segunda-feira, 21 de abril de 2008

A GUERRA COLONIAL: A GUERRA COLONIAL: VIVER EM COMBATE

 VIVER EM COMBATE
A ida para África, África e seus mistérios, África e a guerra, provocavam de forma geral, nos jovens na iminência de serem mobilizados, reacções de receio, mas também de curiosidade. Nos anos de 60, os Portugueses tinham de África e da guerra um conhecimento povoado de mitos e fantasias construídos sobre a vida da selva e o contacto com populações estranhas. em época de informação controladas pela censura e propaganda, e condicionada pela relativa pobreza dos métodos e processos de a difundir, transformar rapidamente jovens europeus, camponeses e citadinos, em soldados capazes de viver e combater nos teatros africanos exigia o recurso a todos os meios, incluindo a arte e o humor.
As Forças Armadas, especialmente o exército , por ser o ramo que mais efectivos mobilizou, deitaram mão a esses recursos como complemento da preparação dos seus soldados para a realidade que iriam encontrar e a melhor forma de enfrentar situações em que poderiam ver-se envolvidos.
Aproveitando a arte e o engenho de alguns militares em campo de guerra, eis alguns que salientamos, o oficial de cavalaria Vicente da Silva e José Rui, entre outros que mais tarde obtiveram sucesso como desenhadores de cartoons, o Jornal do Exército publicou, nos primeiros anos de guerra, uma série de “Conselhos aos Soldados no Ultramar“, que, embora enquadrados nas actividades de acção psicológica, revelavam apurado sentido de humor e de crítica. Também as páginas humorísticas relativas às missões dos corpos de tropas e às situações vividas nas várias fases da comissão contribuíam para integrar os jovens soldados nas realidades que viviam ou iriam viver.

O dia-a-dia dos militares nos quartéis do mato passava-se entre tarefas de segurança, as operações e a rotina dos longos dias.
Excepto nas guarnições sujeitas a grande pressão dos guerrilheiros, nos dias cumpriam-se no contacto com as populações, nas permanências no bar, na correspondência com a família, na prática de algum desporto e, por vezes, na caça. A ideia prevalecente na maioria dos militares era de que a comissão durava duas vezes 365 dias. A partir da data do embarque, iniciava-se a contagem decrescente até ao regresso.
A partir do local onde se encontrava, media-se a distância a que se estava de casa. Os quartéis portugueses em África reproduziam a cultura de origem dos seus ocupantes, sendo vulgar organizarem-se pequenas explorações agrícolas, onde se cultivavam produtos metropolitanos que melhoravam a dieta da alimentação.
As relações com a população local era, em regra geral, fáceis e traduziam-se na troca de serviços, dos d domésticos aos sexuais, por algum tipo de remuneração, alimentos e tratamentos sanitários.
O correio constituiu casa especial na permanência dos militares em África.
A correspondência com a família, as namoradas e os amigos consumia grande parte do tempo disponível dos mobilizados e aliviava as tensões que seriam dificilmente suportadas sem esse escape. O Serviço Postal Militar (SPM) organizado pelas Forças Armadas atingiu elevados padrões de eficácia, existindo a noção em todos os escalões de comando de que receber a correspondência regularmente era essencial para manter o moral das tropas.
O momento da chegada do correio e a sua distribuição provocava excitação compreensível. Por isso, todos os meios foram utilizados para fazer chegar o saco de lona do SPM às guarnições mais isoladas.

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