quarta-feira, 14 de maio de 2008

7º ANO: ANTIGA GRÉCIA-HOMERO-ILÍADA-TRÓIA

Troia - Aquiles
A Ilíada ou uma história sobre a Guerra de Tróia
A narrativa do poema épico Ilíada, a questão a sua autoria e as descobertas sobre Tróia. Uma visita ao passado que ainda motiva muitas interrogações e descobertas.






O que é a Ilíada
A narrativa da obra

O poema épico Ilíada conta-nos o drama de Aquiles, o mais valoroso de todos os guerreiros e rei dos Mirmidões, filho da deusa Tétis, esposa do mortal Peleu (rei de Ftia, na Tessália) durante a Guerra de Tróia.Conta a lenda que a Guerra de Tróia teve início com o rapto de Helena (mulher de Menelau, Rei de Esparta) por Páris (filho do rei Príamo, de Tróia). Segundo a mitologia grega, Helena tinha-lhe sido prometida pela deusa do amor, Afrodite, como recompensa, aquando do julgamento em que ele teve de decidir qual das três deusas (Afrofite, Hera e Atena) era a mais bela. Helena era tida como a mulher mais bela da Terra.O título deste poema, cuja acção é situada no nono ano da guerra entre Gregos e Troianos, tem origem na palavra "Ílion" (a designação de Tróia, em grego). São 15.693 os versos da obra que se divide em 24 cantos (cada um é designado por uma maiúscula do alfabeto grego, que totaliza também 24 letras). A divisão em cantos foi feita pelos filólogos de Alexandria, os Alexandrinos. Na Ilíada a designação de Aqueus frequentemente abrange todos os contingentes sob o comando do rei Agamémnon. No canto primeiro da obra, Crises, sacerdote de Apolo (um dos deuses mais venerados e que transmitia aos homens os segredos da vida e da morte), vai até às embarcações dos Aqueus (que estão ancoradas "frente" a Tróia, então cercada) pedir aos chefes que lhe seja restituída a sua filha Criseida, cativa de guerra e que tinha sido atribuída a Agamémnon (chefe dos exércitos gregos e irmão de Menelau) após o seu rapto. Este recusa restituir a filha de Crises que, após se retirar, pede ao deus Apolo que castigue os Aqueus. O deus Apolo, acedendo ao pedido, lança a peste sobre os Aqueus que cercam Tróia. Aquiles pede então que se reúna a assembleia dos chefes. Depois do adivinho revelar o motivo do flagelo, e após uma violenta discussão com Aquiles, Agamémnon aceita devolver Criseida. No entanto, impõe uma condição: ficar com outra cativa, Briseida, que coubera a Aquiles. Aquiles acaba por se afastar do combate e, ao perder Briseida, pede a sua mãe, Tétis, que peça a Zeus que faça com que os Aqueus sejam castigados. Criseida volta para o seu pai e a peste acaba. O pedido de Tétis é atendido, o que motiva uma discussão no Olimpo entre Hera (esposa e irmã de Zeus) e este deus supremo. Hefestos apazigua a discussão que termina com um festim dos deuses. No entanto, devido a um sonho enganador motivado por Zeus, o rei Agamémon é levado a entrar em combate. Para pôr termo à guerra, é decidido realizar um duelo entre Páris e Menelau. Findo o combate, uma seta é disparada por um arqueiro troiano, o que faz com que a guerra recomece. Zeus impediu os outros deuses de interferirem no conflito mas, tal como havia prometido a Tétis, provocou toda a espécie de dificuldades aos Aqueus. Tantas e tão graves estas foram, que Agamémnon pediu a Aquiles que "fizessem as pazes", chegando a enviar uma embaixada até ao guerreiro. Apesar da sua resposta negativa, Aquiles concorda em emprestar a sua extraordinária armadura ao amigo Pátroclo, que segue para Tróia com o exército dos Mirmidões. Porém, e apesar da sua bravura, Pátroclo acabar por ser morto por Heitor. Dominado pelo desgosto e pela raiva que a morte do seu amigo lhe provoca, Aquiles volta ao cerco de Tróia e ataca os troianos, reconciliando-se com Agamémnon. Sem as suas armas (levadas por Heitor quando matou Pátroclo), Aquiles usa uma armadura em oiro feita por Hefesto (deus do fogo, filho de Hera e de Zeus) a pedido de Tétis. O rio de Tróia quase que transborda com a mortandade provocada por Aquiles que consegue fazer recuar para dentro dos muros da cidade todos os troianos, à excepção do filho de Príamo, Heitor. Este, aterrorizado pela fúria de Aquiles, tenta fugir. Após uma longa perseguição, Aquiles atravessa a sua lança na única parte descoberta do corpo de Heitor. Aquiles não tem piedade: mata Heitor, ata-o pelos pés ao seu carro e, cheio de fúria, arrasta o cadáver pelo campo de batalha. No canto seguinte, Pátroclo é cremado e realizam-se os jogos fúnebres em sua honra. À noite, o velho rei Príamo desloca-se até à tenda de Aquiles e pede a restituição do cadáver de seu filho Heitor. Só após a intervenção de Zeus Aquiles aceita devolver o cadáver a Príamo e concorda com o estabelecimento de doze dias de tréguas para que tenham lugar as celebrações fúnebres. O poema Ilíada acaba com os funerais de Heitor. A morte de Aquiles, às mãos de Páris (que o atinge com uma flecha no calcanhar, o único ponto vulnerável do corpo do herói) e "com uma ajuda" de Apolo já não é mencionada na Ilíada. Sabe-se que este episódio era relatado em Aithiopis (um poema do ciclo épico). A coragem e valor de Aquiles são expressões que caracterizam este herói homérico. Com um forte poder de persuasão, Aquiles destaca-se acima de tudo, por prezar a sua honra. É no final da Ilíada que se revelam com mais ênfase as principais características de Aquiles: o guerreiro vencedor que vinga a morte do seu grande amigo de forma brutal e, por outro lado, a humanidade que revela ao aceder ao pedido do rei Príamo e entregar-lhe o corpo do seu filho. Foram poucos os contributos de outros autores para a lenda deste herói épico.
Homero
Homero - personagem real ou imaginário?
Há mais de dois mil anos que o nome de Homero se encontra vinculado à autoria da Ilíada e também à da Odisseia. Porém, não existe nenhuma prova concreta de que o poeta tenha realmente existido. As dúvidas são muitas e constituem mesmo a "questão homérica". Homero menciona Tróia, primeiro na Ilíada e depois na Odisseia. Mais tarde, esta cidade torna-se no tema mais popular do drama grego. Segundo a tradição da Antiguidade, a Ilíada e a Odisseia, terão tido origem na tradição oral. Ambas abordam os valores militares, a hierarquia social e as emoções e objectivos de uma classe heróica de guerreiros, apoiada ou antagonizada pelos deuses. A informação disponível sobre Homero é bastante escassa. Segundo Heródoto (historiador grego), Homero nasceu cerca de 850 a.C. na Jónia, antigo distrito grego da costa ocidental da Anatólia (que actualmente constitui a parte asiática da Turquia).Pensa-se também que Homero poderá ter sido originário de um povoado grego jónico, devido ao dialecto que predomina nos poemas. As cidades jónicas Esmirna e Quio reclamam a honra de ter sido o "berço" de Homero. As fontes mais antigas sobre o poeta contêm numerosas contradições; apenas se sabe que é a ele que os Gregos atribuíam a autoria dos dois poemas acima citados. Não obstante, pesquisas recentes, indicam que a data de composição de ambos as obras deva ser situada no final da Idade das Trevas (750 a.C.) ou no início do Período Arcaico (entre 750 a.C. e 713 a.C.), sendo a Odisseia o último dos dois poemas. A pouca fiabilidade dos dados biográficos, assim como as muitas lendas que sobre ele são contadas, fizeram com que a existência deste poeta fosse questionada já no século XVIII. A Ilíada e a Odisseia tiveram um efeito imediato e assinalável na sociedade e cultura gregas e influenciaram profundamente o poeta romano Virgílio (70-19 a.C.) na redacção da Eneida. As opiniões continuam a dividir-se; uns consideram Homero apenas um mero compilador dos versos que integram as suas obras, enquanto outros o referenciam como autor dos poemas. Esta última hipótese tem vindo a ganhar mais consistência entre os historiadores.

Deuses e Homens
Helena
HELENA DE TRÓIA 
Helena é a mulher do rei Menelau, de Esparta. É apontada como a origem da guerra entre Gregos e Troianos, embora algumas interpretações afirmem que Agamémnon desejava há muito apoderar-se de Tróia, tendo o rapto consentido de Helena sido apenas uma boa desculpa para iniciar o conflito.Helena é filha de Zeus e de Leda e (meia) irmã de Climnestra e dos gémeos Castor e Pólux. A mãe de Helena (que Zeus seduziu assumindo a forma de um cisne) casou com Tíndaro. A jovem e muito bela Helena atraiu à casa de Tíndaro uma multidão de pretendentes que desejavam a sua mão em casamento. De entre todos, Helena escolheu Menelau, com o qual casou e ao qual deu uma filha, Hermíone.Quando, aconselhado por Afrodite, Páris chegou à corte de Menelau, apaixonou-se perdidamente por Helena, que era então a mais bela mulher do mundo. Menelau recebeu Páris com gentileza e teve de partir para Creta, onde deveria assistir a algumas cerimónias. Na sua ausência, Páris seduziu Helena (com a ajuda dos poderes de Afrodite) e levou-a para Tróia. Em Tróia, Helena acaba por ser aceite pelo velho rei Príamo, pai de Páris. Após a morte de Páris, em combate, a mão de Helena é concedida a Deífobo, também filho de Príamo. Após a conquista de Tróia pelos Aqueus, tendo Deífobo sido morto por Menelau, Helena voltou com este para Esparta.
Páris
Helena e Páris
 Jacques-Louis David, Museu do Louvre

Páris (que em alguns texto é chamado Alexandre) é o filho mais novo do rei Príamo de Tróia e de Hécuba.Os primeiros anos da vida de Páris foram muito agitados pois, mesmo antes de ele nascer, um oráculo previu que a criança que iria nascer seria a causa da destruição de Tróia. Para evitar que a profecia se concretizasse, a criança foi abandonada no monte Ida, onde foi encontrada por pastores que a criaram.O jovem e belo Páris voltou a Tróia, onde foi identificado por sua irmã Cassandra (de acordo com algumas versões) e ocupou o seu "devido" lugar na corte.Mais tarde, a pedido dos deuses, Páris foi o juiz num concurso de beleza entre as deusas Hera, Atena e Afrodite. Páris indicou Afrodite como a mais bela, pois, antes de tomada a decisão, esta lhe prometera o amor da mais bela mulher do mundo.Aconselhado por Afrodite, Páris partiu para Esparta, onde encontrou, amou e seduziu Helena, esposa de Meneleu, rei de Esparta. Helena partiu com Páris para Tróia, provocando a fúria dos Aqueus, liderados por Menelau e seu irmão Agamémnon.Já durante a longa (durou cerca de dez anos) Guerra de Tróia, e por acordo de ambas as partes envolvidas no conflito, Páris defrontou Menelau num combate singular. Quando estava quase a ser derrotado por Menelau, Páris foi salvo in extremis por Afrodite e a Guerra prosseguiu.Páris era um hábil arqueiro e foi graças à sua perícia (e a uma pequena ajuda do deus Apolo, segundo algumas versões) que o herói Aquiles morreu, atingido por uma flecha no único local vulnerável do seu corpo, o calcanhar.Páris morreu atingido por uma flecha envenenada, disparada pelo aqueu Filoctetes.
Aquiles
Peleu e Aquiles.

Aquiles é filho de Peleu, rei da Ftia, e da deusa Tétis, filha de Posídon, deus do oceano. Descontente por este filho ser meio mortal, conta-se que Tétis terá mergulhado o corpo do bebé nas águas do Estinge, o rio que circundava os Infernos, tornando-o assim invulnerável. Como, para o mergulhar, Tétis segurou Aquiles pelo calcanhar, este era o único ponto vulnerável do corpo deste herói.Durante a sua infância e adolescência, Aquiles foi educado no monte Pélion pelo centauro Quíron, célebre pela sua sabedoria. Já adulto, Aquiles parte para Tróia com o seu amigo mais querido, Pátroclo. Antes da sua partida, Tétis, sua mãe avisou-o de que estaria a fazer uma escolha que condicionaria o seu futuro: se partisse, a sua vida seria curta mas a sua fama duraria séculos; se ficasse, viveria uma vida longa mas sem glória. Sem hesitar, Aquiles partiu para Tróia. Conformada, sua mãe ofereceu-lhe uma armadura divina e cavalos de Posídon.Autor de numerosas façanhas durante o cerco de Tróia, durante o qual se retirou durante algum tempo devido a uma disputa com Agmémnon (pela cativa Briseida), Aquiles volta em fúria para vingar a morte de Pátrolo, morto às mãos de Heitor, filho de Príamo.Aquiles mata Heitor em combate e, incapaz de dominar a sua cólera e o seu ódio, arrasta o seu corpo pelo campo de batalha, perante o olhar horrorizado de Príamo, que tudo contempla do alto das muralhas de Tróia.Aquiles foi morto por uma flecha de Páris que, guiada pelo deus Apolo, atingiu o único ponto vulnerável do herói, o calcanhar.
Será que Tróia existiu?
O conhecimento que hoje temos de Tróia está profundamente ligado ao trabalho do alemão Heinrich Schliemann e de Frank Calvet, apesar de o papel deste último nem sempre ser referido.Considerado o pai da arqueologia pré-helênica, Heinrich Schliemann (1822 – 1890) foi pioneiro neste campo e as técnicas e procedimentos que descobriu ainda hoje são usados. Conhecedor de mais de 12 línguas, Schliemann foi também um prolífico escritor. Deixou 18 diários de viagens, milhares de artigos e incontáveis cartas. No entanto, e apesar do génio inegável, é-lhe atribuída alguma tendência em combinar a realidade com a fantasia. As suas descobertas estão ligadas ao trabalho do Frank Calvet. O inglês, em desacordo com várias teorias sobre a localização de Tróia, fizera algumas escavações preliminares no monte Hisarlik, na Turquia, mas não conseguira obter financiamento do Museu Britânico para continuar o trabalho. É aqui que entra o alemão Heinrich Schliemann, um entusiasta que possuía os recursos económicos que permitiram prolongar por muitos anos estas escavações. O local revelou-se mais rico do alguém alguma vez antecipara. Porém, as histórias que surgem na altura contavam que Schliemann tivera desde a infância uma obsessão por Tróia e que as escavações tinham cumprido o seu destino, omitindo-se então as contribuições de Calvert. Em 1872, Schliemann estava convicto de ter encontrado a cidade lendária de Tróia. Afirmou até que teria encontrado o tesouro do rei Príamo, com peças que teriam sido usadas por Helena (brincos, diademas de ouro e também caldeirões de cobre, cálices de ouro, vasos de prata, punhais de cobre, lâminas de faca de prata, garrafas de ouro...). Clandestinamente, enviou os objectos encontrados para a Alemanha, tendo sido por tal processado pelo governo turco. A história torna-se mais misteriosa quando os objectos desaparecem de Berlim durante a II Guerra Mundial e reaparecem nas mãos dos Russos nos anos 90. As escavações de Schliemann, que acabaram por destruir partes do local, decorreram entre 1870 e 1890. Schliemann descobriu uma cidade que foi construída e reconstruída desde tempos anteriores à guerra de Tróia. O local foi dividido pelos arqueólogos em nove níveis (de Tróia I a Tróia IX), sendo o primeiro o mais antigo.Nas suas escavações, Schliemann assumiu que Tróia estaria no nível mais inferior, o que é hoje denominado nível II. Actualmente, pensa-se que os locais mais prováveis para a localização de Tróia, aquando da guerra, foram Tróia VI e a parte mais nova de Tróia VII. No seu momento mais áureo, no segundo milénio antes de Cristo, Tróia foi uma cidade impressionante com um próspero porto. Tinha um centro urbano, à semelhança de outras cidades da Antiguidade, com valas e vários muros defensivos de pedra e madeira.No segundo e terceiro milénios antes de Cristo, a cidade foi um importante centro cultural. Aparentemente, após a guerra de Tróia, foi abandonada entre 1100 a.C. e 700 a.C.. Cerca de 700 a.C. foi ocupada pelos Gregos, que a rebaptizaram de Ílion. Alexandre, o Grande, governou a área nos finais do século VI a.C.. Depois de tomada pelos Romanos em 85 a.C., a cidade foi restaurada parcialmente pelo general romano Sula. Após a ocupação de Constantinopla (Istambul), Tróia perdeu a sua importância. Hoje em dia as escavações continuam, num processo de descoberta que ainda não está finalizado.
Bibliografia
http://www.universal.pt/http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/http://home.att.net/~a.a.major/waroutline.htmlEnciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Vols. 2 e 10, Editorial Verbo.

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