O Mundo Islâmico na Actualidade - que distribuição mundial?
Não há uma opinião unânime quanto ao número exacto de muçulmanos que existem na actualidade. As estimativas variam entre a mais moderada, que aponta para oitocentos milhões, e outra exagerada, que os situa em cerca de 1500 milhões. Possivelmente, o número real deve rondar os mil milhões, isto é, um sexto da população mundial. A distribuição geográfica do Islão é irregular. Na Península Arábica, que inclui a Arábia Saudita, os dois Iémenes e os Estados do Golfo (Kuwait, Omã, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Bahrein), a população é quase cem por cento islâmica, pois a partir do século VII o Islão manifestou um especial empenho no sentido de o solo natal do profeta Maomé não ser habitado por aqueles que não tivessem aceite a fé que pregava.
No conjunto dos países árabes do Norte (Egipto, Síria, Líbano, Palestina, Jordânia e Iraque), a proporção de muçulmanos ultrapassa largamente os 95 por cento, e existem algumas minorias de cristãos, judeus e de outras confissões com poucos seguidores, como os drusos. Esta proporção diminui ao chegar ao território da Turquia e dos seus antigos domínios nos Balcãs (Albânia, antiga Jugoslávia e Bulgária). Dos noventa milhões de habitantes desta parte do planeta, aproximadamente 75 por cento são muçulmanos.
Países invadidos No denominado "Oriente muçulmano" (Paquistão, Caxemira, Afeganistão, Bangladesh, Malásia, Indonésia e Brunei) e no Magrebe (Marrocos, Argélia, Líbia, Mauritânia e Tunísia), a proporção de muçulmanos aproxima-se dos cem por cento, tal como acontece no Irão. Em todos os casos, trata-se de países que desde há séculos estiveram submetidos ao domínio islâmico, após um processo violento de invasões. A proporção de muçulmanos é algo menor na África central (Sudão, Mali, Chade, Nigéria, Senegal, Gâmbia e Guiné) e oriental (Somália, Djibuti e as ilhas do Oceano Índico), mas nunca inferior a 90 por cento dos respectivos habitantes. No Cáucaso e no Volga (Azerbeijão e regiões tártaras e tchechenas), China e Transoxiânia (Uzbequistão, Cazaquistão, Turquemenistão, Quirguistão e Xinjiang, a proporção de muçulmanos é inferior às assinaladas anteriormente, mas em nenhum caso se situa abaixo de metade da população.
O facto de a proporção de muçulmanos ser esmagadora em alguns países e praticamente nula noutros exige, em boa lógica, uma tentativa de explicação. Para os muçulmanos, a expansão do Islão é atribuída a causas sobrenaturais, mas o certo é que também pode ser explicada através de argumentos de carácter social. Por outro lado, as conquistas militares do Islão provocaram, em termos históricos, um processo de conversão paulatino, já que os não muçulmanos se viam reduzidos à condição de súbditos de segunda classe, obrigados a pagar um imposto específico e, mais cedo ou mais tarde, forçados a escolher entre a conversão ou a morte. A partir desse momento, reverter tal situação só se tornaria possível através de derrotas militares (como as verificadas na Península Ibérica e na Rússia}, já que o Islão castiga com a morte o abandono da fé e proíbe a divulgação de outras religiões. Um caso diferente é o da expansão do Islão, verificada nos últimos anos, em África e entre algumas populações árabes cristãs. Regra geral, o motor de tais conversões reside na enorme facilidade que representa seguir a fé islâmica, e na ligação intrínseca e histórica desta religião com uma forte mensagem anti-ocidental.
No caso dos países ocidentais, é inegável que se verificou um aumento do número de muçulmanos, mas a verdade é que se trata, na sua esmagadora maioria, de imigrantes provenientes de diferentes países islâmicos da Ásia e de África. Assim, na Península Ibérica, o número anual de habitantes que se convertem ao Islão é minúsculo, e muito inferior ao conseguido, por exemplo, pelas igrejas evangélicas ou por algumas seitas cristãs como as "Testemunhas de Jeová".
Fonte: Revista Super Interessante, Fevereiro 2002
Não há uma opinião unânime quanto ao número exacto de muçulmanos que existem na actualidade. As estimativas variam entre a mais moderada, que aponta para oitocentos milhões, e outra exagerada, que os situa em cerca de 1500 milhões. Possivelmente, o número real deve rondar os mil milhões, isto é, um sexto da população mundial. A distribuição geográfica do Islão é irregular. Na Península Arábica, que inclui a Arábia Saudita, os dois Iémenes e os Estados do Golfo (Kuwait, Omã, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Bahrein), a população é quase cem por cento islâmica, pois a partir do século VII o Islão manifestou um especial empenho no sentido de o solo natal do profeta Maomé não ser habitado por aqueles que não tivessem aceite a fé que pregava.
No conjunto dos países árabes do Norte (Egipto, Síria, Líbano, Palestina, Jordânia e Iraque), a proporção de muçulmanos ultrapassa largamente os 95 por cento, e existem algumas minorias de cristãos, judeus e de outras confissões com poucos seguidores, como os drusos. Esta proporção diminui ao chegar ao território da Turquia e dos seus antigos domínios nos Balcãs (Albânia, antiga Jugoslávia e Bulgária). Dos noventa milhões de habitantes desta parte do planeta, aproximadamente 75 por cento são muçulmanos.
Países invadidos No denominado "Oriente muçulmano" (Paquistão, Caxemira, Afeganistão, Bangladesh, Malásia, Indonésia e Brunei) e no Magrebe (Marrocos, Argélia, Líbia, Mauritânia e Tunísia), a proporção de muçulmanos aproxima-se dos cem por cento, tal como acontece no Irão. Em todos os casos, trata-se de países que desde há séculos estiveram submetidos ao domínio islâmico, após um processo violento de invasões. A proporção de muçulmanos é algo menor na África central (Sudão, Mali, Chade, Nigéria, Senegal, Gâmbia e Guiné) e oriental (Somália, Djibuti e as ilhas do Oceano Índico), mas nunca inferior a 90 por cento dos respectivos habitantes. No Cáucaso e no Volga (Azerbeijão e regiões tártaras e tchechenas), China e Transoxiânia (Uzbequistão, Cazaquistão, Turquemenistão, Quirguistão e Xinjiang, a proporção de muçulmanos é inferior às assinaladas anteriormente, mas em nenhum caso se situa abaixo de metade da população.
O facto de a proporção de muçulmanos ser esmagadora em alguns países e praticamente nula noutros exige, em boa lógica, uma tentativa de explicação. Para os muçulmanos, a expansão do Islão é atribuída a causas sobrenaturais, mas o certo é que também pode ser explicada através de argumentos de carácter social. Por outro lado, as conquistas militares do Islão provocaram, em termos históricos, um processo de conversão paulatino, já que os não muçulmanos se viam reduzidos à condição de súbditos de segunda classe, obrigados a pagar um imposto específico e, mais cedo ou mais tarde, forçados a escolher entre a conversão ou a morte. A partir desse momento, reverter tal situação só se tornaria possível através de derrotas militares (como as verificadas na Península Ibérica e na Rússia}, já que o Islão castiga com a morte o abandono da fé e proíbe a divulgação de outras religiões. Um caso diferente é o da expansão do Islão, verificada nos últimos anos, em África e entre algumas populações árabes cristãs. Regra geral, o motor de tais conversões reside na enorme facilidade que representa seguir a fé islâmica, e na ligação intrínseca e histórica desta religião com uma forte mensagem anti-ocidental.
No caso dos países ocidentais, é inegável que se verificou um aumento do número de muçulmanos, mas a verdade é que se trata, na sua esmagadora maioria, de imigrantes provenientes de diferentes países islâmicos da Ásia e de África. Assim, na Península Ibérica, o número anual de habitantes que se convertem ao Islão é minúsculo, e muito inferior ao conseguido, por exemplo, pelas igrejas evangélicas ou por algumas seitas cristãs como as "Testemunhas de Jeová".
Fonte: Revista Super Interessante, Fevereiro 2002
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