domingo, 18 de maio de 2008

7º ANO: RELIGIÃO-BUDISMO

BudismoNirvana é uma palavra familiar a muitos de nós mas...sabes o que significa?
Fica a conhecer uma das grandes religiões do mundo, surgida há mais de 2500 anos.

Budismo
O que é?
Buda
Uma das grandes religiões do mundo, surgida na Índia cerca de 500 a.C. Derivou do ensinamento de Siddhartha Gautama, considerado como um de entre os seres iluminados designados por Buda. Não tem deuses. A noção de karma constitui a pedra de toque da doutrina. Essa noção significa boas e más acções que recebem a adequada recompensa ou castigo, quer nesta vida, quer através de uma longa sucessão de vidas, por meio da reencarnação. As principais divisões do Budismo são o Teravada (ou Hinayana), no sudeste da Ásia e o Maayana, no norte da Ásia. Entre as muitas seitas Maayana, contam-se o lamaísmo no Tibete e o zen no Japão. O seu símbolo é o lótus. Segundo números de 1994, existem, em todo o mundo, mais de 300 milhões de budistas.
In Enciclopédia Universal, Texto Editora
Buda
O fundador do Budismo
O fundador do Budismo foi Siddhartha Gautama, sobre quem existem várias histórias, algumas já transformadas em lendas. Sobre a vida deste homem sabe-se que terá vivido entre 560 e 480 a.C. e que seria filho de um rajá que habitava no nordeste da Índia.O rajá desde sempre proporcionou ao seu filho todo o bem-estar e riqueza do mundo. O príncipe Siddhartha viveu rodeado de prazeres e divertimentos, mas sempre dentro dos muros do palácio, pois o seu pai ouvira uma profecia que revelava que o seu filho seguiria um de dois rumos: ou se iria tornar um líder mundial ou renunciaria a esse destino, caso testemunhasse a necessidade e o sofrimento do mundo. Para evitar que o filho tomasse conhecimento dos males do mundo, manteve-o no interior do palácio.Embora o pai sempre o tenha protegido da infelicidade, a sua felicidade desfez-se quando tomou consciência dos factos básicos da existência. Em quatro passeios fora do palácio, encontrou quatro sinais: um homem velho, um homem doente, um cadáver e um monge. Os primeiros três simbolizavam o sofrimento da humanidade e o quarto o destino de Siddhartha.Como consequência, decidiu abandonar a sua casa, o seu país, a sua família, e a sua riqueza, para poder encontrar a salvação no ascetismo. Tinha 29 anos quando rapou cabelo e barba e vestiu as suas vestes amarelas.Após uma vida de abundância, Siddhartha volta-se para a prática ascética. Segundo a lenda, força-se a comer cada vez menos até conseguir alimentar-se com um único grão de arroz por dia.O seu objectivo era vencer o sofrimento mas nem o ascetismo nem o ioga lhe davam aquilo que procurava. Foi então que entrou na Via do Meio, procurando a salvação através da meditação.Com trinta e cinco anos, enquanto meditava debaixo de uma figueira nas margens de um afluente do Ganges, alcança a Iluminação. É neste momento que se torna um buddha, ou seja, “o iluminado”.De repente, tudo se torna claro para ele: o que é, porque é, como as criaturas são apanhadas em luxúria cega para a vida, como se desviam de corpo para corpo numa interminável cadeia de renascimentos, o que é o sofrimento, de onde vem, como pode ser ultrapassado.O seu interior é pronunciado como uma doutrina: nenhum prazer mundano ou ascética mortificação da carne é o modo certo de vida. O primeiro é ignóbil, o segundo é rico em sofrimento, e nenhum deles leva ao objectivo final. A descoberta de Buda é a Via do Meio. É o caminho da salvação. Começa na crença de que toda a existência é sofrimento e de que o essencial é a redenção do sofrimento. Então, através da decisão de viver correctamente em palavras e actos, a Via do Meio leva à imersão em vários níveis de meditação e, através da meditação, ao conhecimento do que já estava presente na crença inicial: a verdade do sofrimento. É só no fim que se alcança o claro conhecimento do Caminho que se percorreu, a Iluminação. O círculo fecha-se e alcança-se a realização. Esta Iluminação é o degrau entre a existência mundana e o Nirvana.Durante sete dias e sete noites, Buda esteve sentado debaixo daquela figueira. É aqui que adquire a compreensão de uma realidade que não é transitória, uma realidade absoluta acima do tempo e do espaço. No Budismo, dá-se o nome de Nirvana a este estado.As acções efectuadas em qualquer existência do presente são o karma que determina a forma do renascimento seguinte, tal como a existência foi determinada por uma acção anterior. O mundo não muda mas, para o Conhecedor, a salvação é possível nele. Liberto de novos renascimentos, entra no Nirvana.Buda adquiriu este conhecimento com a solidão. Mas Buda não pode preservar a sua auto-suficiência, mantendo a sua redenção só para si. Depois de uma luta interior, decide divulgar a sua doutrina. Não tem muitas expectativas e, mais tarde, quando a sua pregação começa a atrair hordas de gente, ele prevê que a verdadeira doutrina não durará muito tempo.A sua pregação começa no Parque dos Veados, em Benares, onde ele atrai os seus primeiros discípulos. Viveria mais quarenta anos, deambulando e oferecendo os seus ensinamentos nos vastos territórios do norte da Índia. Espiritualmente, nada de novo lhe acontecera. O fulcro dos seus sermões era uma doutrina acabada, fazia variações sobre um mesmo tema. Consequentemente, podemos falar deste período apenas como um todo. Buda ensinava em sermões, histórias, parábolas e máximas. Pregava em vernáculo, não em sânscrito. Usava imagens concretas nos seus ensinamentos mas utilizava conceitos tirados da filosofia hindu.A sua enorme influência histórica mantém-se nas comunidades monásticas que fundou. Os seus discípulos deixaram a casa, a profissão e a família. Deambularam por locais longínquos, em pobreza e castidade, tonsurados e vestidos com hábitos monacais amarelos. Depois de obterem a redenção da Iluminação, não desejavam mais nada do mundo. Viviam de esmolas e passavam pelas aldeias transportando malgas onde as pessoas depositavam comida. Desde o início que as comunidades tinham as suas regras e normas, os seus líderes e a sua disciplina. Durante alguns períodos de tempo, juntavam-se a eles companheiros laicos, incluindo reis, mercadores abastados, nobres e cortesãos famosos. Todos eram generosos com as suas ofertas. As comunidades monásticas adquiriram parques e casas onde os grupos de pessoas que desejassem receber a doutrina pudessem ficar alojados durante a época da chuva.À medida que se foi espalhando, este monasticismo foi encontrando resistência.A luta foi travada com armas espirituais. Buda não se confrontou com um poder espiritual unido. A religião védica apresentava muitas tendências. Já havia comunidades ascéticas, existiam numerosas filosofias e até mesmo uma técnica sofista para confundir um adversário com muitas perguntas, em que as respostas envolviam contradições. Mas, como Buda rejeitava os sacrifícios da religião védica, e a própria autoridade dos Vedas, a sua pregação constituía um corte radical com toda a religião tradicional.Os textos revelam uma imagem colorida da vida e actividade do Buda e dos seus monges. A estação das chuvas obrigava-os a passarem três meses na casa com os seus grandes átrios e despensas, ou perto dos lagos de lótus no parque adjacente. O resto do ano era passado em deambulação. Quando andavam a deambular, dormiam ao relento ou eram albergados pelos fiéis. Quando se encontravam grupos de monges, começava um grande alvolroço. Quando Buda estava prestes a aparecer, faziam-nos calar, pois ele era um amante da paz e da calma.Reis, nobres e mercadores chegavam em carruagens ou elefantes para falar com Buda e com os monges. Todos os dias, o próprio Buda pegava na sua malga de pedinte e passava de casa em casa. Hordas de discípulos seguiam-no por toda a parte e os companheiros leigos acompanhavam a procissão, alguns deles em vagões que transportavam mantimentos.A memória da morte de Buda e o período que a precedeu foram preservados. A data da sua morte, 480 a.C., é tida como certa. A sua última deambulação foi descrita ao pormenor. No início, tentou tirar o melhor partido da sua dolorosa doença e agarrar-se à vida. Mas, depois, decidiu colocar a sua vontade em segundo plano: “daqui a três meses, o Perfeito entrará no Nirvana.”Durante a viagem, olha pela última vez para a cidade amada de Vesali. Quando entraram num pequeno bosque, deu as suas últimas instruções: “Faz-me uma cama entre duas árvores gémeas, com a cabeça para norte. Estou cansado, Ananda.” E deitou-se como um leão se deita para descansar.Quando um dos seus discípulos começou a chorar, disse: “Não, Ananda. Não chores, não lamentes. Não te ensinei que a morte está na natureza de todas as coisas que nos estão próximas e que nos são queridas? Então, Ananda, já que tudo o que nasce contém em si mesmo uma inerente necessidade de dissolução, como é que esse ser pode não se dissolver?”Os discípulos acreditam que com a morte de Buda o mundo perdeu o seu mestre. “Não pensem assim. A doutrina e a ordem que vos ensinei serão os vossos mestres quando partir. O Ser Perfeito não pensa que deve ser ele a guiar a irmandade... Agora estou velho, a minha viagem está a chegar ao fim, estou a fazer oitenta anos de idade. Assim, oh Ananda, que haja luz dentro de vós. Confiem em vós mesmos. Agarrem-se à verdade como a uma luz. Procurem a salvação na verdade.” As suas últimas palavras foram: “Tudo o que conseguimos é passageiro. Lutem incessantemente.” Depois, passando de um nível de contemplação para o seguinte, Buda entrou no Nirvana.

Fontes:Eastern religions O Livro das Religiões, de Jostein Gaarder

Elementos-chave do Budismo
Crenças
No Budismo, o eu é considerado como impermanente, uma vez que está sujeito à transformação e ao declínio. O que causa a desilusão, o sofrimento, a ganância e a aversão, é o seu apego a coisas que são, na sua essência, impermanentes. Estes sentimentos, por sua vez, originam karma, o que reforça o sentido do eu. As acções que conduzem ao altruísmo são consideradas como «karma conhecedor» e estão no caminho que conduz à iluminação. Nas Quatro Nobres Verdades, o Buda reconheceu a existência do sofrimento e a sua causa e indicou a via de libertação através do Caminho das Oito Vias ou Nobre Óctupla Senda. O objectivo desta última é quebrar as cadeias do karma e alcançar o desprendimento do corpo através da realização do nirvana, isto é, da erradicação de todos os desejos e do aniquilamento ou dissolução do eu no infinito. É prestada uma grande devoção e reverência ao Buda histórico (Sakyamuni, ou, quando referenciado pelo seu nome de clã, Gautama), que é visto como um elo de uma longa série de sucessivos Budas. O próximo Buda (Maitreya) é esperado para o ano 3000. O Budismo Teravada, a Escola dos Anciãos, também conhecida como Hinayana, ou Pequeno Veículo, é maioritário no sudeste da Ásia (Ceilão, Tailândia). Sublinha a mendicância e a vida contemplativa como via para quebrar o ciclo da samsara, ou morte e renascimento. Os seus três objectivos alternativos são: arat, o estado daquele que alcançou uma visão profunda da verdadeira natureza das coisas; paccekabuda, um iluminado que vive retirado e não se dedica ao ensino; Buda, a iluminação total. As suas escrituras estão redigidas em pali, uma língua indo-ariana com raízes no norte da Índia. Por volta do século XIII, o Budismo extinguiu-se na própria Índia, tendo sido substituído pelo hinduísmo. No entanto, existem actualmente cinco milhões de devotos, número com tendência para aumentar. O Budismo Maayana, ou Grande Veículo, surgiu no início da era cristã. Esta tradição põe o acento tónico em Buda como princípio eterno e sem forma, essência de todas as coisas. Exorta os indivíduos a alcançar pessoalmente o nirvana, e, inclusivamente, a tornarem-se sucessores de Buda ou Bodisatva, podendo, assim, salvar os outros. Isto significa que um crente pode alcançar a iluminação através de um Bodisatva sem seguir a austeridade do Teravada, e o culto dos diversos Budas e Bodisatvas anteriores. O Budismo Maayana também acentua a doutrina sunyata, ou a compreensão obtida através da experiência do fundamental vazio (leia-se não substancialidade) de todas as coisas, incluindo a doutrina budista. O Budismo Maayana é dominante na China, Coreia, Japão e Tibete. No século VI, difundiu-se na China com os ensinamentos de Bodidarma, dando origem ao Tch´an, que se radicou no Japão desde o século XII como Budismo Zen. O Zen privilegia a meditação silenciosa que apenas é interrompida por súbitas intervenções de um mestre com o objectivo de encorajar o despertar da mente. No Japão também foi organizada a sociedade laica Soka Gakkai (Sociedade para a Criação do Merecimento), fundada em 1930, e que compatibiliza a fé mais profunda com os benefícios materiais imediatos. Nos anos 80 contava mais de sete milhões de chefes de família entre os seus aderentes. O Budismo esotérico, tântrico, ou Budismo do Diamante, popular no Tibete e no Japão, defende que a iluminação se encontra já no interior do discípulo e que, com uma orientação apropriada (isto é, a orientação de um mestre), pode ser alcançada.

In Enciclopédia Universal, Texto Editora

Elementos-chave do Budismo
As Quatro Verdades Nobres
Depois de ter experimentado o seu período de Iluminação debaixo da figueira, onde permaneceu em meditação, Buda levantou-se e iniciou a caminhada até à cidade santa de Benares. A poucos quilómetros da cidade, num parque de veados em Sarnath, parou para pregar o seu primeiro sermão. A congregação era pequena – apenas cinco ascetas que agora se tornavam os seus primeiros discípulos.O tema era “As Quatro Verdades Nobres”. O seu primeiro discurso formal foi uma declaração das principais revelações que a sua demanda de seis anos lhe proporcionou.As Quatro Verdades Nobres foram a resposta do Buda ao pedido de listar em forma de proposições as suas quatro maiores convicções sobre a vida. Juntas, são os axiomas do seu sistema, os postulados dos quais logicamente derivam os seus ensinamentos.A Primeira Verdade Nobre é a de que a vida é o dukkha, geralmente traduzido por “sofrimento”. Mas este sofrimento em termos budistas é mais do que o desconforto físico ou psicológico. A Primeira Verdade Nobre determina que tudo na vida é sofrimento: “O nascimento é sofrimento, envelhecer é sofrimento, a morte é sofrimento, estar ligado àquilo de que não gostamos é sofrimento, separarmo-nos do que amamos é sofrimento, não obter o que almejamos é sofrimento”. Contrariamente ao que dizem as antigas interpretações ocidentais, a filosofia do Buda não era pessimista. O retrato da vida humana pode ser feito à vontade de cada um; a questão do pessimismo só é levantada quando se diz que ele pode ser melhorado. Heinrich Zimmer afirma que “tudo no pensamento indiano se baseia no conceito básico de que tudo está bem. Prevalece um optimismo supremo por toda a parte.” Mas o Buda viu claramente que a vida, como é tipicamente vivida, é incompleta e repleta de insegurança.Assim, o dukkha representa o sofrimento que dá cor toda a existência finita. O verdadeiro significado da Primeira Verdade Nobre é o de que a vida (na condição em que está) está inadequada. Alguma coisa correu mal. Algo saiu da engrenagem. Como o seu pivot não é verdadeiro, a fricção (conflito interpessoal) é excessiva, o movimento (criatividade) está bloqueado, e tudo isto causa sofrimento.Visto ter uma mente analítica, o Buda não se contentou em deixar a sua Primeira Verdade Nobre nesta forma generalizada. Assim, apontou seis momentos em que a inadequação da vida se torna mais visível. Ricos ou pobres, pouco ou muito inteligentes, todos os seres humanos passam por:O trauma do nascimentoA patologia da doençaA morbidez da decrepitudeA fobia da morteA ligação ao que não se gostaA separação dos entes amadosPara poder curar o sofrimento, é preciso saber qual a sua causa. Na Segunda Verdade Nobre Buda revela que o sofrimento é causado pelo anseio do homem – o tanha.O tanha é um anseio específico, o desejo da própria satisfação. Quando o homem é altruísta, ele é livre, mas a dificuldade reside precisamente em manter esse estado de altruísmo. O tanha é a força que o quebra, afastando-nos da liberdade para encontrar a satisfação nos nossos egos. Como a satisfação plena nunca é alcançada, existirá sempre uma sensação de descontentamento e, consequentemente, a manutenção do sofrimento.Em vez de dedicarmos a nossa fé e amor ao destino do todo, insistimos em deixá-los só para nós, enquanto seres individuais e finitos. Quanto mais aumentarmos o ego, mais apertada ficará a livre circulação de que a saúde depende e mais o sofrimento aumenta.A Terceira Verdade Nobre deriva da Segunda. Se a causa da inadequação da vida é o anseio egoísta, a sua cura reside no ultrapassar deste anseio. Se nos pudéssemos libertar dos estreitos limites dos interesses egoístas para nos dedicarmos à vasta extensão da vida universal, poderíamos aliviar o tormento.A Quarta Verdade Nobre mostra como alcançar a cura. O suplantar do tanha, a saída da nossa prisão, consegue-se através do Caminho das Oito Vias.
Fontes:Eastern religions O Livro das Religiões, de Jostein Gaarder

Elementos-chave do Budismo
O Caminho das Oito Vias
Buda acreditava que os extremos da vida deviam ser evitados. Tanto o prazer extravagante como a abnegação exagerada deviam ser evitados. Ambos os extremos provocam sofrimento e, segundo Buda, o caminho para o fim do sofrimento é a via do meio, que Buda descreve em oito secções:
1. Visão CorrectaA vida envolve sempre mais do que crenças, mas nunca podemos desviar-nos delas completamente porque, além de sermos animais sociais, somos também animais racionais. Não totalmente, como o Buda reconheceu, mas a vida precisa de projectos, de mapas em que a mente possa confiar se as nossas energias forem dirigidas para esse propósito.Um elefante, por mais perigo que corra, não fará nada para fugir até se assegurar de que o caminho que vai percorrer suportará o seu peso. Sem ter esta certeza, irá preferir a agonia do que a incerteza da queda.O mesmo acontece com o ser humano. Até que a razão seja satisfeita, o indivíduo não avança com firmeza em nenhuma direcção.Assim, é necessária alguma orientação intelectual antes de se fazer algo com firmeza. As Quatro Verdades Nobres fornecem esta orientação. O sofrimento é provocado pelo desejo de satisfação pessoal. Esse desejo, ou anseio é refreado através do Caminho das Oito Vias.
2. Aspirações CorrectasEnquanto o primeiro passo nos leva a tomar decisões tendo em conta o problema básico da vida, o segundo aconselha-nos a deixar que os nossos corações sigam os seus desejos.
3. Linguagem CorrectaÉ necessário ser-se verdadeiro no que se diz. A primeira tarefa é tentarmos estar cientes da nossa linguagem e do que ela revela sobre a nossa personalidade. Ao invés de começarmos com a decisão de só dizermos a verdade, faremos melhor se recuarmos um pouco e pensarmos na quantidade de vezes que, durante o dia, nos desviamos da verdade e por que razão o fazemos. O homem deve abster-se da mentira, da bisbilhotice e das frivolidades e deve falar de forma verdadeira, amigável e atenciosa.
4. Conduta CorrectaAntes de tentarmos melhorá-lo, devemos entender o nosso comportamento. A conduta correcta para os budistas implica não matar nenhum ser vivo, não roubar, não se entregar a relações sexuais licenciosas, não mentir e não tomar estimulantes.
5. Actividade CorrectaBuda considerava que o progresso espiritual era impossível quando as acções humanas o contrariavam. Para aqueles que cuja vontade de libertação é suficiente para dedicarem toda a sua vida ao projecto, a actividade correcta consiste em integrar uma ordem monástica e observar a sua disciplina.Para os leigos, requer que se dediquem a ocupações que promovam a vida ao invés de destruí-la.O Buda não quis generalizar e nomeou profissões e actividades que seriam incompatíveis com a seriedade espiritual. O tráfico de escravos, a prostituição, a venda de armas, são exemplos de actividades que não são correctas.
6. Esforço CorrectoO budista não deve permitir a intervenção de pensamentos ou de estados de espírito destrutivos, e se estes já se tiverem instalado, deverá tentar desviá-los antes que eles tenham efeitos visíveis.
7. Atenção CorrectaNenhum outro mentor exerceu mais influência sobre a vida do que Buda. O mais amado de todos os textos budistas, o Dhammapada, começa assim: “Tudo o que somos é o resultado daquilo que pensámos.” Buda considerava que a liberdade – a libertação da nossa existência inconsciente e automática – é alcançada através do auto-conhecimento. Se tomarmos atenção aos nossos pensamentos e sentimentos, percebemos que eles entram e saem da nossa consciência e não constituem parte permanente de nós. Devemos testemunhar todas as coisas de forma não reactiva, especialmente os nossos estados de espírito e emoções, de modo a não condenar umas e dar demasiada importância a outras.
8. Êxtase CorrectoNesta fase, o budista deve conseguir alcançar o controlo completo sobre a mente e o corpo. Depois disso, estará pronto para iniciar a meditação.
Fontes:Eastern religions O Livro das Religiões, de Jostein Gaarder

Elementos-chave do Budismo
Escrituras
O cânone dos budistas do Sri Lanka, em pali, é o único cânone completo das escrituras budistas. Embora muitas outras escolas tenham o mesmo cânone, elas encontram-se em sânscrito. As escrituras, conhecidas por pitakas (cestos), datam de entre o século II e VI. Estão divididas em três grandes grupos: vinaya (disciplina), a lista das transgressões e regras de vida; sutras (discursos), ou darma (doutrina), a exposição tradicional do budismo feita por Buda e pelos seus discípulos; e abidarma (continuação da doutrina), discussões posteriores sobre a doutrina.
In Enciclopédia Universal, Texto Editora

Elementos-chave do Budismo
Festas budistas
As principais festas budistas são as que têm origem na história santa e que celebram os grandes momentos da vida do Buda, como os aniversários de nascimento do Buda, da sua Iluminação e da sua entrada no nirvana.O aniversário do nascimento do Buda, no antigo calendário lunar celebrado no oitavo dia do quarto mês, comemora-se actualmente a 8 de Abril. Durante a cerimónia, é recitada uma oração às crianças. O ritual principal é o de banhar uma estátua do Buda enquanto criança. Para esse banho, utiliza-se uma decocção de folhas de crisântemos com propriedades curativas.O aniversário da Iluminação do Buda é comemorado a 8 de Dezembro. Esta data celebra a ascese religiosa e os 49 dias passados debaixo da árvore da bodhi. É esta data que marca nos mosteiros Zen o fim de um retiro meditativo particularmente intenso, o rohatsu sesshin (de 1 a 8 de Dezembro).O aniversário do nirvana do Buda tem lugar no 15.º dia do segundo mês lunar (ou seja, 15 de Fevereiro ou 15 de Março, segundo o calendário solar). A cerimónia centra-se sobre uma imagem, muitas vezes de grandes dimensões, que representa o Buda deitado num pequeno bosque perto de Kusinagara. Ele está prestes a entrar no nirvana, rodeado dos seus discípulos desolados e de uma coorte de animais.Uma outra festa budista importante é a do higan, termo que significa “a outra margem”. Esta festa, celebrada duas vezes por ano, dura uma semana e centra-se nos equinócios da Primavera e do Outono. Durante este período, lêem-se os sutras em todos os templos e as famílias visitam o cemitério.A metáfora da “outra margem” designa, na sua origem, o objectivo da prática budista, a redenção final ou nirvana. A ideia de redenção é expressa pelo simbolismo cosmológico dos equinócios, ponto de equilíbrio entre o dia e a noite, a “Via do Meio” entre a claridade da sapiência e a obscuridade da ignorância.
Fonte: Bouddhisme, de Bernard Faure
Elementos-chave do Budismo
Provérbios do Dhamapada
Existe uma colecção de provérbios, designados por “O Caminho da Doutrina” (o Dhamapada), que revela os princípios básicos do Budismo de uma forma fácil de compreender e de fixar:Tudo o que somos é o resultado do que pensámos: está baseado nos nossos pensamentos e é feito dos nossos pensamentos.Se um homem falar ou agir com um mau pensamento, a dor segui-lo-á, como a roda segue o passo do boi que puxa o carro; se um homem falar ou agir com um pensamento puro, a felicidade segui-lo-á, como uma sombra que nunca o abandona.O ódio nunca diminui com o ódio. O ódio diminui com o amor – esta é a lei eterna.Tal como a chuva trespassa um telhado mal construído, também a luxúria trespassa uma mente mal formada.Aquele que pratica o mal sofre neste mundo e sofre no próximo – sofre nos dois. Sofre quando observa os maus resultados dos seus próprios actos.A reflexão é o caminho para a imortalidade (nirvana); a irreflexão é o caminho para a morte.Os que reflectem não morrem; os que não reflectem é como se já estivessem mortos.Através da reflexão e do autocontrolo, o homem sábio pode construir uma ilha que nenhuma cheia conseguirá inundar.Os tolos seguem a vaidade, mas o homem sábio valoriza a sua reflexão como um tesouro.Se a fé de um homem for instável e a sua paz de espírito estiver perturbada, o seu conhecimento não será perfeito.O homem, cujo corpo é tão frágil como um jarro, deve ter os pensamentos firmes como uma fortaleza.As belas palavras de quem não age de acordo com elas são como uma linda flor sem perfume.O perfume das flores não passa através do vento; mas a fragrância das pessoas boas atravessa até o vento.Mesmo que seja sobre um monte de lixo, o lótus crescerá cheio de perfume e encanto; também o verdadeiro discípulo do iluminado Buda revelará o seu brilho entre as pessoas que caminham na escuridão.Longa é a noite de quem está acordado; longo é o caminho de quem está cansado; longa é a vida dos tolos que não conhecem a lei verdadeira.Um acto malicioso, tal como o leite acabado de servir, não azeda de imediato. Se conheceres um homem que te mostre o que deve ser evitado e saiba como lidar com a reprovação, segue-o como seguirias um homem que revelasse tesouros escondidos.Mesmo que um homem saia para uma batalha mil vezes contra mil homens, se ele se conquistar a si próprio será um grande conquistador.Nem mesmo um deus pode transformar em derrota a vitória de um homem que se venceu a si mesmo.Mesmo que a água caia gota a gota, ela encherá o pote; e o tolo encher-se-á de maldade, embora a vá acumulando aos poucos.O próprio ser é o mais difícil de subjugar.Os homens, guiados pelo medo, procuram muitos refúgios – as montanhas, as florestas, os grupos de árvores sagradas – mas nada os liberta do sofrimento. Mas o que procura refúgio em Buda – que observa as Quatro Verdades Nobres e segue o Caminho das Oito Vias – será libertado do sofrimento.Aquele que experimentou a doçura da solidão e da tranquilidade ficará livre do medo e do pecado.O sofrimento e o medo vêm do prazer; aquele que está livre do prazer não conhece sofrimento nem medo.Nenhum sofrimento recai sobre o homem que a nada chama seu.És tu próprio quem tem de fazer o esforço. Os Budas apenas ensinam.Deita abaixo toda a floresta do desejo, não apenas uma árvore.O brilho das pessoas boas vê-se à distância, como os cumes dos Himalaias.Sem conhecimento não existe meditação, sem meditação não existe conhecimento. Aquele que tem conhecimento e meditação está perto do nirvana.

Fonte:Eastern religions
Tradução: Site Educação

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