (antiquário e colecionador), foram encontradas as ruínas de Olímpia.
Pierre de Fredi, Barão de Coubertin
Pierre de Fredy (nascido em Paris, em 1863), barão de Coubertain e pedagogo do desporto, motivado pela frase "O importante não é vencer, mas competir, e competir com dignidade", encetou o estudo das histórias dos jogos, crendo que uma versão moderna dos Jogos impediria a Europa de entrar em guerra. Para o trabalho de Pierre de Fredy, essencial para o ressurgimento das Olimpíadas, foi importante a influência Thomas Arnold, director de um colégio de raguebi inglês. Neste estabelecimento de ensino o desporto servia para promover a educação moral dos estudantes. Coubertin assistiu aos Jogos Pan-Helênicos, comissionado pelo governo francês, ficando motivado com possibilidade de se voltaram a organizar os Jogos Olímpicos. Apesar das incursões aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à Prússia, para divulgar a sua intenção não terem tido sucesso, Coubertin não desistiu. Em 1894, conseguiu realizar, em Paris, na Universidade de Sorbonne, um congresso internacional, uma pré-convenção olímpica. Neste encontro com setenta e nove delegados oficiais de treze nações e vinte e um representantes informais de outros países, conseguiu um compromisso formal. De acordo com este compromisso seriam realizadas competições desportivas de quatro em quatro anos, convidando todas as nações a participar no evento. Ficou também estabelecida a data e o local daqueles que viram a ser os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, os jogos de 1896, a decorrer durante a Primavera na Europa, em Abril, na cidade de Atenas. Henri Didon padre jesuíta amigo de Coubertin, emprestou-lhe o lema, que iria dar o mote aos jogos: "Citius, Altius, Fortius" - "Cada vez mais longe, cada vez mais alto e cada vez mais forte". Entre os livros que publicou contam-se quarenta e um sobre técnica e pedagogia, tendo dedicado não só parte da sua vida, como da sua fortuna pessoal, à renovação do Olimpismo e à reorganização dos Jogos Olímpicos. Ainda em 1894 foi criado o Comité Olímpico Internacional, visando a organização de uma nova edição dos jogos, de quatro em quatro anos, promovendo, desta forma, a união entre os países. Coubertin foi presidente do Comité Olímpico Internacional entre 1896 e 1925 e manifestou-se contra a participação feminina nos jogos. Só nos Jogos de Estocolmo a participação das mulheres foi oficialmente admitida. O Comité Olímpico de Portugal, fundado em 1909, é um dos mais antigos do mundo, tendo sido o décimo terceiro a filiar-se no Comité Olímpico Internacional. Portugal emocionou-se com as vitórias de Rosa Mota em atletismo - Medalha de Bronze na Maratona de Los Angeles (1984) e Medalha de Ouro na Maratona de Seoul (1988) - e de Carlos Lopes na Maratona de Los Angeles (1984). Destacaram-se também, entre outras, as participações de Fernanda Ribeiro nas provas de atletismo de 10.000 m, ganhando a Medalha de Ouro em Atlanta (1996) e a Medalha de Bronze, em Sydney (2000) e Nuno Delgado, Medalha de Bronze, na categoria “81 Kg” de Judo, em Sydney (2000). Desde 1896, os jogos têm decorrido de quatro em quatro anos, com três interrupções devido às Guerras Mundiais (1916, 1940 e 1944). Em 2004, os Jogos Olímpicos retornam mais uma vez às suas origens. Atenas acolhe em 2004, a XXVIII Olimpíada da era moderna, tendo a cidade sido eleita em 1997 entre um total de cinco cidades finalistas que se candidataram a organizar estes Jogos (para além de Atenas, candidataram-se Buenos Aires, Cidade do Cabo, Roma e Estocolmo). A cerimónia de abertura terá lugar a 13 de Agosto de 2004, iniciando o evento que se prolongará por dezasseis dias, promovendo-se sobretudo nesta competição pacífica o espírito olímpico e a performance dos atletas. Em 2006, os XX Jogos de Inverno terão lugar em Turim. Os XXIX Jogos Olímpicos terão lugar em Pequim, em 2008, e, em 2010, Vancouver acolherá os XXI Jogos Olímpicos de Inverno.
Os Jogos Olímpicos da era moderna são os seguintes:

Jogos de Verão

Jogos de Inverno
Os Jogos Paraolímpicos
Em 1948, Sir Ludwig Guttmann organizou uma competição desportiva com veteranos da Segunda Guerra Mundial que tinham sofrido ferimentos na coluna vertebral. Quatro anos após este evento, juntaram-se a este jogos participantes da Holanda, tendo assim nascido o movimento internacional denominado Paralímpico.Os Jogos Olímpicos para atletas com deficiência foram organizados pela primeira vez em 1960. Em 1976, em Toronto, participaram atletas com outras deficiências surgindo a ideia de organizar uma competição internacional desportiva. Ainda em 1976 tiveram lugar, na Suécia, os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno. O movimento Paralímpico tem registado um grande crescimento, desde quatrocentos atletas em Roma para três mil oitocentos e quarenta e três, em Sydney, onde se juntou um número recorde de 122 países e 123 delegações incluindo atletas independentes que vieram de Timor Leste. Estes jogos de Sydney foram os maiores Paraolímpicos realizados. Os Jogos Paraolímpicos têm decorrido no mesmo ano dos Jogos Olímpicos. Desde 1988, nos Jogos de Verão e em 1992, em Albertville, nos Jogos de Inverno, têm tido decorrido nos mesmos locais que os Jogos Olímpicos. Em 2001 foi assinado um acordo entre o Comité Internacional Olímpico e o Comité Internacional Paraolímpico de forma a assegurar a realização dos Jogos Paraolímpicos. O documento assinado reafirma que, a partir de 2008, os Jogos Paraolímpicos terão lugar pouco tempo depois dos Jogos Olímpicos, utilizando as mesmas instalações. Depois dos jogos de 2002, que tiveram lugar em Salt Lake City, um comité da organização é responsável tanto pelo acolhimento dos Jogos Olímpicos como dos Paralímpicos. Os serviços de alimentação, transporte, bem como os serviços médicos e as instalações, foram comuns aos participantes dos dois jogos. Após os jogos de Atenas, em 2004, a chama paralímpica será acesa pela décima vez na história, em Pequim, nos Jogos Paralímpicos de 2008.
Bibliografia
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vols. 6 e 11, Editorial Verbo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

7º ANO: BIOGRAFIA "CONFÚCIO" : CHINA

Confucionismo
Fundado na China no séc. VI a.C., o Confucionismo divide opiniões quanto ao seu carácter religioso ou filosófico. Fique a saber tudo sobre a doutrina e o homem que a fundou.
Confúcio
Confúcio: A Vida
O principal expoente desta religião foi K’ung-tze, ou K’ung-fu-tze, latinizado pelos antigos missionários jesuítas para Confúcio.
Confúcio nasceu em 551 a. C., no que era então o estado feudal de Lu, agora incluído na moderna província de Xantungue. Os seus pais, embora não abastados, pertenciam à classe alta. O pai era um guerreiro, distinguido tanto pelos feitos valorosos como pela sua ascendência nobre.
Confúcio era apenas um rapaz quando o pai morreu. Desde a infância que demonstrava uma grande aptidão para os estudos e, embora tivesse tido que trabalhar ainda criança para se sustentar a si e à mãe, conseguiu arranjar tempo para prosseguir os seus estudos preferidos. Fez tais progressos que, com 22 anos abriu uma escola à qual muitas pessoas acorreram devido à fama dos seus ensinamentos.
Casou aos 19 anos, trabalhou como funcionário administrativo e posteriormente como professor. Uma sublevação em Lu, em 517, obrigou Confúcio a refugiar-se no estado vizinho de Ch´I pelo período de um ou dois anos. Enquanto professor, Confúcio conseguiu que a maioria dos seus alunos fosse colocada em cargos governamentais de destaque, sem nunca conseguir para si uma posição do poder. Só aos cinquenta anos lhe foi dado um cargo, do qual se demitiu pouco tempo depois, pela falta de poder que lhe estava adstrito.
Sob a sua sábia administração, o Estado alcançou um grau de prosperidade e ordem moral nunca antes visto. Mas, devido às intrigas dos estados rivais, o Marquês de Lu foi levado a trocar a preservação do bom governo pelos prazeres ignóbeis. Confúcio ainda tentou demover o Marquês, mas em vão. Assim, Confúcio demitiu-se da sua alta posição e abandonou o estado.
Durante treze anos, acompanhado por discípulos fieis, deambulou de um estado para outro, em busca de um governante que quisesse ouvir os seus conselhos. Muitas foram as privações que sofreram. Mais do que uma vez correu o risco iminente de cair numa cilada e ser morto pelos seus inimigos, mas a coragem e confiança no carácter providencial da sua missão nunca o abandonou.
Enfim, regressou a Lu, onde passou os últimos cinco anos da sua longa vida a encorajar outras pessoas ao estudo e à prática da virtude. Morreu no ano de 478, com 74 anos de idade. O seu tempo de vida quase que coincidiu com o de Buda, que morreu dois anos antes com 80 anos.
Confúcio foi enterrado com pompa e circunstância. A sua sepultura, situada no exterior de Qufu, continua até aos nossos dias a manter-se como local frequente de peregrinações.
Depois da sua morte, Confúcio passou a ser o chinês mais influente da história da China e a ter todas as honras que nunca teve em vida. O governo chinês ordenou o “culto a Confúcio” e nomeou-o “co-assessor das divindades da Terra e do Céu”. Os seus preceitos e princípios foram incorporados na Lei Chinesa em 210 a. C.
Introdução ao confucionismo
Fundado na China, no séc. VI a. C., o Confucionismo é a doutrina oficial deste país onde, actualmente, 25% da população afirma viver segundo os seus princípios éticos. Em todo o mundo, o número de seguidores do Confucionismo atinge cerca de 400 milhões de pessoas.
O Confucionismo desenvolveu-se a partir dos ensinamentos do filósofo chinês Confúcio, nascido em 551 a. C. Preocupado com a corrupção e declínio moral que via à sua volta, Confúcio chegou à conclusão de que a única forma de voltar a ter uma sociedade saudável era conseguir que as pessoas se virassem para os princípios morais da Antiguidade que se encontravam nos clássicos antigos.
Muito preocupado com a conduta e os deveres interligados de governante e governado, pais e filhos, velhos e jovens, Confúcio começou a ensinar que a acção adequada é baseada nas cinco virtudes da bondade, seriedade, decoro, sabedoria e fidelidade. Os confucionistas acreditavam que a virtude era simplesmente a forma correcta e adequada de fazer as coisas.
Embora nunca tenha existido como religião estabelecida, o Confucionismo tornou-se a ideologia oficial do estado chinês. A partir da dinastia Han, a educação chinesa passou a ser quase exclusivamente confucionista e concebida para preparar jovens rapazes para o serviço governamental. Este facto criou uma poderosa classe de burocratas e eruditos, todos treinados pela filosofia confucionista, que deu forma a grande parte da história chinesa.
Por Confucionismo entende-se o complexo sistema de ensinamentos morais, sociais, políticos e religiosos edificado por Confúcio sobre as antigas tradições chinesas e perpetuado como a religião do Estado até aos nossos dias.
O objectivo do Confucionismo é produzir não apenas o homem de virtude, mas também o homem com estudos e boas maneiras. O homem perfeito deve combinar as qualidades de santo, erudito e cavalheiro.
O Confucionismo é uma religião sem uma revelação positiva, com um mínimo de ensinamentos dogmáticos, cujo culto popular se centra em oferendas aos mortos, na qual a noção de dever se estende para lá da esfera da moral para abraçar quase todos os pormenores da vida quotidiana.
Os textos confucionistas
Como o Confucionismo no seu sentido lato abarca, não apenas os ensinamentos imediatos de Confúcio, mas também os costumes tradicionais e os rituais a que ele deu a sua aprovação (e que actualmente estão muito acima da sua autoridade), reconhecem-se entre os textos confucionistas vários textos que até no seu tempo eram venerados como heranças sagradas do passado. Os textos estão divididos em duas categorias:
- os Clássicos – História, Poesia, Ritos, Mutações (I Ching), Anais da Primavera e Outono- os Livros – Analectos, Mêncio, O Grande Aprendizado e Doutrina do Significado.
O Clássico de História é um trabalho religioso e moral que segue a mão da Providência numa série de grandes eventos da história passada e que inculca a ideia de que o deus celestial oferece prosperidade e longevidade apenas ao governante virtuoso que tem no seu coração o verdadeiro bem-estar.
A publicação desta obra deve remontar ao séc. VI a. C., embora as fontes nas quais se baseiam os capítulos mais antigos possam ser quase contemporâneas aos eventos relatados.
O segundo Clássico é o de Poesia. Dos seus 305 pequenos poemas líricos, alguns pertencem à época da dinastia Shang (1766-1123 a. C.) e os outros remontam aos primeiros cinco séculos da dinastia Chow, ou seja, cerca de 600 a. C.
O terceiro Clássico é o das Mutações, um enigmático tratado sobre a arte da adivinhação através das raízes de uma planta nativa que, depois de atiradas, fornecem diferentes indicações segundo as combinações que fazem com um dos 64 hexagramas formados com três linhas quebradas e três linhas não quebradas. As curtas explicações que os acompanham, em larga medida arbitrárias e fantásticas, estão associadas à época de Wan e o seu ilustre filho Wu, fundadores da dinastia Chow (1122 a. C.). Desde a época de Confúcio, a obra já foi muito ampliada por um conjunto de dez anexos, dos quais oito são atribuídos a Confúcio. No entanto, apenas uma pequena parte deles será autêntica.
O quarto Clássico é o dos Ritos. Na sua forma actual, remonta ao segundo século da nossa era e é uma compilação de um vasto número de documentos, a maioria dos quais data da primeira parte da dinastia Chow. Fornece regras de conduta que chegam aos mais pequenos detalhes sobre actos religiosos de culto, funções da corte, relações familiares e sociais, em suma, sobre todas as áreas da acção humana. Actualmente, continua a ser o guia de referência para a conduta correcta de todos os chineses cultos.
Neste Clássico estão muitos dos reputados provérbios de Confúcio e dois extensos tratados compostos por discípulos, dos quais se pode dizer que reflectem com precisão as palavras e ensinamentos do mestre.
Um deles é o tratado conhecido como a “Doutrina do Significado”. Forma o Livro XXVIII dos Ritos e é um dos seus mais valiosos tratados. Consiste numa colecção de provérbios de Confúcio que caracterizam o homem de perfeita virtude.
O outro tratado, que forma o Livro XXXIX dos Ritos é o chamado “O Grande Aprendizado”. É composto por descrições do governante virtuoso pelo discípulo Tsang-tze, baseado nos ensinamentos do mestre.
O quinto Clássico é o pequeno tratado histórico conhecido como “Anais da Primavera e Outono”, que se diz ter sido escrito pelo próprio Confúcio. Consiste numa série de simples anais do estado de Lu, referentes aos anos 722-484 a. C.
No séc. XI, a “Doutrina do Significado” e “O Grande Aprendizado” uniram-se a outros textos confucionistas, constituindo o que agora é conhecido como “os quatro Livros”.
O primeiro destes Livros é o “Analectos”. É uma obra em vinte curtos capítulos, que mostram que tipo de homem Confúcio era na sua vida quotidiana e regista muitos dos seus espantosos provérbios sobre temas morais e históricos. Parece incorporar o autêntico testemunho dos seus discípulos, escrito por um da geração seguinte.
O segundo dos Livros é o Mêncio. Mêncio não era um discípulo directo do mestre, pois viveu um século depois. Ganhou muita fama como expoente dos ensinamentos confucionistas. Os seus provérbios, principalmente sobre temas morais, foram guardados pelos discípulos e publicados em seu nome.
Em seguida, vêm “O Grande Aprendizado” e a “Doutrina do Significado”.
Confucionismo: Religião ou Filosofia?
Há quem diga que o Confucionismo não é uma religião no verdadeiro sentido da palavra, porque Confúcio era um filósofo, um moralista, um homem de estado e um educador, mas não era um teórico da religião. Há quem diga que os pensamentos e ensinamentos de Confúcio têm a ver com filosofia ética, com princípios políticos e educativos, mas não com filosofia religiosa.
A essência de todos os seus ensinamentos pode ser resumida a uma só palavra: “Jen”. O equivalente mais próximo desta palavra é “virtude social”. Todas as virtudes que ajudam a manter a harmonia social e a paz, como a benevolência, a caridade, a magnanimidade, a sinceridade, o respeito, o altruísmo, a diligência, a amabilidade e a bondade estão incluídas no “Jen”.
A regra de ouro de Confúcio era: “Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti.” “Todo o mal que um inimigo te possa fazer deve ser devolvido com uma combinação de amor e justiça.”
As “virtudes universais” são: Sabedoria, Benevolência e Força Moral. Quando perguntavam a Confúcio o que era a benevolência, respondia: "é amar todos os homens"; quando lhe perguntavam o que era o conhecimento, respondia: “é conhecer todos os homens”; quando lhe perguntavam qual era a “virtude perfeita”, respondia: “seriedade, generosidade de espírito, sinceridade e bondade”.
Confúcio dava grande importância ao cultivo do carácter, à pureza de coração e à conduta. Incitava as pessoas a desenvolverem primeiro um bom carácter, que é uma jóia sem preço e a melhor de todas as virtudes.
A natureza do homem, segundo Confúcio, é fundamentalmente boa e com tendência para a bondade. A perfeição da bondade pode ser encontrada em sábios e santos. Todos os homens devem tentar alcançar o ideal levando uma vida virtuosa, possuindo um carácter muito nobre e cumprindo o seu dever de forma altruísta, com sinceridade e verdade. Aquele que está imbuído de um bom carácter e virtude divina é um magnificente tipo de homem. O homem magnificente agarra-se à virtude e o homem inferior não larga o conforto material.
Em O Grande Aprendizado, Confúcio revelou o processo, passo a passo, de como alcançar o autodesenvolvimento e de como ele flui para a vida quotidiana para servir o estado e abençoar a humanidade. Esta é a ordem de desenvolvimento estabelecida por Confúcio:- investigação de fenómenos;- aprendizagem;- sinceridade;- rectidão de propósito;- autodesenvolvimento;- família-disciplina;- auto-governação local;- auto-governação universal.
Os seus ensinamentos estavam muito virados para os problemas da boa governação. Confúcio disse que “o próprio governante deve ser virtuoso, justo, honesto e cumpridor do seu dever. Um governante virtuoso é como a Estrela Polar que, mantendo a sua posição, faz com que todas as outras estrelas a rodeiem. Como é o governante, assim serão os súbditos.
Para Confúcio, a sociedade era composta por cinco tipos de relação:- marido e mulher;- pai e filho;- irmão mais novo e irmão mais velho (ou jovens e velhos);- governante e súbdito;- amigo e amigo.
Um país seria bem governado quando todos fizessem a sua parte nestas relações. A China regeu-se por estes princípios até 1912, ano em que a filosofia confucionista foi abandonada como orientação de base para a governação.
De acordo com o Confucionismo, a sociedade deve ser regida por um movimento educativo, que parte de cima – equivalente ao amor de pai – e por outro de reverência, que parte de baixo – equivalente à obediência de um filho.
Por tudo isto, o Confucionismo não será considerado uma religião no sentido tradicional do termo, visto que nesta doutrina não existe nenhum tipo de sacerdote, nem livros sagrados e nem mesmo igreja.

A DoutrinaA base religiosa
A religião da antiga China, à qual Confúcio ofereceu a sua reverente adesão, era uma forma de culto à natureza muito perto do monoteísmo. Reconheciam-se vários espíritos associados a fenómenos naturais – espíritos de montanhas e rios, de terra e sementes, dos quatro cantos dos céus, da Lua, do Sol e das estrelas – todos estavam subordinados ao supremo deus celestial T’ien (Céu), também chamado de Ti (Senhor) ou Shang-ti (Senhor Supremo). Todos os outros espíritos eram apenas seus seguidores, agindo em obediência à sua vontade.
T’ien era o defensor da lei moral, exercendo uma providência benigna sobre os homens. Nada que fosse feito em segredo poderia escapar aos seus olhos omnividentes. O seu castigo pelos maus feitos tomavam a forma de calamidade ou morte prematura, ou de infelicidade para os filhos do malfazente.
Encontramos esta crença a reivindicar para si o motivo da conduta correcta em várias passagens dos Clássicos de História e de Poesia. Isto não é ignorado pelo próprio Confúcio que diz num dos seus provérbios que “aquele que ofende o Céu não tem ninguém a quem rezar”.
Outro motivo semi-religioso para a prática da virtude era a crença de que a felicidade das almas dos parentes falecidos dependia da conduta dos seus descendentes vivos. Ensinava-se que as crianças tinham esse dever para com os seus pais falecidos para contribuir para a sua glória e felicidade através das suas vidas de virtude.
A julgar pelos provérbios de Confúcio que foram preservados, ele não ignorou estes motivos para a conduta correcta, mas pôs a tónica no amor pela virtude. Os princípios de moralidade e a sua aplicação concreta às várias relações da vida foram incorporados nos textos sagrados, que, por sua vez, representavam os ensinamentos dos grandes sábios do passado ressuscitados pelo Céu para instruir a humanidade.
Estes ensinamentos não eram inspirados, nem revelados; no entanto, eram infalíveis. Os sábios nasciam com a sabedoria que o Céu pretendia que iluminasse as crianças dos homens. Assim, era uma sabedoria providencial, e não sobrenatural. A noção da revelação positiva divina está ausente dos textos chineses. Seguir o caminho do dever, tal como está descrito nas regras de conduta, estava ao alcance de todos os homens, desde que a sua natureza, boa de nascença, não tivesse sido irremediavelmente arruinada por influências viciosas.
Confúcio tinha a visão tradicional de que todos os homens nasciam bons. Nos seus ensinamentos, não se referia nada semelhante ao pecado original. Parece nem ter reconhecido a existência de tendências hereditárias viciosas. No seu ponto de vista, o que arruinava o homem era o mau ambiente, os maus exemplos, uma indesculpável submissão a apetites perversos que todas as pessoas, pelo uso correcto dos seus poderes naturais, podia e devia controlar.
A ruína moral provocada por sugestões de espíritos perversos não tinha lugar no seu sistema. Nem existia nenhuma noção de graça divina que fortalecesse a vontade e iluminasse a mente na luta contra o mal. Há uma ou duas alusões à prece, mas nada que mostre que a oração diária era recomendada ao aspirante à perfeição.

Os caminhos para a virtude
No Confucionismo, os caminhos para o desenvolvimento da virtude são naturais e providenciais, nada mais. Mas, neste desenvolvimento da perfeição moral, Confúcio procurou despertar em outros o entusiasta amor pela virtude que ele próprio sentia. Tornarmo-nos o melhor possível – esta era a sua maior preocupação na vida.
Tudo o que conduzisse à prática do bem devia ser avidamente procurado e utilizado. Para atingir este fim, o conhecimento correcto devia ser considerado indispensável. Tal como Sócrates, Confúcio ensinou que o vício brotava da ignorância e que o conhecimento levava infalivelmente à virtude. O conhecimento em que Confúcio insistia não era puramente o ensinamento científico, mas sim o exemplar conhecimento dos textos sagrados e das regras de virtude e decoro.
Outro factor sobre o qual pôs a tónica foi a influência do bom exemplo. Confúcio gostava de dar a conhecer aos seus discípulos os heróis e sábios do passado, aqueles cujos feitos e palavras ele procurou promover ao insistir no estudo dos clássicos antigos. Muitos dos seus provérbios registados são elegias a esses valorosos homens de virtude.
Também não deixou de reconhecer o valor dos bons e morais companheiros. O seu lema era associar-se aos verdadeiramente grandiosos e fazer amizade com os mais virtuosos. Apesar da associação aos bons, Confúcio fez ver aos seus discípulos a importância de acolher sempre a correcção fraternal dos erros de cada um. Aí, também a análise diária de consciência era inculcada.
Como ajuda suplementar à formação de um carácter virtuoso, valorizava muito uma certa quantidade de autodisciplina. Reconhecia o perigo, particularmente nos jovens, de se cair em hábitos de suavidade e de amor pela tranquilidade. Daí ele insistir numa indiferença viril em relação a confortos efeminados.
Também na arte da música reconhecia uma valiosa ajuda para provocar o entusiasmo para a prática da virtude. Ensinou aos seus pupilos as “Odes” e outras canções edificantes, que eles cantavam em uníssono com o acompanhamento de alaúdes e harpas.
Tudo isto, associado ao magnetismo da sua influência pessoal, conferiu uma forte qualidade emocional aos seus ensinamentos.

As virtudes fundamentais
Como base para a vida de bondade perfeita, Confúcio insistia principalmente nas quatro virtudes da sinceridade, benevolência, devoção filial e decoro. A sinceridade era uma virtude cardinal. Usada por ele, significava mais do que uma mera relação social. Ser verdadeiro e sincero no discurso, fiel às suas promessas, consciencioso nos seus deveres para com os outros – tudo isto e muito mais estava incluído na sinceridade.
Aos olhos de Confúcio, o homem sincero era aquele cuja conduta fosse sempre baseada no amor da virtude e que, consequentemente, procurasse observar as regras da conduta correcta no seu coração e em acções exteriores, tanto sozinho como na presença de outros.
A benevolência, que se revela na preocupação com o bem-estar dos outros e na prontidão em ajudá-los quando há necessidade, era também um elemento fundamental nos ensinamentos de Confúcio. A benevolência era considerada a principal característica do homem bom.
A terceira virtude fundamental no sistema confucionista é a devoção filial. No livro da Devoção Filial (que alguns consideram como o sexto Clássico), Confúcio registou que “a devoção filial é a raiz de toda a virtude” e que “de todas as acções do homem, não há nenhuma maior do que a devoção filial”.
Para os chineses, agora e antigamente, a devoção filial incitava o filho a amar e respeitar os seus pais, a contribuir para o seu conforto e a trazer felicidade e honra ao seu nome. Mas, ao mesmo tempo, levava essa devoção a um nível excessivo e errado. Como consequência do sistema patriarcal que prevalecia, a devoção filial incluía a obrigação de os filhos de viverem debaixo do mesmo tecto dos pais até à morte deste, mesmo depois de casados.
A vontade dos pais era suprema, a ponto de o filho ter de divorciar-se da esposa caso os pais não a aprovassem. Se um filho cumpridor tivesse vontade de admoestar um pai voluntarioso, era-lhe ensinado a fazer a correcção com a maior submissão. Embora o pai lhe pudesse bater até fazer sangue, o filho não poderia mostrar qualquer ressentimento. O pai não perdia o seu direito ao respeito filial, por maior que fosse a sua malvadez.
Outra virtude de importância primordial no sistema confucionista era o “decoro”. Abarcava toda a esfera da conduta humana, levando o homem superior a fazer sempre a coisa certa no sítio certo. Encontra expressão nas chamadas regras de cerimónia, que não estão confinadas a ritos religiosos e regras de conduta moral, mas que se estendem à desconcertante massa de costumes e usos convencionais pelos quais a etiqueta chinesa é regulada.
Os usos convencionais, bem como as regras de conduta moral, traziam consigo o sentido de obrigação que assentava em primeiro lugar na autoridade dos Clássicos e, em última análise, na vontade do Céu. Ignorá-los ou desviar-se deles era equivalente a um acto de falta de respeito.

A política
Confúcio conhecia apenas uma forma de governo, a monarquia tradicional da sua terra natal. Era a extensão do sistema patriarcal a toda a nação.
O rei exercia uma autoridade absoluta sobre os seus súbditos, tal como o pai sobre os seus filhos. Governava por direito divino. Era colocado no trono pelo Céu para iluminar as pessoas com leis sensatas e para guiá-las até à bondade através do seu exemplo e autoridade. Daí a sua designação de “filho do Céu”.
Para merecer este título, devia reflectir a virtude celestial. Apenas o rei com elevação de espírito ganhava os favores do Céu e era recompensado com a prosperidade. O rei indigno perdia a assistência divina e caía na ruína.
Os textos confucionistas estão cheios de lições e avisos sobre este tema da governação correcta. O valor do bom exemplo do governante é fortemente enfatizado. Vezes sem conta, é defendido o princípio de que as pessoas não podem deixar de praticar a virtude e de prosperar quando o governante dá o grande exemplo de uma conduta correcta.
Por outro lado, é veiculada em vários sítios a implicação de que quando o crime e a miséria abundam, a causa deve ser procurada no rei indigno e nos seus ministros sem princípios