sexta-feira, 25 de abril de 2008

8º ANO: DESCOBRIMENTOS- PORTUGUESES NO JAPÃO

O CONTRIBUTO DOS PORTUGUESES PARA A CULTURA JAPONESA
A chegada de Fernão Mendes Pinto e de outros navegadores a Tanegashima em 1543, uma pequena ilha no sul do Japão que significa literalmente «ilha da semente», veio a tornar-se absolutamente decisiva para as transformações que então se geraram durante um período que se prolongou até 1639, no chamado «século cristão». Curiosamente, de acordo com o livro intitulado de Peregrinação “ali chegaram os portugueses através de um temporal de vento esgarrão por cima da terra tão impetuoso que naquela mesma noite a perdemos de vista, e como então já não a podíamos tornar a tomar, nos foi forçado arribarmos em popa à ilha dos Léquios”.
Ora, foi exactamente na sequência deste primeiro encontro luso-nipónico de Tanegashima que a semente germinou, tão fértil e prosperamente, que deu lugar a frutos de suculenta safra no domínio linguístico, militar, tecnológico, comercial, religioso, artístico e outros.
No plano linguístico, por exemplo, o vocabulário corrente japonês revela palavras de origem portuguesa: pan (pão), kirishitan (cristão), botan (botão), kappa (capa), karuta (carta), shabon (sabão). Igualmente também a língua portuguesa foi influenciada pelo contacto com a civilização nipónica e, ainda hoje, reconhecemos algumas palavras correntes no nosso vocabulário: biombo e sacana são dois exemplos bem conhecidos.
No plano militar e tecnológico haverá a registar a introdução no Japão, pelos portugueses, das armas de fogo, as teppó que tiveram um importantíssimo impacto na unificação e posterior pacificação do império do sol nascente. Ainda hoje se celebram, todos os anos na ilha de Tanegashima, o Teppó Matsuri (Festival da Espingarda, em Nishinoomote) e o Rocket Matsuri (Festival do Foguetão, em Minamitane).
Biombo Nambam

Foi um português o autor da primeira gramática de japonês. Considerados estudiosos da língua portuguesa no Japão, procuraram, em Sernancelhe, ouvir e conhecer melhor a fonética da língua, bem como a utilização de expressões arcaicas.
Durante três dias os professores japoneses conheceram o concelho de Sernancelhe, contactaram com a população local e procuraram falar com pessoas de várias idades e de várias profissões.
Os docentes da Universidade de Tóquio, revelaram que ainda hoje Padre João Rodrigues é considerado pioneiro da língua japonesa e um dos escritores mais intrigantes e fascinantes no mundo nipónico
O Padre João Rodrigues nasceu em Sernancelhe em 1560 ou 1561. Com apenas 14 anos saiu de Portugal em direcção à Índia. Em 1580 chegou ao Japão por intermédio da Companhia de Jesus. Ao serviço da Companhia dedicou-se ao ensino da gramática e do latim. Alguns anos mais tarde concluía os estudos em Teologia em Nagasaki. Foi a Macau para ser ordenado sacerdote e, tendo regressado ao Japão, tornou-se intérprete, servindo como agente intermediário nas compras feitas às naus estrangeiras. Conhecido como comerciante, diplomata e político, Padre João Rodrigues acabaria expulso do Japão no ano de 1610. Regressado a Macau, iniciou uma série de investigações com vista ao conhecimento das origens das comunidades cristãs ali estabelecidas desde o século XIII. Considerado um clássico para o conhecimento do Japão, Padre João Rodrigues foi o autor da primeira gramática da língua japonesa e escreveu a “História da Igreja no Japão”. Apontado como um vulto da cultura universal Hoje, todo o japonês arcaico é estudado tendo por base o que deixou o padre João Rodrigues” e ainda hoje permanece, numa universidade de Tóquio, um prémio que vinga o seu nome.
Faleceu em Macau em 1633.

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