domingo, 18 de maio de 2008

9º ANO: BIOGRAFIA "ANTÓNIO SÉRGIO" HISTORIADOR

António Sérgio
A vida e obra de um autor que se dedicou, entre outros temas, à análise de questões históricas, políticas e económicas. A acção pedagógica constituiu motivo de vários trabalhos deste destacado ensaísta e pensador português.
António Sérgio de Sousa Júnior

Vida e obra de António Sérgio
Ensaísta e pensador português, António Sérgio nasceu em Damão, à data uma colónia Portuguesa na Índia, em 1883. Iniciou a sua carreira na Marinha, ingressando na Armada, que viria a abandonar após a implantação da República, em 1910. Redigida desde 1903, a obra Notas sobre os sonetos e as "Tendências" de Antero de Quental, constitui o seu primeiro trabalho publicado, em 1908, desenvolvido até esta data. Colaborou nas revistas A Águia e Vida Portuguesa e pertenceu ao grupo da Renascença Portuguesa, que abandonou, em 1913, por dissidências com a doutrina de Teixeira de Pascoaes, cujas potencialidades de intervenção e renovação da vida portuguesa considerava ineficazes. Fundou depois as revistas Pela Grei (1918) e Seara Nova (1921). Exilou-se, por motivos políticos, após a revolução de 28 de Maio de 1926, tendo sido destituído do cargo que ocupava na Biblioteca Nacional.Em conjunto com outros nomes que se inscreviam no “Grupo da Biblioteca Nacional”, como Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão e Raul Proença, lançou a revista Lusitânia, em 1924. Regressou mais tarde a Portugal, prosseguindo o seu trabalho de ensaísta e conferencista. A sua extensa obra inclui numerosos artigos que integraram a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. António Sérgio participou nas polémicas fundamentais do seu tempo. Entre outras posições assumidas, manifestou-se contra o saudosismo (enquanto programa para o país), contra o culto do mito sebastiânico e contra a aceitação, sem crítica prévia, de certas correntes filosóficas, crendo sempre na necessidade de fazer intervir, activa e dinamicamente, o espírito humano na relação com o mundo. Entende-se, assim, o seu esforço de acção pedagógica e o seu racionalismo, bem como o programa de reforma das mentalidades a que se propôs, e que passava, por exemplo, pelo trabalho de adaptação escolar de textos clássicos, pela prefaciação e tradução de vários autores e pela sua luta por uma educação cívica que conduzisse a uma intervenção consciente e democrática por parte dos cidadãos. Neste contexto, salientam-se obras como "Considerações Histórico-Filosóficas", "O Problema da Cultura", "O Ensino como factor de ressurgimento" e "A Educação Profissional". No ano de 1923, durante dois meses, foi responsável pela pasta de instrução do governo. António Sérgio foi ainda fundador do Instituto Português de Oncologia.
Longe de se limitar a problemas culturais, António Sérgio, cuja obra se destaca pela autenticidade das ideias, dedicou-se igualmente à análise de questões históricas, políticas e económicas, defendendo, por exemplo, uma economia de base cooperativa para o país. Destaca-se, neste contexto, a homenagem a António Sérgio através da criação do Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo – Inscoop, pertencente ao Ministério do Planeamento e Administração do Território. O Inscoop foi criado em 31 de Dezembro de 1976, pelo Decreto-Lei n.º 902/76. O nome atribuído a este Instituto "rende homenagem a um dos mais representativos pensadores portugueses do século XX que advogou entre nós o cooperativismo como a instituição social mais capaz de resolver democraticamente o problema económico e como escola altamente eficiente de formação cívica e aperfeiçoamento da própria condição humana. (Prof. Henrique de Barros no discurso de tomada de posse da Comissão Instaladora do Inscoop, in O Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo, p.17/18)." Equacionando os vários aspectos da vida de Portugal (económico, histórico, político, literário), António Sérgio confrontou-se abertamente com outros pensadores da época, suscitando, por vezes, viva reacção. Grande vulto do pensamento português do século XX e nome fundamental da geração da República, António Sérgio, considerado mesmo como o principal ensaísta português, participou nas polémicas fundamentais do seu tempo, tendo iniciado, em 1920 a edição dos seus Ensaios. A expressão de um pensamento livre e a veêmencia da reflexão apresentada caracterizam a edição destes volumes de Ensaios iniciada em 1920. Até 1958, os Ensaios publicados, num total de oito volumes, abrangem vários temas como o conceito de patriotismo, ou a importância, para a democracia, da opinião pública. "Religiosamente agnóstico mas tolerante", António Sérgio manifestava diversas afinidades com o cristianismo. Morreu pobre no ano de 1969. Entre as suas obras mais significativas contam-se Bosquejo da História de Portugal (1923), O Desejado (1924), O Seiscentismo (1926), Cartesianismo Ideal e Cartesianismo Real (1937), Antero de Quental e António Vieira (1948), Cartas do Terceiro Homem (1953-1957) e Democracia (1947). A vida e obra de António Sérgio serviram de inspiração a várias escolas que o homenageiam com o seu nome, como a Escola Secundária António Sérgio, em Vila Nova de Gaia; Escola Secundária António Sérgio, no Cacém; Escola E. B. 2, 3 António Sérgio, em Sintra, Externato António Sérgio, em Beja; Instituto António Sérgio, no Porto e ainda o Centro de Formação António Sérgio.

A Renascença Portuguesa
O movimento cultural da Renascença Portuguesa, iniciado em 1912 e activo no primeiro quartel do século XX, teve como principal mentor, sobretudo até 1916, Teixeira de Pascoaes, com a sua teoria do saudosismo e, numa segunda fase, Leonardo Coimbra. O seu órgão principal foi a revista A Águia, propriedade do grupo entre 1912 e 1932. Fundada por Jaime Cortesão, Pascoaes, Leonardo Coimbra e Álvaro Pinto, a associação da Renascença Portuguesa procurava, através da acção cultural, levar a cabo a reconstrução do país, lidando com os graves problemas que a instauração da República não conseguira resolver, nas áreas educativa, social, económica e religiosa. Em A Águia colaboraram, para além dos já referidos, Mário Beirão, António Correia de Oliveira, Afonso Lopes Vieira, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. O movimento deu ainda azo a uma intensa actividade editorial. Embora congregasse personalidades e tendências diferentes, tinha subjacente um ideal nacionalista comum ligado, no plano literário, ao neogarrettismo e, filosoficamente, a um sebastianismo messiânico. Dissidências internas levaram, em 1912, à saída de Pessoa e de Sá-Carneiro, cujas personalidades se adequavam mais ao movimento da revista Orpheu, que viriam a fundar. Desligaram-se também do grupo António Sérgio, que se opunha ao lusitanismo tradicionalista e improdutivo de Pascoaes (1913-14), e Jaime Cortesão e Raul Proença, atentos igualmente às modernas correntes do pensamento europeu; estes fundaram, com António Sérgio, a Seara Nova (1921). Na revista A Águia, em diversos números publicados entre 1913 e 1914, expressam-se com clareza as duas posições antagónicas, de António Sérgio, por um lado, valorizando a europeização, o progresso técnico, o económico e, por outro, Teixeira de Pascoaes, defendendo o neo-romantismo, a mitogenia, o fastio face a uma sociedade industrial... A Renascença Portuguesa editava também o quinzenário Vida Portuguesa; a partir de 1928, a revista Portucale prosseguiu o espírito de A Águia. Deve-se à associação da Renascença Portuguesa a criação das Universidades Populares e da primeira Faculdade de Letras do Porto.

A revista Seara Nova
Publicada entre 1921 e 1982, a revista Seara Nova, assumiu-se como uma publicação "de doutrina e crítica", tendo congregado um conjunto de nomes da cultura portuguesa da época. O seu grupo fundador incluía Raul Brandão, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro, Câmara Reis, Augusto Casimiro e Raul Proença. O grupo pretendia intervir activamente na vida política do país, aproximando a elite intelectual da república da realidade portuguesa, e servindo-se da revista como foco de acção pedagógica e doutrinária. Três dos seus fundadores (Cortesão, Brandão e Casimiro) tinham abandonado a revista Águia por esta não corresponder ao seu desejo de intervenção. António Sérgio inclui-se entre os colaboradores que nela vieram a participar ao longo dos seus 60 anos de existência. Convidado a participar no corpo directivo da revista, António Sérgio integrou a sua direcção a partir de 1923 e nela se consagrou como pensador e crítico notável. Teixeira Gomes, Hernâni Cidade, João de Barros, José Rodrigues Miguéis, Álvaro Salema, Adolfo Casais Monteiro, Jorge de Sena, Sarmento Beires e Sarmento Pimentel foram outros importantes nomes que colaboraram com a revista Seara Nova.
Bibliografia
Site Universalhttp://www.universal.pt/
Instituto Camõeshttp://www.instituto-camoes.pt/entrar.html
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Verbo.

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