Os principais ramos do Islão - Sunitas e Xiitas
O Islão é formado por dois grupos básicos: os sunitas e os xiitas. As suas origens podem ser seguidas até uma questão que os primeiros muçulmanos tiveram de enfrentar: quem iria suceder a Maomé como líder da comunidade islâmica? Para os muçulmanos, esta questão foi sempre tanto religiosa como política.
Sunitas: o consenso da comunidade A resposta dos sunitas, que constituem uma maioria de cerca de 90%, pode ser resumida como se segue: ninguém poderia suceder a Maomé na sua natureza e qualidade de Profeta, pois o Corão terminava e aperfeiçoava a revelação da vontade divina e declarava Maomé como o "último dos profetas". Assim, o sucessor de Maomé não poderia ser mais do que o guardião do legado profético. Seria um califa (khalita ), com uma autoridade subordinada como líder dos crentes, com responsabilidade pela administração dos assuntos da comunidade, em obediência ao Corão e aos precedentes proféticos. Pelo processo do consenso (ijma), a comunidade escolheria o seu líder entre os homens que fossem membros da tribo Ouraish, a que Maomé pertencera. A seguir à morte de Maomé, em 632, a sucessão do califado passou por Abu Bakr (632-634), a Umar (634-644), Otman (644-656) e Ali (656-661). Estes, os "quatro califas em guiados", são considerados como tendo vivido tão perto do Profeta que o seu exemplo, bem como o de Maomé, é aceite como autoridade na sunna, ou costume, por todas s posteriores gerações de muçulmanos que se seguiriam. (…)
Xiitas: autoridade e liderança Para os muçulmanos xiitas, a principal figura da autoridade religiosa é o imã. Maomé completou o ciclo dos profetas e com ele a possibilidade de mais revelações divinas. Porém, os muçulmanos xiitas acreditam que ele instituiu o "ciclo da iniciação" como contínuo guia para a comunidade ao nomear um imã como seu sucessor. Este estava investido com as qualidades necessárias para uma interpretação inspirada e infalível do Corão. Deste modo, os xiitas referem-se a si mesmo como "povo de nomeação e identificação". O primeiro imã foi Ali. Como primo, filho adoptivo e mais tarde genro de Maomé (por casamento com Fátima), não era apenas um membro da tribo de Maomé, mas também "uma pessoa da casa". Esta relação familiar íntima é significativa: os xiitas acreditam que Ali herdou as "capacidades espirituais" de Maomé, a sua wilaya. Era infalível na interpretação do Corão e na liderança da comunidade e passou estas características aos filhos do seu casamento com Fátima, Hassan e Hussein, e estes aos seus descendentes da linha dos imãs. Os xiitas acreditam que o ciclo da wilaya prosseguirá até ao fim da história humana quando, no Último Dia, a Humanidade for ressuscitada e julgada para a segunda vida.
A maioria dos xiitas, conhecidos por imamis (vivendo quase todos no Irão), pensa que o ciclo ficará completo com o regresso do décimo segundo imã, muitas vezes referido como o "imã do período", que se diz ter sido retirado para um estado "Ocultação" desde o século III no Islão. Os seus conselhos são ainda acessíveis através de "agentes" ou "doutores da lei" (mujtahidum), entre os quais os mais importantes no Irão são os ayatollahs. São estes quem tem o direito de interpretar a Shari'a e de estabelecer as regras religiosas.(…)
O islamismo sunita e xiita reflectem a diversidade das respostas muçulmanas às revelações divinas. Os sunitas mostram-se mais preocupados em criar e preservar estruturas de sociedade em que a comunidade possa cumprir as suas responsabilidades perante Deus. Os xiitas começaram pelo martírio de Ali e do seu filho Hussein e sempre estiveram conscientes do sofrimento e da alienação que fazem parte da condição humana e procuram respostas para uma mais exotérica interpretação do Corão e da Shari'a, mas, na realidade, a distinção entre os dois movimentos não é importante. Os sunitas preocupam-se mais com a vida interior e os xiitas com a exterior. Para além disso, a importante tradição mística do sufismo tem visto em si uma confluência das consciências sunita e xiita.
Fonte: As Religiões do Mundo, Círculo de Leitores
Sunitas: o consenso da comunidade A resposta dos sunitas, que constituem uma maioria de cerca de 90%, pode ser resumida como se segue: ninguém poderia suceder a Maomé na sua natureza e qualidade de Profeta, pois o Corão terminava e aperfeiçoava a revelação da vontade divina e declarava Maomé como o "último dos profetas". Assim, o sucessor de Maomé não poderia ser mais do que o guardião do legado profético. Seria um califa (khalita ), com uma autoridade subordinada como líder dos crentes, com responsabilidade pela administração dos assuntos da comunidade, em obediência ao Corão e aos precedentes proféticos. Pelo processo do consenso (ijma), a comunidade escolheria o seu líder entre os homens que fossem membros da tribo Ouraish, a que Maomé pertencera. A seguir à morte de Maomé, em 632, a sucessão do califado passou por Abu Bakr (632-634), a Umar (634-644), Otman (644-656) e Ali (656-661). Estes, os "quatro califas em guiados", são considerados como tendo vivido tão perto do Profeta que o seu exemplo, bem como o de Maomé, é aceite como autoridade na sunna, ou costume, por todas s posteriores gerações de muçulmanos que se seguiriam. (…)
Xiitas: autoridade e liderança Para os muçulmanos xiitas, a principal figura da autoridade religiosa é o imã. Maomé completou o ciclo dos profetas e com ele a possibilidade de mais revelações divinas. Porém, os muçulmanos xiitas acreditam que ele instituiu o "ciclo da iniciação" como contínuo guia para a comunidade ao nomear um imã como seu sucessor. Este estava investido com as qualidades necessárias para uma interpretação inspirada e infalível do Corão. Deste modo, os xiitas referem-se a si mesmo como "povo de nomeação e identificação". O primeiro imã foi Ali. Como primo, filho adoptivo e mais tarde genro de Maomé (por casamento com Fátima), não era apenas um membro da tribo de Maomé, mas também "uma pessoa da casa". Esta relação familiar íntima é significativa: os xiitas acreditam que Ali herdou as "capacidades espirituais" de Maomé, a sua wilaya. Era infalível na interpretação do Corão e na liderança da comunidade e passou estas características aos filhos do seu casamento com Fátima, Hassan e Hussein, e estes aos seus descendentes da linha dos imãs. Os xiitas acreditam que o ciclo da wilaya prosseguirá até ao fim da história humana quando, no Último Dia, a Humanidade for ressuscitada e julgada para a segunda vida.
A maioria dos xiitas, conhecidos por imamis (vivendo quase todos no Irão), pensa que o ciclo ficará completo com o regresso do décimo segundo imã, muitas vezes referido como o "imã do período", que se diz ter sido retirado para um estado "Ocultação" desde o século III no Islão. Os seus conselhos são ainda acessíveis através de "agentes" ou "doutores da lei" (mujtahidum), entre os quais os mais importantes no Irão são os ayatollahs. São estes quem tem o direito de interpretar a Shari'a e de estabelecer as regras religiosas.(…)
O islamismo sunita e xiita reflectem a diversidade das respostas muçulmanas às revelações divinas. Os sunitas mostram-se mais preocupados em criar e preservar estruturas de sociedade em que a comunidade possa cumprir as suas responsabilidades perante Deus. Os xiitas começaram pelo martírio de Ali e do seu filho Hussein e sempre estiveram conscientes do sofrimento e da alienação que fazem parte da condição humana e procuram respostas para uma mais exotérica interpretação do Corão e da Shari'a, mas, na realidade, a distinção entre os dois movimentos não é importante. Os sunitas preocupam-se mais com a vida interior e os xiitas com a exterior. Para além disso, a importante tradição mística do sufismo tem visto em si uma confluência das consciências sunita e xiita.
Fonte: As Religiões do Mundo, Círculo de Leitores
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