domingo, 6 de abril de 2008

A História do MDLP-Movimento Democrático de Libertação de Portugal

MDLP
Jorge Jardim, um activista contra-revolucionário refugiado em Espanha e na África do Sul, dois países onde passou longos períodos, foi a referência activa da direita contestatária da Revolução do 25 de Abril de 1974, a partir do país vizinho, até à constituição do ELP (Exército de Libertação de Portugal) e do MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal). No ano de 1975, as acções do ELP e do MDLP confundem-se, pois estes movimentos têm fontes, colaboradores e patrocinadores comuns. Contudo, os seus objectivos são distintos: o ELP é mais militar do que político, afastando-se do general Spínola, que considera ser um traidor.O MDLP, a 17 de Fevereiro de 1975, ensaiou um golpe de Estado, um "golpe palaciano", para derrubar os revolucionários, em colaboração com a guarda do Palácio de Belém, mas esta acção falhou, mantendo-se, contudo, a vontade de voltar a repetir a experiência.Em Abril desse ano, as autoridades espanholas e os serviços de informação concebem uma organização político-militar para apoiar a adopção de um sistema democrático pluralista em Portugal afastado das actividades terroristas do ELP. Esta nova organização deveria abarcar todos os quadrantes da direita, dos democratas aos radicais. O futuro MDLP esteve representado nestas e noutras reuniões deste tipo.A 5 de Maio de 1975 era oficialmente constituído o MDLP, uma força política presidida por António Spínola, e assistida por uma organização de cúpula dividida em grandes sectores que nunca chegou a funcionar. Dias Lima deveria assegurar o Estado-Maior, Santos e Castro o Ultramar, Alpoim Calvão o Operativo e a Política ficaria para José Miguel Júdice, Vale de Figueiredo e Pacheco Amorim. No início do mês de Julho, na cidade de Lisboa, a partir do elevador de Santa Justa, foram lançadas as primeiras tarjetas com a sigla do MDLP e no dia 20 desse mês ocorreu uma nova onda de assaltos a sedes de forças de esquerda como o PCP e o MDP/CDE, atentados reivindicados pelo auto-intitulado "Movimento da Maria da Fonte", que operava a partir do Norte do país, e era apoiado pela Igreja Católica com ligações ao MDLP.Também ligada ao MDLP estava a edição do primeiro exemplar do Viriato - Jornal Clandestino de Portugueses e só para Portugueses, que publicou apenas três números, o último dos quais datado de Setembro de 1975, da responsabilidade de Jorge Jardim e do coronel Costa Campos.Em Setembro, com a notícia do regresso do exílio na Suíça de António de Spínola, a Imprensa portuguesa refere que no Norte do país o ELP e o MDLP preparavam um golpe de direita.No dia 4 de Outubro do mês seguinte foram detidos num Seminário de Braga o primeiro-tenente Benjamim de Abreu e o major Mira Godinho, ambos implicados no 11 de Março. Na altura da detenção participavam numa reunião da direcção do MDLP, presidida por Alpoim Calvão.A 2 de Janeiro do ano seguinte surge uma nova vaga de atentados bombistas atribuídos à extrema direita (MDLP e ELP), que durante alguns meses atacaram sedes esquerdistas. Em Agosto, a Polícia Judiciária e a Polícia Judiciária Militar prendem suspeitos da rede bombista. Ainda nesse mês, o MDLP reorganiza-se, e em fins de Janeiro de 1976, militares do ELP e do MDLP, fugidos do país aquando do 11 de Março, começam a regressar.Em Abril, ocorre um novo atentado à bomba atribuído ao MDLP, que faz explodir o carro onde seguia um candidato de esquerda a deputado pelo círculo de Vila Real, o padre Maximino de Sousa (mais conhecido como padre Max) e uma estudante de nome Maria de Lurdes Pereira.O ataque à Embaixada de Cuba foi, ainda nesse mês, reclamado pelo Movimento Anticomunista Português, que mantinha ligações com o MDLP.A 29 de Abril de 1976, Spínola suspendeu as actividades do MDLP, o que efectivamente veio a acontecer após as negociações mantidas com o general Ramalho Eanes para discutir a amnistia das actividades anti-revolucionárias. Contudo, o ELP continuou a actuar em 1976 e o financiamento internacional só acabou depois de serem estabelecidos contactos entre Almeida de Araújo e os militares mais próximos de Ramalho Eanes, o futuro presidente da República.

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