Guiné
A Guiné situa-se na costa ocidental de África, entre o Senegal, a norte, e a República da Guiné – Conacri, a sul, com a superfície de 36 125 Km2. Descontando a vasta área que é periodicamente coberta pelas marés, e que se encontra revestida por mangais e tarrafo, a área emersa é de cerca de 28 000 Km2. O território incluí um cordão de ilhas: Geta, Pecixe, Bissau, Bolama, Como e o arquipélago dos Bijagós. As fronteiras com os países vizinhos são convencionais, sem obstáculos naturais e resultam da Convenção Luso-Francesa de 1905. Só entre 1929 e 1933 foram efectuadas as delimitações, com a colocação dos marcos fronteiriços, facto que facilitou, durante o período da guerra, o trânsito entre os países vizinhos e o interior do território, tanto dos guerrilheiros do PAIGC como dos seus apoios. O terreno na Guiné não apresenta elevações de relevo e a sua compartimentação é feita pelos rios. Podem no entanto considerar-se as seguintes zonas: - Planícies do litoral: zonas baixas, pantanosas, na foz dos rios; - Planalto de Bafatá: zona de transição entre o litoral e o interior; - Planalto do Gabu (Nova Lamego): continuação do planalto de Bafatá para o interior; - Colinas do Boé: encostas do Futa Jalon.
A Guiné situa-se na costa ocidental de África, entre o Senegal, a norte, e a República da Guiné – Conacri, a sul, com a superfície de 36 125 Km2. Descontando a vasta área que é periodicamente coberta pelas marés, e que se encontra revestida por mangais e tarrafo, a área emersa é de cerca de 28 000 Km2. O território incluí um cordão de ilhas: Geta, Pecixe, Bissau, Bolama, Como e o arquipélago dos Bijagós. As fronteiras com os países vizinhos são convencionais, sem obstáculos naturais e resultam da Convenção Luso-Francesa de 1905. Só entre 1929 e 1933 foram efectuadas as delimitações, com a colocação dos marcos fronteiriços, facto que facilitou, durante o período da guerra, o trânsito entre os países vizinhos e o interior do território, tanto dos guerrilheiros do PAIGC como dos seus apoios. O terreno na Guiné não apresenta elevações de relevo e a sua compartimentação é feita pelos rios. Podem no entanto considerar-se as seguintes zonas: - Planícies do litoral: zonas baixas, pantanosas, na foz dos rios; - Planalto de Bafatá: zona de transição entre o litoral e o interior; - Planalto do Gabu (Nova Lamego): continuação do planalto de Bafatá para o interior; - Colinas do Boé: encostas do Futa Jalon.
Com interesse militar, é de referir a zona do Oio-Morés, de matas densas, cercadas de pântanos (bolanhas), onde os guerrilheiros criaram estruturas de apoio e refúgio, muito difíceis de atingir pelas forças portuguesas. A vegetação na zona litoral e nas margens dos rios é muito cerrada, enquanto na zona interior – planaltos de Bafatá e do Gabu – é constituída por savana. O clima, na Guiné apresenta duas zonas diferenciadas: tropical, com elevadas temperaturas e humidade nas zonas costeiras, e continental, seco e quente, subsariano no interior. O regime das monções provoca tornados no início e no fim das estações, que dificultam particularmente o tráfico aéreo. A Guiné é sulcada por enorme profusão de cursos de água, embora exista apenas com verdadeiro rio o sistema Geba/ Corubal. Os restantes são braços de mar.
Economia: A Guiné apresentava dificuldades de desenvolvimento derivadas do clima, da natureza do terreno e da sua dimensão, que a guerra agravou. A economia assentava na agricultura de subsistência, e só em reduzida escala os produtos eram comercializados, daí o baixo índice da monetarização. As importações constavam de produtos manufacturados, pelo que eram crónicos e avultados os défices da balança comercial. Assim sendo, a Guiné não era um país atractivo do ponto de vista económico.
Economia: A Guiné apresentava dificuldades de desenvolvimento derivadas do clima, da natureza do terreno e da sua dimensão, que a guerra agravou. A economia assentava na agricultura de subsistência, e só em reduzida escala os produtos eram comercializados, daí o baixo índice da monetarização. As importações constavam de produtos manufacturados, pelo que eram crónicos e avultados os défices da balança comercial. Assim sendo, a Guiné não era um país atractivo do ponto de vista económico.
Estruturas Políticas e Administrativas: A Guiné era uma província ultramarina de governo simples e estava dividida em nove concelhos: Bissau, Bolama, Cacheu, Mansoa, Bissorã, Farim, Catió, Bafatá e Gabu) e três circunscrições (Bijagós, Fulacunda e São Domingos) Um quarto da população da Guiné concentrava-se no concelho de Bissau, e ali tinham a sede o governo, os comandos militares, os estabelecimentos de ensino, o porto, o aeroporto e as principais actividades económicas.
PAIGC
As dificuldades do movimento nacionalista na Guiné, compreendem-se pelo facto que no início da guerra, mais de 90% da população era analfabeta e apenas 14 homens tinham formação universitária sendo esses na sua maioria de origem cabo-verdiana. Perante esta situação, a consciência anticolonial foi assumida numa primeira fase pela burguesia local, integrada na administração pública da Guiné. Foi neste meio que se propagaram os ideais da independência nacional. O nacionalismo e a luta anticolonial na Guiné e Cabo Verde estiveram profundamente ligados à figura carismática de Amílcar Cabral (1924- 1973). Estudante de Agronomia em Lisboa, aqui se encontrou, na Casa dos estudantes do Império, com outros futuros dirigentes negros, destacando-se Agostinho Neto e Mário de Andrade, o são-tomense Francisco José Tenreiro e os moçambicanos Eduardo Mondlane e Marcelino dos Santos, empenhando-se, com todos eles, na «reafricanização dos espíritos». Enquanto estudante, manteve contactos com o PCP, retomando-os em 1952, quando se instalou em Bissau, contratado pelo Ministério do Ultramar para os serviços agrícolas e florestais daquela colónia.. Em 1954, esteve na origem da criação da Agremiação Desportiva e Recreativa de Bissau, e em Março de 1955, regressou a Lisboa, mas numa das frequentes visitas à Guiné fundou, em Setembro de 1956, o Partido Aficano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Amiílcar Cabral dedicou a vida à libertação do seu povo e à luta contra o colonialismo português. Três ideias são constantes no seu pensamento ideológico: o pan-africanismo, isto é a solidariedade interafricana; a construção de uma sociedade mais justa, na linha de um socialismo africano; e a unidade da Guiné e Cabo Verde. Em Janeiro de 1960, abandona definitivamente Lisboa, para encabeçar a luta de libertação nacional. Enquanto isso, na Guiné, o desejo da independência propaga-se, ganhando adeptos, influenciado pelos exemplos dos países vizinhos, em especial a Guiné-Conacri, independente desde 1958.
As autoridades portuguesas advertidas pelos exemplos vizinhos, onde os movimentos nacionalistas tinham levado os seus países à independência, tentaram cortar pela raiz qualquer movimento do mesmo tipo, actuando com dureza perante qualquer atitude de contestação. O momento mais alto deste confronto ocorreu em Pidgiguiti, em 3 de Agosto de 1959, quando as forças da ordem carregaram contra uma manifestação de trabalhadores portuários que exigiam melhores salários, e de que resultaram dezenas de mortos e feridos. A matança de Pidgiguiti, assim chamada pelos nacionalistas, marcou definitivamente o rumo do PAIGC, que, um mês depois dos acontecimentos, realizou uma conferência clandestina em que determinaram prepararem-se para o início da luta armada. A fase de organização clandestina do partido veio no entanto a ser, depois afectada pelas detenções realizadas em Fevereiro de 1962, em Bissau, pelas autoridades portuguesas, que levaram à prisão centenas de pessoas, atrasando a actuação na capital. Entre os detidos encontrava-se Rafael Barbosa, número dois na hierarquia. Antes do início das hostilidades, o PAIGC enviou várias propostas ao governo português para que desse oportunidade aos habitantes da Guiné e Cabo verde de decidirem livremente os seu destino. A última proposta, de Outubro de 1961, exigia o direito à autodeterminação, advertindo que o partido se viria na obrigação de iniciar a luta armada . A proposta não obteve qualquer resposta, pelo que o conflito se tornou inevitável. Na sua preparação, o PAIGC contou com uma retaguarda segura na Guiné-Conacri, onde foi instalado o seu quartel general, vindo também a obter o apoio do Senegal, independente desde 1960. A fase pré-insurreccional, de 1959 a 1963, teve especial importância para o PAIGC, porque muitos quadros preparados em Conacri passaram clandestinamente a fronteira para viver no seio das comunidades locais, onde levam a cabo um permanente trabalho político. Estes militantes de forma geral originários das cidades, foram formados especialmente para compreender o pensamento das comunidades rurais. O seu êxito foi diverso, de acordo com o desenvolvimento e das características dessas comunidades, mas o sucesso maior ocorreu junto da etnia balanta, a mais numerosa e com maior dispersão geográfica, cujo núcleo principal vivia no centro da Guiné, em zona de floresta de difícil penetração, com contactos com as fronteiras da Guiné-Conacri e do Senegal. Na Guiné, a guerra iria tonar-se muito difícil paras as forças portuguesas não apenas pela capacidade da guerrilha, como pelas condições físicas da colónia.
PAIGC

As autoridades portuguesas advertidas pelos exemplos vizinhos, onde os movimentos nacionalistas tinham levado os seus países à independência, tentaram cortar pela raiz qualquer movimento do mesmo tipo, actuando com dureza perante qualquer atitude de contestação. O momento mais alto deste confronto ocorreu em Pidgiguiti, em 3 de Agosto de 1959, quando as forças da ordem carregaram contra uma manifestação de trabalhadores portuários que exigiam melhores salários, e de que resultaram dezenas de mortos e feridos. A matança de Pidgiguiti, assim chamada pelos nacionalistas, marcou definitivamente o rumo do PAIGC, que, um mês depois dos acontecimentos, realizou uma conferência clandestina em que determinaram prepararem-se para o início da luta armada. A fase de organização clandestina do partido veio no entanto a ser, depois afectada pelas detenções realizadas em Fevereiro de 1962, em Bissau, pelas autoridades portuguesas, que levaram à prisão centenas de pessoas, atrasando a actuação na capital. Entre os detidos encontrava-se Rafael Barbosa, número dois na hierarquia. Antes do início das hostilidades, o PAIGC enviou várias propostas ao governo português para que desse oportunidade aos habitantes da Guiné e Cabo verde de decidirem livremente os seu destino. A última proposta, de Outubro de 1961, exigia o direito à autodeterminação, advertindo que o partido se viria na obrigação de iniciar a luta armada . A proposta não obteve qualquer resposta, pelo que o conflito se tornou inevitável. Na sua preparação, o PAIGC contou com uma retaguarda segura na Guiné-Conacri, onde foi instalado o seu quartel general, vindo também a obter o apoio do Senegal, independente desde 1960. A fase pré-insurreccional, de 1959 a 1963, teve especial importância para o PAIGC, porque muitos quadros preparados em Conacri passaram clandestinamente a fronteira para viver no seio das comunidades locais, onde levam a cabo um permanente trabalho político. Estes militantes de forma geral originários das cidades, foram formados especialmente para compreender o pensamento das comunidades rurais. O seu êxito foi diverso, de acordo com o desenvolvimento e das características dessas comunidades, mas o sucesso maior ocorreu junto da etnia balanta, a mais numerosa e com maior dispersão geográfica, cujo núcleo principal vivia no centro da Guiné, em zona de floresta de difícil penetração, com contactos com as fronteiras da Guiné-Conacri e do Senegal. Na Guiné, a guerra iria tonar-se muito difícil paras as forças portuguesas não apenas pela capacidade da guerrilha, como pelas condições físicas da colónia.
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