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terça-feira, 20 de maio de 2008

7º ANO: JOGOS OLÍMPICOS: ANTIGA GRÉCIA

JOGOS OLÍMPICOS NA ANTIGUIDADE
Jogos Olímpicos na Grécia Antiga
Os jogos mais famosos e apreciados no mundo grego eram os patrocinados pelo Templo de Zeus, que se realizavam de 4 em 4 anos em Olímpia. No seu estádio decorriam as competições atléticas, como corridas, boxe, luta e pentatlo.
Aqueles que se comprometiam a participar nos jogos eram obrigados a preparar-se durante dez meses e deveriam chegar a Olímpia com um mês de antecedência para completar os treinos. Com os atletas chegavam mercadores e peregrinos que se hospedavam ou acampavam na cidade. Assistiam às solenes cerimónias religiosas e participavam nas distracções religiosas que ali se organizavam. Todas as provas tinham um carácter estritamente individual: conduziam à glorificação do atleta que se tivesse revelado o melhor. É um facto assinalar o de que os gregos nunca introduziram nos jogos competições colectivas.


Os jogos olímpicos , na Antiguidade Clássica, incluíam uma enorme variedade de eventos desportivos. Muitos destes são os antecessores dos jogos olímpicos modernos . Os jogos olímpicos da Antiguidade, eram os seguintes:
- Box
- Luta Livre ( os combates são brutais e não se tomam precauções para evitar os ferimentos)
- Lançamento de Disco ( de pedra polida ou metal)
- Remo
- Pentatlo (compreende cinco provas: dardo, disco, salto em comprimento, luta e corrida)
- Salto
- Corrida ( os concorrentes, sem sapatos e com o corpo untado, tomam lugar numa linha de partida de pedra
- Pankration (luta similar ao boxe, são permitidos todos os golpes, incluindo o estrangulamento)
- Corridas Equestres (nestas corridas não há obstáculos, o cavaleiro apeia-se e conduz o cavalo à meta)
- Corrida de mensageiros e Trompeteiros.
O FIM DOS JOGOSNo ano 391 da nossa era, o imperador romano Teodósio I, proibiu por decreto todos os cultos pagãos que incluiam jogos olímpicos, o que significava o fim provisório do movimento olímpico.
Em 426, o imperador romano Teodósio II, mandou queimar o Templo de Zeus e mais alguns edifícios. Pode ter sido este o último ano em que os Jogos Olímpicos da Antiguidade se realizaram.
O fim dos jogos olímpicos foi várias vezes vaticinado, perante crises políticas, no entanto a ideia olímpica resistiu às duas guerras mundiais, bem como às épocas de transformações, a golpes de estado e a revoluções - evidentemente, quase sempre sob diferentes condições exteriores e considerações políticas.

9º ANO: BANDEIRA OLÍMPICA

Bandeira Olímpica
A primeira e mais bem conhecida bandeira usada em desportos é a Bandeira Olímpica.

Historia
A bandeira foi criada em 1913 pelo Barão Pierre de Coubertin. Foi apresentada ao congresso olímpico de 1914 em Alexandria (Grécia). Estreou nos Jogos Olímpicos da Antuérpia em 1920. Esta bandeira foi aposentada em 1984, depois dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Para Olimpíadas de Seul foi confeccionada uma nova bandeira. A bandeira fica guardada no corredor da cidade anfitriã ate os próximos jogos olímpicos.

Desenho
Fundo branco puro sem nenhuma borda. Cinco Argolas entrelaçadas, 3 em cima e 2 em baixo. As argolas possuem as cores azul, preta e vermelha (em cima) e amarela e verde (em baixo).

Simbologia

O fundo branco significa paz e amizade entre as nações competidoras e os anéis representam os cinco continentes, denotando o caráter global do Movimento Olímpico. As Cores das argolas deveriam representar os cinco continentes: Preto – África, Verde – Oceania, Azul – Europa, Vermelho – América, Amarelo – Ásia. No entanto, esta simbologia não foi confirmada como sendo intencional.

7º ANO: JOGOS OLÍMPICOS: ANTIGA GRÉCIA

Jogos OlímpicosFique a conhecer as origens dos Jogos Olímpicos e como evoluíram até ao evento que hoje conhecemos. A sua história, os jogos da era moderna e os jogos paraolímpicos.





As origens e o espírito dos Jogos Olímpicos.
A história dos Jogos Olímpicos tal como hoje os conhecemos é longa e remonta à Antiguidade. Os governantes das cidades gregas organizavam festas cívicas e religiosas, normalmente de quatro em quatro anos (uma olimpíada) em homenagem aos que tivessem sido mortos durante esse período. Para dar início a esta cerimónia, que decorria sempre em noites de lua cheia, sacerdotisas acendiam uma chama no altar à deusa Hera (irmã de Zeus e filha de Rhea). Os homens competiam numa corrida a pé (aulus) pelo privilégio de a sua cidade transportar a tocha com a chama até o altar. Cada cidade-estado (na altura a Grécia ainda não era um estado, mas um conjunto de cidades-estado com comunidades independentes a nível político e económico) organizava as suas cerimónias e competições. Por exemplo, em Corinto, decorriam os Jogos Ístmicos (no segundo e quarto ano de cada olímpiada, a partir de 581 a.C.) em homenagem ao deus das águas, Poseidon, enquanto que, em Delfos, se realizavam os Jogos Píticos (desde 582 a.C., de quatro em quatro anos, desencontrados do Jogos Olímpicos), honrando o deus da beleza e do Sol, Apolo. Celebrados em Nemeia, em honra de Zeus, os Jogos Nemeus decorriam no segundo e quarto ano de cada olímpiada (desde 573 a.C.). Destacavam-se pela sua grandiosidade as cerimónias em Olímpia (localizada na parte ocidental do Peloponeso) em honra a Zeus Olímpico, datadas pelos Gregos em 776 a.C.. Segundo a tradição os Jogos Olímpicos teriam sido fundados por Hércules, honrando Pelops como o primeiro herói do evento. Os jogos Pan-helénicos (Píticos, Olímpicos, Ístmicos e Nemeus), que nunca decorriam no mesmo ano, denominavam-se assim por estarem abertos a todos os Gregos. O movimento originado pela dimensão das cerimónias em Olímpia, de quatro em quatro anos, provocou o reaparecimento de antigas divergências entre as cidades-estado. De forma a evitar os confrontos, os sábios da cidade instituíram disputas que decorriam em paralelo com as cerimónias de carácter religioso. Desta forma, as zangas eram esquecidas, pelo que os Jogos Olímpicos se tornaram conhecidos como os Jogos da Paz. A importância adquirida pelos jogos foi tal que se estabeleceu um calendário geral, no qual se contava por olimpíadas e que se sobrepôs aos calendários locais. No século IX a.C. os reis de Esparta, Pisa, e Ilía consagraram, em Olímpia, um tratado de paz, o Ekeheiria (Trégua Sagrada), que tinha sido firmado anteriormente. Foram gravadas num disco de pedra, com as assinaturas dos reis, as regras básicas do acordo estabelecido. De acordo com a tradição deste tratado, durante o período tréguas, os atletas, artistas e as suas famílias, assim como os peregrinos podiam viajar em completa segurança para participar ou assistir aos jogos e depois regressar também em segurança. O clima de paz era essencial para a realização dos jogos. À medida que se aproximava a abertura do evento, os cidadãos de Elis proclamavam pela Grécia o período de armistício. Depois do anúncio os atletas e os seus treinadores partiam para os jogos. Ao chegar a Elis treinavam durante um mês no ginásio da cidade, na última etapa de qualificação para os Jogos. Os seleccionados partiam para Olímpia e aí prometiam participar na competição de forma honrosa e de acordo com a regras estabelecidas. Os atletas que não as cumprissem eram obrigados a pagar multas. Com este dinheiro eram erigidas estátuas de Zeus que eram colocadas, com o nome do atleta inscrito na base, ao longo da caminho até ao estádio, para lembrar o exemplo a não seguir.
Com a crescente participação de atletas oriundos de colónias gregas, da África e das costas do mar Mediterrâneo, os jogos passaram a contar com uma programação e também com conceitos mais rigorosos. Iniciavam-se com uma cerimónia de abertura, com o juramento de lealdade dos atletas sobre o sangue do sacrifício de animais. Nos dias seguintes realizavam-se 14 competições, entre provas de carros de mulas e cavalos de sela, corrida no estádio, corrida revestido de armas, pugilato, pancrácio (uma combinação entre luta e pugilato), pentatlo e a prova mais nobre, a corrida de cavalos. Entre as provas de corrida incluía-se o diaulus - com duas voltas na pista do estádio - e o dolichus (entre 7 a 24 voltas, numa prova de resistência). O pentatlo integrava uma prova corrida de velocidade, de arremesso de dardo, outra de arremesso de disco, uma prova de salto em comprimento e uma de luta. As provas de corrida decorriam no terceiro dia e, no quarto dia, as lutas livres ou com punho. Por último, organizava-se um banquete, no quinto dia, para a distribuição dos prémios. Logo depois da prova, após o anúncio do vencedor pelo arauto, um juiz grego, Hellanodikis, entregava-lhe uma folha de palmeira, que simbolizava um ceptro. Também como símbolo da vitória, à volta da cabeça e nas mãos, eram-lhe colocadas faixas vermelhas. A cerimónia oficial tinha lugar no último dia dos jogos no templo de Zeus. Em voz alta, o arauto proclamava o nome do vencedor olímpico, o nome de seu pai e o da sua terra de origem. Um juiz grego coroava então o vencedor com os ramos trançados de oliveira, que eram colhidos próximo do templo de Zeus. (Os gregos estabeleciam uma analogia entre o crescimento das árvores e o do corpo humano.) Mais tarde os atletas profissionalizados vencedores passariam também a receber dinheiro, o que veio a contribuir para a desvirtuação e declínio do espírito dos jogos. No regresso às suas cidades, os vencedores recebiam honrarias e erigia-se uma estátua em sua homenagem. Em Atenas era aberta uma brecha nas muralhas da cidade para o vencedor poder entrar. Os Hellanodikai, que superintendiam a organização dos jogos, eram escolhidos entre as melhores famílias da Élide e, para além de presidirem ao banquete final e coroarem os vencedores, recebiam ainda no primeiro dia o juramento de lealdade dos participantes. Anteriormente, os sábios de Olímpia instituíram, o triastes, uma prova que tinha como finalidade determinar o melhor dos melhores dos atletas, a soma do aulus, do diaulus e do dolichus. Leônidas de Rodes, foi o vencedor durante doze anos seguidos desta prova. As regras não impunham elevados padrões desportivos uma vez que o ideal grego se centrava acima de tudo no treino e aperfeiçoamento físico e militar. A beleza do corpo era considerada um reflexo da beleza interior; para os Gregos a prática do desporto ajudava a encontrar a harmonia entre a mente e o corpo. O evento pretendia mostrar as qualidades físicas dos participantes e a evolução das suas performances, encorajando e motivando as boas relações entre as cidades. A pureza e importância atribuída aos jogos advinha da celebração religiosa que lhe estava associada de origem, de acordo com os especialistas. Já na Antiguidade se reconhecia e valorizava a importância destes jogos e, em particular, do espírito olímpico para os forte vínculos de união entre os Helenos. A popularidade dos jogos foi crescendo de tal forma que em 632 a. C., já integravam vinte modalidades. Sólon ofereceu a cada campeão mil dracmas em moedas, em 592 a.C.. No ano de 444 a.C., foi integrado nos jogos um departamento artístico. Aqui eram atribuídos prémios destinados à escultura, à filosofia e à pintura. As arquibancadas do estádio de Olímpia (com formato em “U”) e o estádio, onde se localizava o hipódromo, poderiam acolher uma assistência de milhares de pessoas. Estima-se que os Jogos Olímpicos contassem com a presença de cerca de 40.000 pessoas entre atletas, espectadores e comerciantes. Inicialmente, eram estritamente masculinos e as mulheres competiam num outro evento, a Heraea, que tinha lugar na cidade de Argos, a meio de cada intervalo de quatro anos. Só podiam participar os cidadãos livres. Os escravos e aqueles que tinham referências negativas no seu currículo viam vedada a sua participação nos jogos. Quanto à assistência, eram banidas as mulheres casadas. Homens livres, escravos e jovens raparigas podiam fazer parte da multidão de espectadores que assistia aos jogos.
Com a perda da independência da Grécia, devido à invasão de Roma, os Jogos da Paz acabaram por sofrer a influência negativa da discórdia e da corrupção. Os Romanos estimulavam os seus jovens a desafiar os helénicos, profissionalizaram os seus atletas e, se se deparavam com dificuldades em superar as competições, tentavam subornar os seus adversários. Após ter ameaçado os seus oponentes, Nero, em 67 a. C., venceu o prémio da corrida de charrete puxada por quatro cavalos (quadriga). Tentou ainda reclamar um outro prémio, em mais um episódio que contribuiu para que os jogos acabassem por perder a sua essência ética e moral. Assim, contribuíram fortemente para o desaparecimento dos jogos, a profissionalização dos atletas (cuja principal motivação passou a ser a colecção de vitórias participando em várias competições; não só nos jogos Pan-helénicos mas também em outras locais); a participação de Romanos, que pretendiam acima de tudo agradar aos espectadores e o paganismo dos jogos. Com o nascimento do Cristianismo, a crença num único deus e a conversão dos imperadores a esta religião fizeram com que os jogos não mais pudessem ser tolerados. Após a proibição de cultos pagãos pelo imperador Teodósio I, que se convertera ao Cristianismo, os Jogos Olímpicos ficaram seriamente ameaçados, sendo que a derradeira foi realizada em 394. Em 390 milhares de Helénicos foram mortos pelos Romanos, com autorização do imperador de Roma, Teodósio I. Em Tessalónica tinha ocorrido uma celebração circense, uma festa pagã, durante a qual foi permitida toda a libertinagem. Os Romanos, provocados pelos Gregos, incendiaram casas e espancaram a população. Os Godos de Alarico devastaram Olímpia, em 288. Os bárbaros do centro-leste da Europa invadiram Roma e suas províncias da Grécia mais de um século depois e sequestraram a estátua de Zeus (ainda adorado em Olímpia), uma das sete maravilhas do mundo antigo. Olímpia ficou esquecida por muitos anos, após o terramoto (no século VI) que assolou uma parte da cidade e o estádio. Uma inundação veio atolar as ruínas do terramoto escondendo-as sobre a terra.
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna
Os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna tiveram lugar em Atenas, no ano de 1896. O renascer os jogos atraiu atletas de catorze nações com as maiores comitivas a virem da Grécia, Alemanha e França. No dia 6 de Abril de 1896, ao vencer o triplo salto em comprimento, o americano James Connolly tornou-se no primeiro atleta olímpico após um lapso de mais de 1500 anos. Os habitantes de Atenas receberam os jogos com um grande emoção e apoio, recompensado quando o grego Spiridon Louis (pastor de ovelhas) venceu a maratona. Este jogos realizaram-se em Atenas, em homenagem à pátria de origem, numa retoma do ideal olímpico, fruto das iniciativas de Pierre de Fredy, barão de Coubertain. Anteriormente, o alemão J. J. Wincklemann, em 1870, iniciara várias escavações extensas na Grécia. Depois de, em 1871, se detectarem indícios da existência de Tróia, em 1875, com o apoio financeiro de William Chandler (antiquário e colecionador), foram encontradas as ruínas de Olímpia.
Pierre de Fredi, Barão de Coubertin
Pierre de Fredy (nascido em Paris, em 1863), barão de Coubertain e pedagogo do desporto, motivado pela frase "O importante não é vencer, mas competir, e competir com dignidade", encetou o estudo das histórias dos jogos, crendo que uma versão moderna dos Jogos impediria a Europa de entrar em guerra. Para o trabalho de Pierre de Fredy, essencial para o ressurgimento das Olimpíadas, foi importante a influência Thomas Arnold, director de um colégio de raguebi inglês. Neste estabelecimento de ensino o desporto servia para promover a educação moral dos estudantes. Coubertin assistiu aos Jogos Pan-Helênicos, comissionado pelo governo francês, ficando motivado com possibilidade de se voltaram a organizar os Jogos Olímpicos. Apesar das incursões aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à Prússia, para divulgar a sua intenção não terem tido sucesso, Coubertin não desistiu. Em 1894, conseguiu realizar, em Paris, na Universidade de Sorbonne, um congresso internacional, uma pré-convenção olímpica. Neste encontro com setenta e nove delegados oficiais de treze nações e vinte e um representantes informais de outros países, conseguiu um compromisso formal. De acordo com este compromisso seriam realizadas competições desportivas de quatro em quatro anos, convidando todas as nações a participar no evento. Ficou também estabelecida a data e o local daqueles que viram a ser os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, os jogos de 1896, a decorrer durante a Primavera na Europa, em Abril, na cidade de Atenas. Henri Didon padre jesuíta amigo de Coubertin, emprestou-lhe o lema, que iria dar o mote aos jogos: "Citius, Altius, Fortius" - "Cada vez mais longe, cada vez mais alto e cada vez mais forte". Entre os livros que publicou contam-se quarenta e um sobre técnica e pedagogia, tendo dedicado não só parte da sua vida, como da sua fortuna pessoal, à renovação do Olimpismo e à reorganização dos Jogos Olímpicos. Ainda em 1894 foi criado o Comité Olímpico Internacional, visando a organização de uma nova edição dos jogos, de quatro em quatro anos, promovendo, desta forma, a união entre os países. Coubertin foi presidente do Comité Olímpico Internacional entre 1896 e 1925 e manifestou-se contra a participação feminina nos jogos. Só nos Jogos de Estocolmo a participação das mulheres foi oficialmente admitida. O Comité Olímpico de Portugal, fundado em 1909, é um dos mais antigos do mundo, tendo sido o décimo terceiro a filiar-se no Comité Olímpico Internacional. Portugal emocionou-se com as vitórias de Rosa Mota em atletismo - Medalha de Bronze na Maratona de Los Angeles (1984) e Medalha de Ouro na Maratona de Seoul (1988) - e de Carlos Lopes na Maratona de Los Angeles (1984). Destacaram-se também, entre outras, as participações de Fernanda Ribeiro nas provas de atletismo de 10.000 m, ganhando a Medalha de Ouro em Atlanta (1996) e a Medalha de Bronze, em Sydney (2000) e Nuno Delgado, Medalha de Bronze, na categoria “81 Kg” de Judo, em Sydney (2000). Desde 1896, os jogos têm decorrido de quatro em quatro anos, com três interrupções devido às Guerras Mundiais (1916, 1940 e 1944). Em 2004, os Jogos Olímpicos retornam mais uma vez às suas origens. Atenas acolhe em 2004, a XXVIII Olimpíada da era moderna, tendo a cidade sido eleita em 1997 entre um total de cinco cidades finalistas que se candidataram a organizar estes Jogos (para além de Atenas, candidataram-se Buenos Aires, Cidade do Cabo, Roma e Estocolmo). A cerimónia de abertura terá lugar a 13 de Agosto de 2004, iniciando o evento que se prolongará por dezasseis dias, promovendo-se sobretudo nesta competição pacífica o espírito olímpico e a performance dos atletas. Em 2006, os XX Jogos de Inverno terão lugar em Turim. Os XXIX Jogos Olímpicos terão lugar em Pequim, em 2008, e, em 2010, Vancouver acolherá os XXI Jogos Olímpicos de Inverno.
Os Jogos Olímpicos da era moderna são os seguintes:

Jogos de Verão

Jogos de Inverno
Os Jogos Paraolímpicos
Em 1948, Sir Ludwig Guttmann organizou uma competição desportiva com veteranos da Segunda Guerra Mundial que tinham sofrido ferimentos na coluna vertebral. Quatro anos após este evento, juntaram-se a este jogos participantes da Holanda, tendo assim nascido o movimento internacional denominado Paralímpico.Os Jogos Olímpicos para atletas com deficiência foram organizados pela primeira vez em 1960. Em 1976, em Toronto, participaram atletas com outras deficiências surgindo a ideia de organizar uma competição internacional desportiva. Ainda em 1976 tiveram lugar, na Suécia, os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno. O movimento Paralímpico tem registado um grande crescimento, desde quatrocentos atletas em Roma para três mil oitocentos e quarenta e três, em Sydney, onde se juntou um número recorde de 122 países e 123 delegações incluindo atletas independentes que vieram de Timor Leste. Estes jogos de Sydney foram os maiores Paraolímpicos realizados. Os Jogos Paraolímpicos têm decorrido no mesmo ano dos Jogos Olímpicos. Desde 1988, nos Jogos de Verão e em 1992, em Albertville, nos Jogos de Inverno, têm tido decorrido nos mesmos locais que os Jogos Olímpicos. Em 2001 foi assinado um acordo entre o Comité Internacional Olímpico e o Comité Internacional Paraolímpico de forma a assegurar a realização dos Jogos Paraolímpicos. O documento assinado reafirma que, a partir de 2008, os Jogos Paraolímpicos terão lugar pouco tempo depois dos Jogos Olímpicos, utilizando as mesmas instalações. Depois dos jogos de 2002, que tiveram lugar em Salt Lake City, um comité da organização é responsável tanto pelo acolhimento dos Jogos Olímpicos como dos Paralímpicos. Os serviços de alimentação, transporte, bem como os serviços médicos e as instalações, foram comuns aos participantes dos dois jogos. Após os jogos de Atenas, em 2004, a chama paralímpica será acesa pela décima vez na história, em Pequim, nos Jogos Paralímpicos de 2008.
Bibliografia
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vols. 6 e 11, Editorial Verbo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

7º ANO: BIOGRAFIA "CONFÚCIO" : CHINA

Confucionismo
Fundado na China no séc. VI a.C., o Confucionismo divide opiniões quanto ao seu carácter religioso ou filosófico. Fique a saber tudo sobre a doutrina e o homem que a fundou.
Confúcio
Confúcio: A Vida
O principal expoente desta religião foi K’ung-tze, ou K’ung-fu-tze, latinizado pelos antigos missionários jesuítas para Confúcio.
Confúcio nasceu em 551 a. C., no que era então o estado feudal de Lu, agora incluído na moderna província de Xantungue. Os seus pais, embora não abastados, pertenciam à classe alta. O pai era um guerreiro, distinguido tanto pelos feitos valorosos como pela sua ascendência nobre.
Confúcio era apenas um rapaz quando o pai morreu. Desde a infância que demonstrava uma grande aptidão para os estudos e, embora tivesse tido que trabalhar ainda criança para se sustentar a si e à mãe, conseguiu arranjar tempo para prosseguir os seus estudos preferidos. Fez tais progressos que, com 22 anos abriu uma escola à qual muitas pessoas acorreram devido à fama dos seus ensinamentos.
Casou aos 19 anos, trabalhou como funcionário administrativo e posteriormente como professor. Uma sublevação em Lu, em 517, obrigou Confúcio a refugiar-se no estado vizinho de Ch´I pelo período de um ou dois anos. Enquanto professor, Confúcio conseguiu que a maioria dos seus alunos fosse colocada em cargos governamentais de destaque, sem nunca conseguir para si uma posição do poder. Só aos cinquenta anos lhe foi dado um cargo, do qual se demitiu pouco tempo depois, pela falta de poder que lhe estava adstrito.
Sob a sua sábia administração, o Estado alcançou um grau de prosperidade e ordem moral nunca antes visto. Mas, devido às intrigas dos estados rivais, o Marquês de Lu foi levado a trocar a preservação do bom governo pelos prazeres ignóbeis. Confúcio ainda tentou demover o Marquês, mas em vão. Assim, Confúcio demitiu-se da sua alta posição e abandonou o estado.
Durante treze anos, acompanhado por discípulos fieis, deambulou de um estado para outro, em busca de um governante que quisesse ouvir os seus conselhos. Muitas foram as privações que sofreram. Mais do que uma vez correu o risco iminente de cair numa cilada e ser morto pelos seus inimigos, mas a coragem e confiança no carácter providencial da sua missão nunca o abandonou.
Enfim, regressou a Lu, onde passou os últimos cinco anos da sua longa vida a encorajar outras pessoas ao estudo e à prática da virtude. Morreu no ano de 478, com 74 anos de idade. O seu tempo de vida quase que coincidiu com o de Buda, que morreu dois anos antes com 80 anos.
Confúcio foi enterrado com pompa e circunstância. A sua sepultura, situada no exterior de Qufu, continua até aos nossos dias a manter-se como local frequente de peregrinações.
Depois da sua morte, Confúcio passou a ser o chinês mais influente da história da China e a ter todas as honras que nunca teve em vida. O governo chinês ordenou o “culto a Confúcio” e nomeou-o “co-assessor das divindades da Terra e do Céu”. Os seus preceitos e princípios foram incorporados na Lei Chinesa em 210 a. C.
Introdução ao confucionismo
Fundado na China, no séc. VI a. C., o Confucionismo é a doutrina oficial deste país onde, actualmente, 25% da população afirma viver segundo os seus princípios éticos. Em todo o mundo, o número de seguidores do Confucionismo atinge cerca de 400 milhões de pessoas.
O Confucionismo desenvolveu-se a partir dos ensinamentos do filósofo chinês Confúcio, nascido em 551 a. C. Preocupado com a corrupção e declínio moral que via à sua volta, Confúcio chegou à conclusão de que a única forma de voltar a ter uma sociedade saudável era conseguir que as pessoas se virassem para os princípios morais da Antiguidade que se encontravam nos clássicos antigos.
Muito preocupado com a conduta e os deveres interligados de governante e governado, pais e filhos, velhos e jovens, Confúcio começou a ensinar que a acção adequada é baseada nas cinco virtudes da bondade, seriedade, decoro, sabedoria e fidelidade. Os confucionistas acreditavam que a virtude era simplesmente a forma correcta e adequada de fazer as coisas.
Embora nunca tenha existido como religião estabelecida, o Confucionismo tornou-se a ideologia oficial do estado chinês. A partir da dinastia Han, a educação chinesa passou a ser quase exclusivamente confucionista e concebida para preparar jovens rapazes para o serviço governamental. Este facto criou uma poderosa classe de burocratas e eruditos, todos treinados pela filosofia confucionista, que deu forma a grande parte da história chinesa.
Por Confucionismo entende-se o complexo sistema de ensinamentos morais, sociais, políticos e religiosos edificado por Confúcio sobre as antigas tradições chinesas e perpetuado como a religião do Estado até aos nossos dias.
O objectivo do Confucionismo é produzir não apenas o homem de virtude, mas também o homem com estudos e boas maneiras. O homem perfeito deve combinar as qualidades de santo, erudito e cavalheiro.
O Confucionismo é uma religião sem uma revelação positiva, com um mínimo de ensinamentos dogmáticos, cujo culto popular se centra em oferendas aos mortos, na qual a noção de dever se estende para lá da esfera da moral para abraçar quase todos os pormenores da vida quotidiana.
Os textos confucionistas
Como o Confucionismo no seu sentido lato abarca, não apenas os ensinamentos imediatos de Confúcio, mas também os costumes tradicionais e os rituais a que ele deu a sua aprovação (e que actualmente estão muito acima da sua autoridade), reconhecem-se entre os textos confucionistas vários textos que até no seu tempo eram venerados como heranças sagradas do passado. Os textos estão divididos em duas categorias:
- os Clássicos – História, Poesia, Ritos, Mutações (I Ching), Anais da Primavera e Outono- os Livros – Analectos, Mêncio, O Grande Aprendizado e Doutrina do Significado.
O Clássico de História é um trabalho religioso e moral que segue a mão da Providência numa série de grandes eventos da história passada e que inculca a ideia de que o deus celestial oferece prosperidade e longevidade apenas ao governante virtuoso que tem no seu coração o verdadeiro bem-estar.
A publicação desta obra deve remontar ao séc. VI a. C., embora as fontes nas quais se baseiam os capítulos mais antigos possam ser quase contemporâneas aos eventos relatados.
O segundo Clássico é o de Poesia. Dos seus 305 pequenos poemas líricos, alguns pertencem à época da dinastia Shang (1766-1123 a. C.) e os outros remontam aos primeiros cinco séculos da dinastia Chow, ou seja, cerca de 600 a. C.
O terceiro Clássico é o das Mutações, um enigmático tratado sobre a arte da adivinhação através das raízes de uma planta nativa que, depois de atiradas, fornecem diferentes indicações segundo as combinações que fazem com um dos 64 hexagramas formados com três linhas quebradas e três linhas não quebradas. As curtas explicações que os acompanham, em larga medida arbitrárias e fantásticas, estão associadas à época de Wan e o seu ilustre filho Wu, fundadores da dinastia Chow (1122 a. C.). Desde a época de Confúcio, a obra já foi muito ampliada por um conjunto de dez anexos, dos quais oito são atribuídos a Confúcio. No entanto, apenas uma pequena parte deles será autêntica.
O quarto Clássico é o dos Ritos. Na sua forma actual, remonta ao segundo século da nossa era e é uma compilação de um vasto número de documentos, a maioria dos quais data da primeira parte da dinastia Chow. Fornece regras de conduta que chegam aos mais pequenos detalhes sobre actos religiosos de culto, funções da corte, relações familiares e sociais, em suma, sobre todas as áreas da acção humana. Actualmente, continua a ser o guia de referência para a conduta correcta de todos os chineses cultos.
Neste Clássico estão muitos dos reputados provérbios de Confúcio e dois extensos tratados compostos por discípulos, dos quais se pode dizer que reflectem com precisão as palavras e ensinamentos do mestre.
Um deles é o tratado conhecido como a “Doutrina do Significado”. Forma o Livro XXVIII dos Ritos e é um dos seus mais valiosos tratados. Consiste numa colecção de provérbios de Confúcio que caracterizam o homem de perfeita virtude.
O outro tratado, que forma o Livro XXXIX dos Ritos é o chamado “O Grande Aprendizado”. É composto por descrições do governante virtuoso pelo discípulo Tsang-tze, baseado nos ensinamentos do mestre.
O quinto Clássico é o pequeno tratado histórico conhecido como “Anais da Primavera e Outono”, que se diz ter sido escrito pelo próprio Confúcio. Consiste numa série de simples anais do estado de Lu, referentes aos anos 722-484 a. C.
No séc. XI, a “Doutrina do Significado” e “O Grande Aprendizado” uniram-se a outros textos confucionistas, constituindo o que agora é conhecido como “os quatro Livros”.
O primeiro destes Livros é o “Analectos”. É uma obra em vinte curtos capítulos, que mostram que tipo de homem Confúcio era na sua vida quotidiana e regista muitos dos seus espantosos provérbios sobre temas morais e históricos. Parece incorporar o autêntico testemunho dos seus discípulos, escrito por um da geração seguinte.
O segundo dos Livros é o Mêncio. Mêncio não era um discípulo directo do mestre, pois viveu um século depois. Ganhou muita fama como expoente dos ensinamentos confucionistas. Os seus provérbios, principalmente sobre temas morais, foram guardados pelos discípulos e publicados em seu nome.
Em seguida, vêm “O Grande Aprendizado” e a “Doutrina do Significado”.
Confucionismo: Religião ou Filosofia?
Há quem diga que o Confucionismo não é uma religião no verdadeiro sentido da palavra, porque Confúcio era um filósofo, um moralista, um homem de estado e um educador, mas não era um teórico da religião. Há quem diga que os pensamentos e ensinamentos de Confúcio têm a ver com filosofia ética, com princípios políticos e educativos, mas não com filosofia religiosa.
A essência de todos os seus ensinamentos pode ser resumida a uma só palavra: “Jen”. O equivalente mais próximo desta palavra é “virtude social”. Todas as virtudes que ajudam a manter a harmonia social e a paz, como a benevolência, a caridade, a magnanimidade, a sinceridade, o respeito, o altruísmo, a diligência, a amabilidade e a bondade estão incluídas no “Jen”.
A regra de ouro de Confúcio era: “Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti.” “Todo o mal que um inimigo te possa fazer deve ser devolvido com uma combinação de amor e justiça.”
As “virtudes universais” são: Sabedoria, Benevolência e Força Moral. Quando perguntavam a Confúcio o que era a benevolência, respondia: "é amar todos os homens"; quando lhe perguntavam o que era o conhecimento, respondia: “é conhecer todos os homens”; quando lhe perguntavam qual era a “virtude perfeita”, respondia: “seriedade, generosidade de espírito, sinceridade e bondade”.
Confúcio dava grande importância ao cultivo do carácter, à pureza de coração e à conduta. Incitava as pessoas a desenvolverem primeiro um bom carácter, que é uma jóia sem preço e a melhor de todas as virtudes.
A natureza do homem, segundo Confúcio, é fundamentalmente boa e com tendência para a bondade. A perfeição da bondade pode ser encontrada em sábios e santos. Todos os homens devem tentar alcançar o ideal levando uma vida virtuosa, possuindo um carácter muito nobre e cumprindo o seu dever de forma altruísta, com sinceridade e verdade. Aquele que está imbuído de um bom carácter e virtude divina é um magnificente tipo de homem. O homem magnificente agarra-se à virtude e o homem inferior não larga o conforto material.
Em O Grande Aprendizado, Confúcio revelou o processo, passo a passo, de como alcançar o autodesenvolvimento e de como ele flui para a vida quotidiana para servir o estado e abençoar a humanidade. Esta é a ordem de desenvolvimento estabelecida por Confúcio:- investigação de fenómenos;- aprendizagem;- sinceridade;- rectidão de propósito;- autodesenvolvimento;- família-disciplina;- auto-governação local;- auto-governação universal.
Os seus ensinamentos estavam muito virados para os problemas da boa governação. Confúcio disse que “o próprio governante deve ser virtuoso, justo, honesto e cumpridor do seu dever. Um governante virtuoso é como a Estrela Polar que, mantendo a sua posição, faz com que todas as outras estrelas a rodeiem. Como é o governante, assim serão os súbditos.
Para Confúcio, a sociedade era composta por cinco tipos de relação:- marido e mulher;- pai e filho;- irmão mais novo e irmão mais velho (ou jovens e velhos);- governante e súbdito;- amigo e amigo.
Um país seria bem governado quando todos fizessem a sua parte nestas relações. A China regeu-se por estes princípios até 1912, ano em que a filosofia confucionista foi abandonada como orientação de base para a governação.
De acordo com o Confucionismo, a sociedade deve ser regida por um movimento educativo, que parte de cima – equivalente ao amor de pai – e por outro de reverência, que parte de baixo – equivalente à obediência de um filho.
Por tudo isto, o Confucionismo não será considerado uma religião no sentido tradicional do termo, visto que nesta doutrina não existe nenhum tipo de sacerdote, nem livros sagrados e nem mesmo igreja.

A DoutrinaA base religiosa
A religião da antiga China, à qual Confúcio ofereceu a sua reverente adesão, era uma forma de culto à natureza muito perto do monoteísmo. Reconheciam-se vários espíritos associados a fenómenos naturais – espíritos de montanhas e rios, de terra e sementes, dos quatro cantos dos céus, da Lua, do Sol e das estrelas – todos estavam subordinados ao supremo deus celestial T’ien (Céu), também chamado de Ti (Senhor) ou Shang-ti (Senhor Supremo). Todos os outros espíritos eram apenas seus seguidores, agindo em obediência à sua vontade.
T’ien era o defensor da lei moral, exercendo uma providência benigna sobre os homens. Nada que fosse feito em segredo poderia escapar aos seus olhos omnividentes. O seu castigo pelos maus feitos tomavam a forma de calamidade ou morte prematura, ou de infelicidade para os filhos do malfazente.
Encontramos esta crença a reivindicar para si o motivo da conduta correcta em várias passagens dos Clássicos de História e de Poesia. Isto não é ignorado pelo próprio Confúcio que diz num dos seus provérbios que “aquele que ofende o Céu não tem ninguém a quem rezar”.
Outro motivo semi-religioso para a prática da virtude era a crença de que a felicidade das almas dos parentes falecidos dependia da conduta dos seus descendentes vivos. Ensinava-se que as crianças tinham esse dever para com os seus pais falecidos para contribuir para a sua glória e felicidade através das suas vidas de virtude.
A julgar pelos provérbios de Confúcio que foram preservados, ele não ignorou estes motivos para a conduta correcta, mas pôs a tónica no amor pela virtude. Os princípios de moralidade e a sua aplicação concreta às várias relações da vida foram incorporados nos textos sagrados, que, por sua vez, representavam os ensinamentos dos grandes sábios do passado ressuscitados pelo Céu para instruir a humanidade.
Estes ensinamentos não eram inspirados, nem revelados; no entanto, eram infalíveis. Os sábios nasciam com a sabedoria que o Céu pretendia que iluminasse as crianças dos homens. Assim, era uma sabedoria providencial, e não sobrenatural. A noção da revelação positiva divina está ausente dos textos chineses. Seguir o caminho do dever, tal como está descrito nas regras de conduta, estava ao alcance de todos os homens, desde que a sua natureza, boa de nascença, não tivesse sido irremediavelmente arruinada por influências viciosas.
Confúcio tinha a visão tradicional de que todos os homens nasciam bons. Nos seus ensinamentos, não se referia nada semelhante ao pecado original. Parece nem ter reconhecido a existência de tendências hereditárias viciosas. No seu ponto de vista, o que arruinava o homem era o mau ambiente, os maus exemplos, uma indesculpável submissão a apetites perversos que todas as pessoas, pelo uso correcto dos seus poderes naturais, podia e devia controlar.
A ruína moral provocada por sugestões de espíritos perversos não tinha lugar no seu sistema. Nem existia nenhuma noção de graça divina que fortalecesse a vontade e iluminasse a mente na luta contra o mal. Há uma ou duas alusões à prece, mas nada que mostre que a oração diária era recomendada ao aspirante à perfeição.

Os caminhos para a virtude
No Confucionismo, os caminhos para o desenvolvimento da virtude são naturais e providenciais, nada mais. Mas, neste desenvolvimento da perfeição moral, Confúcio procurou despertar em outros o entusiasta amor pela virtude que ele próprio sentia. Tornarmo-nos o melhor possível – esta era a sua maior preocupação na vida.
Tudo o que conduzisse à prática do bem devia ser avidamente procurado e utilizado. Para atingir este fim, o conhecimento correcto devia ser considerado indispensável. Tal como Sócrates, Confúcio ensinou que o vício brotava da ignorância e que o conhecimento levava infalivelmente à virtude. O conhecimento em que Confúcio insistia não era puramente o ensinamento científico, mas sim o exemplar conhecimento dos textos sagrados e das regras de virtude e decoro.
Outro factor sobre o qual pôs a tónica foi a influência do bom exemplo. Confúcio gostava de dar a conhecer aos seus discípulos os heróis e sábios do passado, aqueles cujos feitos e palavras ele procurou promover ao insistir no estudo dos clássicos antigos. Muitos dos seus provérbios registados são elegias a esses valorosos homens de virtude.
Também não deixou de reconhecer o valor dos bons e morais companheiros. O seu lema era associar-se aos verdadeiramente grandiosos e fazer amizade com os mais virtuosos. Apesar da associação aos bons, Confúcio fez ver aos seus discípulos a importância de acolher sempre a correcção fraternal dos erros de cada um. Aí, também a análise diária de consciência era inculcada.
Como ajuda suplementar à formação de um carácter virtuoso, valorizava muito uma certa quantidade de autodisciplina. Reconhecia o perigo, particularmente nos jovens, de se cair em hábitos de suavidade e de amor pela tranquilidade. Daí ele insistir numa indiferença viril em relação a confortos efeminados.
Também na arte da música reconhecia uma valiosa ajuda para provocar o entusiasmo para a prática da virtude. Ensinou aos seus pupilos as “Odes” e outras canções edificantes, que eles cantavam em uníssono com o acompanhamento de alaúdes e harpas.
Tudo isto, associado ao magnetismo da sua influência pessoal, conferiu uma forte qualidade emocional aos seus ensinamentos.

As virtudes fundamentais
Como base para a vida de bondade perfeita, Confúcio insistia principalmente nas quatro virtudes da sinceridade, benevolência, devoção filial e decoro. A sinceridade era uma virtude cardinal. Usada por ele, significava mais do que uma mera relação social. Ser verdadeiro e sincero no discurso, fiel às suas promessas, consciencioso nos seus deveres para com os outros – tudo isto e muito mais estava incluído na sinceridade.
Aos olhos de Confúcio, o homem sincero era aquele cuja conduta fosse sempre baseada no amor da virtude e que, consequentemente, procurasse observar as regras da conduta correcta no seu coração e em acções exteriores, tanto sozinho como na presença de outros.
A benevolência, que se revela na preocupação com o bem-estar dos outros e na prontidão em ajudá-los quando há necessidade, era também um elemento fundamental nos ensinamentos de Confúcio. A benevolência era considerada a principal característica do homem bom.
A terceira virtude fundamental no sistema confucionista é a devoção filial. No livro da Devoção Filial (que alguns consideram como o sexto Clássico), Confúcio registou que “a devoção filial é a raiz de toda a virtude” e que “de todas as acções do homem, não há nenhuma maior do que a devoção filial”.
Para os chineses, agora e antigamente, a devoção filial incitava o filho a amar e respeitar os seus pais, a contribuir para o seu conforto e a trazer felicidade e honra ao seu nome. Mas, ao mesmo tempo, levava essa devoção a um nível excessivo e errado. Como consequência do sistema patriarcal que prevalecia, a devoção filial incluía a obrigação de os filhos de viverem debaixo do mesmo tecto dos pais até à morte deste, mesmo depois de casados.
A vontade dos pais era suprema, a ponto de o filho ter de divorciar-se da esposa caso os pais não a aprovassem. Se um filho cumpridor tivesse vontade de admoestar um pai voluntarioso, era-lhe ensinado a fazer a correcção com a maior submissão. Embora o pai lhe pudesse bater até fazer sangue, o filho não poderia mostrar qualquer ressentimento. O pai não perdia o seu direito ao respeito filial, por maior que fosse a sua malvadez.
Outra virtude de importância primordial no sistema confucionista era o “decoro”. Abarcava toda a esfera da conduta humana, levando o homem superior a fazer sempre a coisa certa no sítio certo. Encontra expressão nas chamadas regras de cerimónia, que não estão confinadas a ritos religiosos e regras de conduta moral, mas que se estendem à desconcertante massa de costumes e usos convencionais pelos quais a etiqueta chinesa é regulada.
Os usos convencionais, bem como as regras de conduta moral, traziam consigo o sentido de obrigação que assentava em primeiro lugar na autoridade dos Clássicos e, em última análise, na vontade do Céu. Ignorá-los ou desviar-se deles era equivalente a um acto de falta de respeito.

A política
Confúcio conhecia apenas uma forma de governo, a monarquia tradicional da sua terra natal. Era a extensão do sistema patriarcal a toda a nação.
O rei exercia uma autoridade absoluta sobre os seus súbditos, tal como o pai sobre os seus filhos. Governava por direito divino. Era colocado no trono pelo Céu para iluminar as pessoas com leis sensatas e para guiá-las até à bondade através do seu exemplo e autoridade. Daí a sua designação de “filho do Céu”.
Para merecer este título, devia reflectir a virtude celestial. Apenas o rei com elevação de espírito ganhava os favores do Céu e era recompensado com a prosperidade. O rei indigno perdia a assistência divina e caía na ruína.
Os textos confucionistas estão cheios de lições e avisos sobre este tema da governação correcta. O valor do bom exemplo do governante é fortemente enfatizado. Vezes sem conta, é defendido o princípio de que as pessoas não podem deixar de praticar a virtude e de prosperar quando o governante dá o grande exemplo de uma conduta correcta.
Por outro lado, é veiculada em vários sítios a implicação de que quando o crime e a miséria abundam, a causa deve ser procurada no rei indigno e nos seus ministros sem princípios

domingo, 18 de maio de 2008

7º ANO: RELIGIÃO-BUDISMO

BudismoNirvana é uma palavra familiar a muitos de nós mas...sabes o que significa?
Fica a conhecer uma das grandes religiões do mundo, surgida há mais de 2500 anos.

Budismo
O que é?
Buda
Uma das grandes religiões do mundo, surgida na Índia cerca de 500 a.C. Derivou do ensinamento de Siddhartha Gautama, considerado como um de entre os seres iluminados designados por Buda. Não tem deuses. A noção de karma constitui a pedra de toque da doutrina. Essa noção significa boas e más acções que recebem a adequada recompensa ou castigo, quer nesta vida, quer através de uma longa sucessão de vidas, por meio da reencarnação. As principais divisões do Budismo são o Teravada (ou Hinayana), no sudeste da Ásia e o Maayana, no norte da Ásia. Entre as muitas seitas Maayana, contam-se o lamaísmo no Tibete e o zen no Japão. O seu símbolo é o lótus. Segundo números de 1994, existem, em todo o mundo, mais de 300 milhões de budistas.
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Buda
O fundador do Budismo
O fundador do Budismo foi Siddhartha Gautama, sobre quem existem várias histórias, algumas já transformadas em lendas. Sobre a vida deste homem sabe-se que terá vivido entre 560 e 480 a.C. e que seria filho de um rajá que habitava no nordeste da Índia.O rajá desde sempre proporcionou ao seu filho todo o bem-estar e riqueza do mundo. O príncipe Siddhartha viveu rodeado de prazeres e divertimentos, mas sempre dentro dos muros do palácio, pois o seu pai ouvira uma profecia que revelava que o seu filho seguiria um de dois rumos: ou se iria tornar um líder mundial ou renunciaria a esse destino, caso testemunhasse a necessidade e o sofrimento do mundo. Para evitar que o filho tomasse conhecimento dos males do mundo, manteve-o no interior do palácio.Embora o pai sempre o tenha protegido da infelicidade, a sua felicidade desfez-se quando tomou consciência dos factos básicos da existência. Em quatro passeios fora do palácio, encontrou quatro sinais: um homem velho, um homem doente, um cadáver e um monge. Os primeiros três simbolizavam o sofrimento da humanidade e o quarto o destino de Siddhartha.Como consequência, decidiu abandonar a sua casa, o seu país, a sua família, e a sua riqueza, para poder encontrar a salvação no ascetismo. Tinha 29 anos quando rapou cabelo e barba e vestiu as suas vestes amarelas.Após uma vida de abundância, Siddhartha volta-se para a prática ascética. Segundo a lenda, força-se a comer cada vez menos até conseguir alimentar-se com um único grão de arroz por dia.O seu objectivo era vencer o sofrimento mas nem o ascetismo nem o ioga lhe davam aquilo que procurava. Foi então que entrou na Via do Meio, procurando a salvação através da meditação.Com trinta e cinco anos, enquanto meditava debaixo de uma figueira nas margens de um afluente do Ganges, alcança a Iluminação. É neste momento que se torna um buddha, ou seja, “o iluminado”.De repente, tudo se torna claro para ele: o que é, porque é, como as criaturas são apanhadas em luxúria cega para a vida, como se desviam de corpo para corpo numa interminável cadeia de renascimentos, o que é o sofrimento, de onde vem, como pode ser ultrapassado.O seu interior é pronunciado como uma doutrina: nenhum prazer mundano ou ascética mortificação da carne é o modo certo de vida. O primeiro é ignóbil, o segundo é rico em sofrimento, e nenhum deles leva ao objectivo final. A descoberta de Buda é a Via do Meio. É o caminho da salvação. Começa na crença de que toda a existência é sofrimento e de que o essencial é a redenção do sofrimento. Então, através da decisão de viver correctamente em palavras e actos, a Via do Meio leva à imersão em vários níveis de meditação e, através da meditação, ao conhecimento do que já estava presente na crença inicial: a verdade do sofrimento. É só no fim que se alcança o claro conhecimento do Caminho que se percorreu, a Iluminação. O círculo fecha-se e alcança-se a realização. Esta Iluminação é o degrau entre a existência mundana e o Nirvana.Durante sete dias e sete noites, Buda esteve sentado debaixo daquela figueira. É aqui que adquire a compreensão de uma realidade que não é transitória, uma realidade absoluta acima do tempo e do espaço. No Budismo, dá-se o nome de Nirvana a este estado.As acções efectuadas em qualquer existência do presente são o karma que determina a forma do renascimento seguinte, tal como a existência foi determinada por uma acção anterior. O mundo não muda mas, para o Conhecedor, a salvação é possível nele. Liberto de novos renascimentos, entra no Nirvana.Buda adquiriu este conhecimento com a solidão. Mas Buda não pode preservar a sua auto-suficiência, mantendo a sua redenção só para si. Depois de uma luta interior, decide divulgar a sua doutrina. Não tem muitas expectativas e, mais tarde, quando a sua pregação começa a atrair hordas de gente, ele prevê que a verdadeira doutrina não durará muito tempo.A sua pregação começa no Parque dos Veados, em Benares, onde ele atrai os seus primeiros discípulos. Viveria mais quarenta anos, deambulando e oferecendo os seus ensinamentos nos vastos territórios do norte da Índia. Espiritualmente, nada de novo lhe acontecera. O fulcro dos seus sermões era uma doutrina acabada, fazia variações sobre um mesmo tema. Consequentemente, podemos falar deste período apenas como um todo. Buda ensinava em sermões, histórias, parábolas e máximas. Pregava em vernáculo, não em sânscrito. Usava imagens concretas nos seus ensinamentos mas utilizava conceitos tirados da filosofia hindu.A sua enorme influência histórica mantém-se nas comunidades monásticas que fundou. Os seus discípulos deixaram a casa, a profissão e a família. Deambularam por locais longínquos, em pobreza e castidade, tonsurados e vestidos com hábitos monacais amarelos. Depois de obterem a redenção da Iluminação, não desejavam mais nada do mundo. Viviam de esmolas e passavam pelas aldeias transportando malgas onde as pessoas depositavam comida. Desde o início que as comunidades tinham as suas regras e normas, os seus líderes e a sua disciplina. Durante alguns períodos de tempo, juntavam-se a eles companheiros laicos, incluindo reis, mercadores abastados, nobres e cortesãos famosos. Todos eram generosos com as suas ofertas. As comunidades monásticas adquiriram parques e casas onde os grupos de pessoas que desejassem receber a doutrina pudessem ficar alojados durante a época da chuva.À medida que se foi espalhando, este monasticismo foi encontrando resistência.A luta foi travada com armas espirituais. Buda não se confrontou com um poder espiritual unido. A religião védica apresentava muitas tendências. Já havia comunidades ascéticas, existiam numerosas filosofias e até mesmo uma técnica sofista para confundir um adversário com muitas perguntas, em que as respostas envolviam contradições. Mas, como Buda rejeitava os sacrifícios da religião védica, e a própria autoridade dos Vedas, a sua pregação constituía um corte radical com toda a religião tradicional.Os textos revelam uma imagem colorida da vida e actividade do Buda e dos seus monges. A estação das chuvas obrigava-os a passarem três meses na casa com os seus grandes átrios e despensas, ou perto dos lagos de lótus no parque adjacente. O resto do ano era passado em deambulação. Quando andavam a deambular, dormiam ao relento ou eram albergados pelos fiéis. Quando se encontravam grupos de monges, começava um grande alvolroço. Quando Buda estava prestes a aparecer, faziam-nos calar, pois ele era um amante da paz e da calma.Reis, nobres e mercadores chegavam em carruagens ou elefantes para falar com Buda e com os monges. Todos os dias, o próprio Buda pegava na sua malga de pedinte e passava de casa em casa. Hordas de discípulos seguiam-no por toda a parte e os companheiros leigos acompanhavam a procissão, alguns deles em vagões que transportavam mantimentos.A memória da morte de Buda e o período que a precedeu foram preservados. A data da sua morte, 480 a.C., é tida como certa. A sua última deambulação foi descrita ao pormenor. No início, tentou tirar o melhor partido da sua dolorosa doença e agarrar-se à vida. Mas, depois, decidiu colocar a sua vontade em segundo plano: “daqui a três meses, o Perfeito entrará no Nirvana.”Durante a viagem, olha pela última vez para a cidade amada de Vesali. Quando entraram num pequeno bosque, deu as suas últimas instruções: “Faz-me uma cama entre duas árvores gémeas, com a cabeça para norte. Estou cansado, Ananda.” E deitou-se como um leão se deita para descansar.Quando um dos seus discípulos começou a chorar, disse: “Não, Ananda. Não chores, não lamentes. Não te ensinei que a morte está na natureza de todas as coisas que nos estão próximas e que nos são queridas? Então, Ananda, já que tudo o que nasce contém em si mesmo uma inerente necessidade de dissolução, como é que esse ser pode não se dissolver?”Os discípulos acreditam que com a morte de Buda o mundo perdeu o seu mestre. “Não pensem assim. A doutrina e a ordem que vos ensinei serão os vossos mestres quando partir. O Ser Perfeito não pensa que deve ser ele a guiar a irmandade... Agora estou velho, a minha viagem está a chegar ao fim, estou a fazer oitenta anos de idade. Assim, oh Ananda, que haja luz dentro de vós. Confiem em vós mesmos. Agarrem-se à verdade como a uma luz. Procurem a salvação na verdade.” As suas últimas palavras foram: “Tudo o que conseguimos é passageiro. Lutem incessantemente.” Depois, passando de um nível de contemplação para o seguinte, Buda entrou no Nirvana.

Fontes:Eastern religions O Livro das Religiões, de Jostein Gaarder

Elementos-chave do Budismo
Crenças
No Budismo, o eu é considerado como impermanente, uma vez que está sujeito à transformação e ao declínio. O que causa a desilusão, o sofrimento, a ganância e a aversão, é o seu apego a coisas que são, na sua essência, impermanentes. Estes sentimentos, por sua vez, originam karma, o que reforça o sentido do eu. As acções que conduzem ao altruísmo são consideradas como «karma conhecedor» e estão no caminho que conduz à iluminação. Nas Quatro Nobres Verdades, o Buda reconheceu a existência do sofrimento e a sua causa e indicou a via de libertação através do Caminho das Oito Vias ou Nobre Óctupla Senda. O objectivo desta última é quebrar as cadeias do karma e alcançar o desprendimento do corpo através da realização do nirvana, isto é, da erradicação de todos os desejos e do aniquilamento ou dissolução do eu no infinito. É prestada uma grande devoção e reverência ao Buda histórico (Sakyamuni, ou, quando referenciado pelo seu nome de clã, Gautama), que é visto como um elo de uma longa série de sucessivos Budas. O próximo Buda (Maitreya) é esperado para o ano 3000. O Budismo Teravada, a Escola dos Anciãos, também conhecida como Hinayana, ou Pequeno Veículo, é maioritário no sudeste da Ásia (Ceilão, Tailândia). Sublinha a mendicância e a vida contemplativa como via para quebrar o ciclo da samsara, ou morte e renascimento. Os seus três objectivos alternativos são: arat, o estado daquele que alcançou uma visão profunda da verdadeira natureza das coisas; paccekabuda, um iluminado que vive retirado e não se dedica ao ensino; Buda, a iluminação total. As suas escrituras estão redigidas em pali, uma língua indo-ariana com raízes no norte da Índia. Por volta do século XIII, o Budismo extinguiu-se na própria Índia, tendo sido substituído pelo hinduísmo. No entanto, existem actualmente cinco milhões de devotos, número com tendência para aumentar. O Budismo Maayana, ou Grande Veículo, surgiu no início da era cristã. Esta tradição põe o acento tónico em Buda como princípio eterno e sem forma, essência de todas as coisas. Exorta os indivíduos a alcançar pessoalmente o nirvana, e, inclusivamente, a tornarem-se sucessores de Buda ou Bodisatva, podendo, assim, salvar os outros. Isto significa que um crente pode alcançar a iluminação através de um Bodisatva sem seguir a austeridade do Teravada, e o culto dos diversos Budas e Bodisatvas anteriores. O Budismo Maayana também acentua a doutrina sunyata, ou a compreensão obtida através da experiência do fundamental vazio (leia-se não substancialidade) de todas as coisas, incluindo a doutrina budista. O Budismo Maayana é dominante na China, Coreia, Japão e Tibete. No século VI, difundiu-se na China com os ensinamentos de Bodidarma, dando origem ao Tch´an, que se radicou no Japão desde o século XII como Budismo Zen. O Zen privilegia a meditação silenciosa que apenas é interrompida por súbitas intervenções de um mestre com o objectivo de encorajar o despertar da mente. No Japão também foi organizada a sociedade laica Soka Gakkai (Sociedade para a Criação do Merecimento), fundada em 1930, e que compatibiliza a fé mais profunda com os benefícios materiais imediatos. Nos anos 80 contava mais de sete milhões de chefes de família entre os seus aderentes. O Budismo esotérico, tântrico, ou Budismo do Diamante, popular no Tibete e no Japão, defende que a iluminação se encontra já no interior do discípulo e que, com uma orientação apropriada (isto é, a orientação de um mestre), pode ser alcançada.

In Enciclopédia Universal, Texto Editora

Elementos-chave do Budismo
As Quatro Verdades Nobres
Depois de ter experimentado o seu período de Iluminação debaixo da figueira, onde permaneceu em meditação, Buda levantou-se e iniciou a caminhada até à cidade santa de Benares. A poucos quilómetros da cidade, num parque de veados em Sarnath, parou para pregar o seu primeiro sermão. A congregação era pequena – apenas cinco ascetas que agora se tornavam os seus primeiros discípulos.O tema era “As Quatro Verdades Nobres”. O seu primeiro discurso formal foi uma declaração das principais revelações que a sua demanda de seis anos lhe proporcionou.As Quatro Verdades Nobres foram a resposta do Buda ao pedido de listar em forma de proposições as suas quatro maiores convicções sobre a vida. Juntas, são os axiomas do seu sistema, os postulados dos quais logicamente derivam os seus ensinamentos.A Primeira Verdade Nobre é a de que a vida é o dukkha, geralmente traduzido por “sofrimento”. Mas este sofrimento em termos budistas é mais do que o desconforto físico ou psicológico. A Primeira Verdade Nobre determina que tudo na vida é sofrimento: “O nascimento é sofrimento, envelhecer é sofrimento, a morte é sofrimento, estar ligado àquilo de que não gostamos é sofrimento, separarmo-nos do que amamos é sofrimento, não obter o que almejamos é sofrimento”. Contrariamente ao que dizem as antigas interpretações ocidentais, a filosofia do Buda não era pessimista. O retrato da vida humana pode ser feito à vontade de cada um; a questão do pessimismo só é levantada quando se diz que ele pode ser melhorado. Heinrich Zimmer afirma que “tudo no pensamento indiano se baseia no conceito básico de que tudo está bem. Prevalece um optimismo supremo por toda a parte.” Mas o Buda viu claramente que a vida, como é tipicamente vivida, é incompleta e repleta de insegurança.Assim, o dukkha representa o sofrimento que dá cor toda a existência finita. O verdadeiro significado da Primeira Verdade Nobre é o de que a vida (na condição em que está) está inadequada. Alguma coisa correu mal. Algo saiu da engrenagem. Como o seu pivot não é verdadeiro, a fricção (conflito interpessoal) é excessiva, o movimento (criatividade) está bloqueado, e tudo isto causa sofrimento.Visto ter uma mente analítica, o Buda não se contentou em deixar a sua Primeira Verdade Nobre nesta forma generalizada. Assim, apontou seis momentos em que a inadequação da vida se torna mais visível. Ricos ou pobres, pouco ou muito inteligentes, todos os seres humanos passam por:O trauma do nascimentoA patologia da doençaA morbidez da decrepitudeA fobia da morteA ligação ao que não se gostaA separação dos entes amadosPara poder curar o sofrimento, é preciso saber qual a sua causa. Na Segunda Verdade Nobre Buda revela que o sofrimento é causado pelo anseio do homem – o tanha.O tanha é um anseio específico, o desejo da própria satisfação. Quando o homem é altruísta, ele é livre, mas a dificuldade reside precisamente em manter esse estado de altruísmo. O tanha é a força que o quebra, afastando-nos da liberdade para encontrar a satisfação nos nossos egos. Como a satisfação plena nunca é alcançada, existirá sempre uma sensação de descontentamento e, consequentemente, a manutenção do sofrimento.Em vez de dedicarmos a nossa fé e amor ao destino do todo, insistimos em deixá-los só para nós, enquanto seres individuais e finitos. Quanto mais aumentarmos o ego, mais apertada ficará a livre circulação de que a saúde depende e mais o sofrimento aumenta.A Terceira Verdade Nobre deriva da Segunda. Se a causa da inadequação da vida é o anseio egoísta, a sua cura reside no ultrapassar deste anseio. Se nos pudéssemos libertar dos estreitos limites dos interesses egoístas para nos dedicarmos à vasta extensão da vida universal, poderíamos aliviar o tormento.A Quarta Verdade Nobre mostra como alcançar a cura. O suplantar do tanha, a saída da nossa prisão, consegue-se através do Caminho das Oito Vias.
Fontes:Eastern religions O Livro das Religiões, de Jostein Gaarder

Elementos-chave do Budismo
O Caminho das Oito Vias
Buda acreditava que os extremos da vida deviam ser evitados. Tanto o prazer extravagante como a abnegação exagerada deviam ser evitados. Ambos os extremos provocam sofrimento e, segundo Buda, o caminho para o fim do sofrimento é a via do meio, que Buda descreve em oito secções:
1. Visão CorrectaA vida envolve sempre mais do que crenças, mas nunca podemos desviar-nos delas completamente porque, além de sermos animais sociais, somos também animais racionais. Não totalmente, como o Buda reconheceu, mas a vida precisa de projectos, de mapas em que a mente possa confiar se as nossas energias forem dirigidas para esse propósito.Um elefante, por mais perigo que corra, não fará nada para fugir até se assegurar de que o caminho que vai percorrer suportará o seu peso. Sem ter esta certeza, irá preferir a agonia do que a incerteza da queda.O mesmo acontece com o ser humano. Até que a razão seja satisfeita, o indivíduo não avança com firmeza em nenhuma direcção.Assim, é necessária alguma orientação intelectual antes de se fazer algo com firmeza. As Quatro Verdades Nobres fornecem esta orientação. O sofrimento é provocado pelo desejo de satisfação pessoal. Esse desejo, ou anseio é refreado através do Caminho das Oito Vias.
2. Aspirações CorrectasEnquanto o primeiro passo nos leva a tomar decisões tendo em conta o problema básico da vida, o segundo aconselha-nos a deixar que os nossos corações sigam os seus desejos.
3. Linguagem CorrectaÉ necessário ser-se verdadeiro no que se diz. A primeira tarefa é tentarmos estar cientes da nossa linguagem e do que ela revela sobre a nossa personalidade. Ao invés de começarmos com a decisão de só dizermos a verdade, faremos melhor se recuarmos um pouco e pensarmos na quantidade de vezes que, durante o dia, nos desviamos da verdade e por que razão o fazemos. O homem deve abster-se da mentira, da bisbilhotice e das frivolidades e deve falar de forma verdadeira, amigável e atenciosa.
4. Conduta CorrectaAntes de tentarmos melhorá-lo, devemos entender o nosso comportamento. A conduta correcta para os budistas implica não matar nenhum ser vivo, não roubar, não se entregar a relações sexuais licenciosas, não mentir e não tomar estimulantes.
5. Actividade CorrectaBuda considerava que o progresso espiritual era impossível quando as acções humanas o contrariavam. Para aqueles que cuja vontade de libertação é suficiente para dedicarem toda a sua vida ao projecto, a actividade correcta consiste em integrar uma ordem monástica e observar a sua disciplina.Para os leigos, requer que se dediquem a ocupações que promovam a vida ao invés de destruí-la.O Buda não quis generalizar e nomeou profissões e actividades que seriam incompatíveis com a seriedade espiritual. O tráfico de escravos, a prostituição, a venda de armas, são exemplos de actividades que não são correctas.
6. Esforço CorrectoO budista não deve permitir a intervenção de pensamentos ou de estados de espírito destrutivos, e se estes já se tiverem instalado, deverá tentar desviá-los antes que eles tenham efeitos visíveis.
7. Atenção CorrectaNenhum outro mentor exerceu mais influência sobre a vida do que Buda. O mais amado de todos os textos budistas, o Dhammapada, começa assim: “Tudo o que somos é o resultado daquilo que pensámos.” Buda considerava que a liberdade – a libertação da nossa existência inconsciente e automática – é alcançada através do auto-conhecimento. Se tomarmos atenção aos nossos pensamentos e sentimentos, percebemos que eles entram e saem da nossa consciência e não constituem parte permanente de nós. Devemos testemunhar todas as coisas de forma não reactiva, especialmente os nossos estados de espírito e emoções, de modo a não condenar umas e dar demasiada importância a outras.
8. Êxtase CorrectoNesta fase, o budista deve conseguir alcançar o controlo completo sobre a mente e o corpo. Depois disso, estará pronto para iniciar a meditação.
Fontes:Eastern religions O Livro das Religiões, de Jostein Gaarder

Elementos-chave do Budismo
Escrituras
O cânone dos budistas do Sri Lanka, em pali, é o único cânone completo das escrituras budistas. Embora muitas outras escolas tenham o mesmo cânone, elas encontram-se em sânscrito. As escrituras, conhecidas por pitakas (cestos), datam de entre o século II e VI. Estão divididas em três grandes grupos: vinaya (disciplina), a lista das transgressões e regras de vida; sutras (discursos), ou darma (doutrina), a exposição tradicional do budismo feita por Buda e pelos seus discípulos; e abidarma (continuação da doutrina), discussões posteriores sobre a doutrina.
In Enciclopédia Universal, Texto Editora

Elementos-chave do Budismo
Festas budistas
As principais festas budistas são as que têm origem na história santa e que celebram os grandes momentos da vida do Buda, como os aniversários de nascimento do Buda, da sua Iluminação e da sua entrada no nirvana.O aniversário do nascimento do Buda, no antigo calendário lunar celebrado no oitavo dia do quarto mês, comemora-se actualmente a 8 de Abril. Durante a cerimónia, é recitada uma oração às crianças. O ritual principal é o de banhar uma estátua do Buda enquanto criança. Para esse banho, utiliza-se uma decocção de folhas de crisântemos com propriedades curativas.O aniversário da Iluminação do Buda é comemorado a 8 de Dezembro. Esta data celebra a ascese religiosa e os 49 dias passados debaixo da árvore da bodhi. É esta data que marca nos mosteiros Zen o fim de um retiro meditativo particularmente intenso, o rohatsu sesshin (de 1 a 8 de Dezembro).O aniversário do nirvana do Buda tem lugar no 15.º dia do segundo mês lunar (ou seja, 15 de Fevereiro ou 15 de Março, segundo o calendário solar). A cerimónia centra-se sobre uma imagem, muitas vezes de grandes dimensões, que representa o Buda deitado num pequeno bosque perto de Kusinagara. Ele está prestes a entrar no nirvana, rodeado dos seus discípulos desolados e de uma coorte de animais.Uma outra festa budista importante é a do higan, termo que significa “a outra margem”. Esta festa, celebrada duas vezes por ano, dura uma semana e centra-se nos equinócios da Primavera e do Outono. Durante este período, lêem-se os sutras em todos os templos e as famílias visitam o cemitério.A metáfora da “outra margem” designa, na sua origem, o objectivo da prática budista, a redenção final ou nirvana. A ideia de redenção é expressa pelo simbolismo cosmológico dos equinócios, ponto de equilíbrio entre o dia e a noite, a “Via do Meio” entre a claridade da sapiência e a obscuridade da ignorância.
Fonte: Bouddhisme, de Bernard Faure
Elementos-chave do Budismo
Provérbios do Dhamapada
Existe uma colecção de provérbios, designados por “O Caminho da Doutrina” (o Dhamapada), que revela os princípios básicos do Budismo de uma forma fácil de compreender e de fixar:Tudo o que somos é o resultado do que pensámos: está baseado nos nossos pensamentos e é feito dos nossos pensamentos.Se um homem falar ou agir com um mau pensamento, a dor segui-lo-á, como a roda segue o passo do boi que puxa o carro; se um homem falar ou agir com um pensamento puro, a felicidade segui-lo-á, como uma sombra que nunca o abandona.O ódio nunca diminui com o ódio. O ódio diminui com o amor – esta é a lei eterna.Tal como a chuva trespassa um telhado mal construído, também a luxúria trespassa uma mente mal formada.Aquele que pratica o mal sofre neste mundo e sofre no próximo – sofre nos dois. Sofre quando observa os maus resultados dos seus próprios actos.A reflexão é o caminho para a imortalidade (nirvana); a irreflexão é o caminho para a morte.Os que reflectem não morrem; os que não reflectem é como se já estivessem mortos.Através da reflexão e do autocontrolo, o homem sábio pode construir uma ilha que nenhuma cheia conseguirá inundar.Os tolos seguem a vaidade, mas o homem sábio valoriza a sua reflexão como um tesouro.Se a fé de um homem for instável e a sua paz de espírito estiver perturbada, o seu conhecimento não será perfeito.O homem, cujo corpo é tão frágil como um jarro, deve ter os pensamentos firmes como uma fortaleza.As belas palavras de quem não age de acordo com elas são como uma linda flor sem perfume.O perfume das flores não passa através do vento; mas a fragrância das pessoas boas atravessa até o vento.Mesmo que seja sobre um monte de lixo, o lótus crescerá cheio de perfume e encanto; também o verdadeiro discípulo do iluminado Buda revelará o seu brilho entre as pessoas que caminham na escuridão.Longa é a noite de quem está acordado; longo é o caminho de quem está cansado; longa é a vida dos tolos que não conhecem a lei verdadeira.Um acto malicioso, tal como o leite acabado de servir, não azeda de imediato. Se conheceres um homem que te mostre o que deve ser evitado e saiba como lidar com a reprovação, segue-o como seguirias um homem que revelasse tesouros escondidos.Mesmo que um homem saia para uma batalha mil vezes contra mil homens, se ele se conquistar a si próprio será um grande conquistador.Nem mesmo um deus pode transformar em derrota a vitória de um homem que se venceu a si mesmo.Mesmo que a água caia gota a gota, ela encherá o pote; e o tolo encher-se-á de maldade, embora a vá acumulando aos poucos.O próprio ser é o mais difícil de subjugar.Os homens, guiados pelo medo, procuram muitos refúgios – as montanhas, as florestas, os grupos de árvores sagradas – mas nada os liberta do sofrimento. Mas o que procura refúgio em Buda – que observa as Quatro Verdades Nobres e segue o Caminho das Oito Vias – será libertado do sofrimento.Aquele que experimentou a doçura da solidão e da tranquilidade ficará livre do medo e do pecado.O sofrimento e o medo vêm do prazer; aquele que está livre do prazer não conhece sofrimento nem medo.Nenhum sofrimento recai sobre o homem que a nada chama seu.És tu próprio quem tem de fazer o esforço. Os Budas apenas ensinam.Deita abaixo toda a floresta do desejo, não apenas uma árvore.O brilho das pessoas boas vê-se à distância, como os cumes dos Himalaias.Sem conhecimento não existe meditação, sem meditação não existe conhecimento. Aquele que tem conhecimento e meditação está perto do nirvana.

Fonte:Eastern religions
Tradução: Site Educação

quarta-feira, 14 de maio de 2008

7º ANO: ANTIGA GRÉCIA-HOMERO-ILÍADA-TRÓIA

Troia - Aquiles
A Ilíada ou uma história sobre a Guerra de Tróia
A narrativa do poema épico Ilíada, a questão a sua autoria e as descobertas sobre Tróia. Uma visita ao passado que ainda motiva muitas interrogações e descobertas.






O que é a Ilíada
A narrativa da obra

O poema épico Ilíada conta-nos o drama de Aquiles, o mais valoroso de todos os guerreiros e rei dos Mirmidões, filho da deusa Tétis, esposa do mortal Peleu (rei de Ftia, na Tessália) durante a Guerra de Tróia.Conta a lenda que a Guerra de Tróia teve início com o rapto de Helena (mulher de Menelau, Rei de Esparta) por Páris (filho do rei Príamo, de Tróia). Segundo a mitologia grega, Helena tinha-lhe sido prometida pela deusa do amor, Afrodite, como recompensa, aquando do julgamento em que ele teve de decidir qual das três deusas (Afrofite, Hera e Atena) era a mais bela. Helena era tida como a mulher mais bela da Terra.O título deste poema, cuja acção é situada no nono ano da guerra entre Gregos e Troianos, tem origem na palavra "Ílion" (a designação de Tróia, em grego). São 15.693 os versos da obra que se divide em 24 cantos (cada um é designado por uma maiúscula do alfabeto grego, que totaliza também 24 letras). A divisão em cantos foi feita pelos filólogos de Alexandria, os Alexandrinos. Na Ilíada a designação de Aqueus frequentemente abrange todos os contingentes sob o comando do rei Agamémnon. No canto primeiro da obra, Crises, sacerdote de Apolo (um dos deuses mais venerados e que transmitia aos homens os segredos da vida e da morte), vai até às embarcações dos Aqueus (que estão ancoradas "frente" a Tróia, então cercada) pedir aos chefes que lhe seja restituída a sua filha Criseida, cativa de guerra e que tinha sido atribuída a Agamémnon (chefe dos exércitos gregos e irmão de Menelau) após o seu rapto. Este recusa restituir a filha de Crises que, após se retirar, pede ao deus Apolo que castigue os Aqueus. O deus Apolo, acedendo ao pedido, lança a peste sobre os Aqueus que cercam Tróia. Aquiles pede então que se reúna a assembleia dos chefes. Depois do adivinho revelar o motivo do flagelo, e após uma violenta discussão com Aquiles, Agamémnon aceita devolver Criseida. No entanto, impõe uma condição: ficar com outra cativa, Briseida, que coubera a Aquiles. Aquiles acaba por se afastar do combate e, ao perder Briseida, pede a sua mãe, Tétis, que peça a Zeus que faça com que os Aqueus sejam castigados. Criseida volta para o seu pai e a peste acaba. O pedido de Tétis é atendido, o que motiva uma discussão no Olimpo entre Hera (esposa e irmã de Zeus) e este deus supremo. Hefestos apazigua a discussão que termina com um festim dos deuses. No entanto, devido a um sonho enganador motivado por Zeus, o rei Agamémon é levado a entrar em combate. Para pôr termo à guerra, é decidido realizar um duelo entre Páris e Menelau. Findo o combate, uma seta é disparada por um arqueiro troiano, o que faz com que a guerra recomece. Zeus impediu os outros deuses de interferirem no conflito mas, tal como havia prometido a Tétis, provocou toda a espécie de dificuldades aos Aqueus. Tantas e tão graves estas foram, que Agamémnon pediu a Aquiles que "fizessem as pazes", chegando a enviar uma embaixada até ao guerreiro. Apesar da sua resposta negativa, Aquiles concorda em emprestar a sua extraordinária armadura ao amigo Pátroclo, que segue para Tróia com o exército dos Mirmidões. Porém, e apesar da sua bravura, Pátroclo acabar por ser morto por Heitor. Dominado pelo desgosto e pela raiva que a morte do seu amigo lhe provoca, Aquiles volta ao cerco de Tróia e ataca os troianos, reconciliando-se com Agamémnon. Sem as suas armas (levadas por Heitor quando matou Pátroclo), Aquiles usa uma armadura em oiro feita por Hefesto (deus do fogo, filho de Hera e de Zeus) a pedido de Tétis. O rio de Tróia quase que transborda com a mortandade provocada por Aquiles que consegue fazer recuar para dentro dos muros da cidade todos os troianos, à excepção do filho de Príamo, Heitor. Este, aterrorizado pela fúria de Aquiles, tenta fugir. Após uma longa perseguição, Aquiles atravessa a sua lança na única parte descoberta do corpo de Heitor. Aquiles não tem piedade: mata Heitor, ata-o pelos pés ao seu carro e, cheio de fúria, arrasta o cadáver pelo campo de batalha. No canto seguinte, Pátroclo é cremado e realizam-se os jogos fúnebres em sua honra. À noite, o velho rei Príamo desloca-se até à tenda de Aquiles e pede a restituição do cadáver de seu filho Heitor. Só após a intervenção de Zeus Aquiles aceita devolver o cadáver a Príamo e concorda com o estabelecimento de doze dias de tréguas para que tenham lugar as celebrações fúnebres. O poema Ilíada acaba com os funerais de Heitor. A morte de Aquiles, às mãos de Páris (que o atinge com uma flecha no calcanhar, o único ponto vulnerável do corpo do herói) e "com uma ajuda" de Apolo já não é mencionada na Ilíada. Sabe-se que este episódio era relatado em Aithiopis (um poema do ciclo épico). A coragem e valor de Aquiles são expressões que caracterizam este herói homérico. Com um forte poder de persuasão, Aquiles destaca-se acima de tudo, por prezar a sua honra. É no final da Ilíada que se revelam com mais ênfase as principais características de Aquiles: o guerreiro vencedor que vinga a morte do seu grande amigo de forma brutal e, por outro lado, a humanidade que revela ao aceder ao pedido do rei Príamo e entregar-lhe o corpo do seu filho. Foram poucos os contributos de outros autores para a lenda deste herói épico.
Homero
Homero - personagem real ou imaginário?
Há mais de dois mil anos que o nome de Homero se encontra vinculado à autoria da Ilíada e também à da Odisseia. Porém, não existe nenhuma prova concreta de que o poeta tenha realmente existido. As dúvidas são muitas e constituem mesmo a "questão homérica". Homero menciona Tróia, primeiro na Ilíada e depois na Odisseia. Mais tarde, esta cidade torna-se no tema mais popular do drama grego. Segundo a tradição da Antiguidade, a Ilíada e a Odisseia, terão tido origem na tradição oral. Ambas abordam os valores militares, a hierarquia social e as emoções e objectivos de uma classe heróica de guerreiros, apoiada ou antagonizada pelos deuses. A informação disponível sobre Homero é bastante escassa. Segundo Heródoto (historiador grego), Homero nasceu cerca de 850 a.C. na Jónia, antigo distrito grego da costa ocidental da Anatólia (que actualmente constitui a parte asiática da Turquia).Pensa-se também que Homero poderá ter sido originário de um povoado grego jónico, devido ao dialecto que predomina nos poemas. As cidades jónicas Esmirna e Quio reclamam a honra de ter sido o "berço" de Homero. As fontes mais antigas sobre o poeta contêm numerosas contradições; apenas se sabe que é a ele que os Gregos atribuíam a autoria dos dois poemas acima citados. Não obstante, pesquisas recentes, indicam que a data de composição de ambos as obras deva ser situada no final da Idade das Trevas (750 a.C.) ou no início do Período Arcaico (entre 750 a.C. e 713 a.C.), sendo a Odisseia o último dos dois poemas. A pouca fiabilidade dos dados biográficos, assim como as muitas lendas que sobre ele são contadas, fizeram com que a existência deste poeta fosse questionada já no século XVIII. A Ilíada e a Odisseia tiveram um efeito imediato e assinalável na sociedade e cultura gregas e influenciaram profundamente o poeta romano Virgílio (70-19 a.C.) na redacção da Eneida. As opiniões continuam a dividir-se; uns consideram Homero apenas um mero compilador dos versos que integram as suas obras, enquanto outros o referenciam como autor dos poemas. Esta última hipótese tem vindo a ganhar mais consistência entre os historiadores.

Deuses e Homens
Helena
HELENA DE TRÓIA 
Helena é a mulher do rei Menelau, de Esparta. É apontada como a origem da guerra entre Gregos e Troianos, embora algumas interpretações afirmem que Agamémnon desejava há muito apoderar-se de Tróia, tendo o rapto consentido de Helena sido apenas uma boa desculpa para iniciar o conflito.Helena é filha de Zeus e de Leda e (meia) irmã de Climnestra e dos gémeos Castor e Pólux. A mãe de Helena (que Zeus seduziu assumindo a forma de um cisne) casou com Tíndaro. A jovem e muito bela Helena atraiu à casa de Tíndaro uma multidão de pretendentes que desejavam a sua mão em casamento. De entre todos, Helena escolheu Menelau, com o qual casou e ao qual deu uma filha, Hermíone.Quando, aconselhado por Afrodite, Páris chegou à corte de Menelau, apaixonou-se perdidamente por Helena, que era então a mais bela mulher do mundo. Menelau recebeu Páris com gentileza e teve de partir para Creta, onde deveria assistir a algumas cerimónias. Na sua ausência, Páris seduziu Helena (com a ajuda dos poderes de Afrodite) e levou-a para Tróia. Em Tróia, Helena acaba por ser aceite pelo velho rei Príamo, pai de Páris. Após a morte de Páris, em combate, a mão de Helena é concedida a Deífobo, também filho de Príamo. Após a conquista de Tróia pelos Aqueus, tendo Deífobo sido morto por Menelau, Helena voltou com este para Esparta.
Páris
Helena e Páris
 Jacques-Louis David, Museu do Louvre

Páris (que em alguns texto é chamado Alexandre) é o filho mais novo do rei Príamo de Tróia e de Hécuba.Os primeiros anos da vida de Páris foram muito agitados pois, mesmo antes de ele nascer, um oráculo previu que a criança que iria nascer seria a causa da destruição de Tróia. Para evitar que a profecia se concretizasse, a criança foi abandonada no monte Ida, onde foi encontrada por pastores que a criaram.O jovem e belo Páris voltou a Tróia, onde foi identificado por sua irmã Cassandra (de acordo com algumas versões) e ocupou o seu "devido" lugar na corte.Mais tarde, a pedido dos deuses, Páris foi o juiz num concurso de beleza entre as deusas Hera, Atena e Afrodite. Páris indicou Afrodite como a mais bela, pois, antes de tomada a decisão, esta lhe prometera o amor da mais bela mulher do mundo.Aconselhado por Afrodite, Páris partiu para Esparta, onde encontrou, amou e seduziu Helena, esposa de Meneleu, rei de Esparta. Helena partiu com Páris para Tróia, provocando a fúria dos Aqueus, liderados por Menelau e seu irmão Agamémnon.Já durante a longa (durou cerca de dez anos) Guerra de Tróia, e por acordo de ambas as partes envolvidas no conflito, Páris defrontou Menelau num combate singular. Quando estava quase a ser derrotado por Menelau, Páris foi salvo in extremis por Afrodite e a Guerra prosseguiu.Páris era um hábil arqueiro e foi graças à sua perícia (e a uma pequena ajuda do deus Apolo, segundo algumas versões) que o herói Aquiles morreu, atingido por uma flecha no único local vulnerável do seu corpo, o calcanhar.Páris morreu atingido por uma flecha envenenada, disparada pelo aqueu Filoctetes.
Aquiles
Peleu e Aquiles.

Aquiles é filho de Peleu, rei da Ftia, e da deusa Tétis, filha de Posídon, deus do oceano. Descontente por este filho ser meio mortal, conta-se que Tétis terá mergulhado o corpo do bebé nas águas do Estinge, o rio que circundava os Infernos, tornando-o assim invulnerável. Como, para o mergulhar, Tétis segurou Aquiles pelo calcanhar, este era o único ponto vulnerável do corpo deste herói.Durante a sua infância e adolescência, Aquiles foi educado no monte Pélion pelo centauro Quíron, célebre pela sua sabedoria. Já adulto, Aquiles parte para Tróia com o seu amigo mais querido, Pátroclo. Antes da sua partida, Tétis, sua mãe avisou-o de que estaria a fazer uma escolha que condicionaria o seu futuro: se partisse, a sua vida seria curta mas a sua fama duraria séculos; se ficasse, viveria uma vida longa mas sem glória. Sem hesitar, Aquiles partiu para Tróia. Conformada, sua mãe ofereceu-lhe uma armadura divina e cavalos de Posídon.Autor de numerosas façanhas durante o cerco de Tróia, durante o qual se retirou durante algum tempo devido a uma disputa com Agmémnon (pela cativa Briseida), Aquiles volta em fúria para vingar a morte de Pátrolo, morto às mãos de Heitor, filho de Príamo.Aquiles mata Heitor em combate e, incapaz de dominar a sua cólera e o seu ódio, arrasta o seu corpo pelo campo de batalha, perante o olhar horrorizado de Príamo, que tudo contempla do alto das muralhas de Tróia.Aquiles foi morto por uma flecha de Páris que, guiada pelo deus Apolo, atingiu o único ponto vulnerável do herói, o calcanhar.
Será que Tróia existiu?
O conhecimento que hoje temos de Tróia está profundamente ligado ao trabalho do alemão Heinrich Schliemann e de Frank Calvet, apesar de o papel deste último nem sempre ser referido.Considerado o pai da arqueologia pré-helênica, Heinrich Schliemann (1822 – 1890) foi pioneiro neste campo e as técnicas e procedimentos que descobriu ainda hoje são usados. Conhecedor de mais de 12 línguas, Schliemann foi também um prolífico escritor. Deixou 18 diários de viagens, milhares de artigos e incontáveis cartas. No entanto, e apesar do génio inegável, é-lhe atribuída alguma tendência em combinar a realidade com a fantasia. As suas descobertas estão ligadas ao trabalho do Frank Calvet. O inglês, em desacordo com várias teorias sobre a localização de Tróia, fizera algumas escavações preliminares no monte Hisarlik, na Turquia, mas não conseguira obter financiamento do Museu Britânico para continuar o trabalho. É aqui que entra o alemão Heinrich Schliemann, um entusiasta que possuía os recursos económicos que permitiram prolongar por muitos anos estas escavações. O local revelou-se mais rico do alguém alguma vez antecipara. Porém, as histórias que surgem na altura contavam que Schliemann tivera desde a infância uma obsessão por Tróia e que as escavações tinham cumprido o seu destino, omitindo-se então as contribuições de Calvert. Em 1872, Schliemann estava convicto de ter encontrado a cidade lendária de Tróia. Afirmou até que teria encontrado o tesouro do rei Príamo, com peças que teriam sido usadas por Helena (brincos, diademas de ouro e também caldeirões de cobre, cálices de ouro, vasos de prata, punhais de cobre, lâminas de faca de prata, garrafas de ouro...). Clandestinamente, enviou os objectos encontrados para a Alemanha, tendo sido por tal processado pelo governo turco. A história torna-se mais misteriosa quando os objectos desaparecem de Berlim durante a II Guerra Mundial e reaparecem nas mãos dos Russos nos anos 90. As escavações de Schliemann, que acabaram por destruir partes do local, decorreram entre 1870 e 1890. Schliemann descobriu uma cidade que foi construída e reconstruída desde tempos anteriores à guerra de Tróia. O local foi dividido pelos arqueólogos em nove níveis (de Tróia I a Tróia IX), sendo o primeiro o mais antigo.Nas suas escavações, Schliemann assumiu que Tróia estaria no nível mais inferior, o que é hoje denominado nível II. Actualmente, pensa-se que os locais mais prováveis para a localização de Tróia, aquando da guerra, foram Tróia VI e a parte mais nova de Tróia VII. No seu momento mais áureo, no segundo milénio antes de Cristo, Tróia foi uma cidade impressionante com um próspero porto. Tinha um centro urbano, à semelhança de outras cidades da Antiguidade, com valas e vários muros defensivos de pedra e madeira.No segundo e terceiro milénios antes de Cristo, a cidade foi um importante centro cultural. Aparentemente, após a guerra de Tróia, foi abandonada entre 1100 a.C. e 700 a.C.. Cerca de 700 a.C. foi ocupada pelos Gregos, que a rebaptizaram de Ílion. Alexandre, o Grande, governou a área nos finais do século VI a.C.. Depois de tomada pelos Romanos em 85 a.C., a cidade foi restaurada parcialmente pelo general romano Sula. Após a ocupação de Constantinopla (Istambul), Tróia perdeu a sua importância. Hoje em dia as escavações continuam, num processo de descoberta que ainda não está finalizado.
Bibliografia
http://www.universal.pt/http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/http://home.att.net/~a.a.major/waroutline.htmlEnciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vols. 2 e 10, Editorial Verbo.