Almeida Garrett
A Obra Literária
Uma viagem pela vida e obra de um dos mais marcantes protagonistas do Primeiro Romantismo em Portugal, acompanhada de excertos de algumas das suas obras e comentários de alguns dos mais ilustres representantes das nossas Letras.
Em 4 de Fevereiro de 1799, nasceu no Porto João Baptista da Silva Leitão, ainda não de Almeida Garrett. A sua infância, muito marcada pela vivência das quintas do Castelo e do Sardão e pelas histórias, contos e lendas da velha Brígida e de Rosa de Lima, alimentou desde logo o seu imaginário de futuro escritor romântico. Também o seu perfil político tem já o seu embrião nesta infância vivida na cidade do Porto: na feira de São Lázaro, João Baptista não compra “registos de santos”, como os outros rapazes, mas o retrato de Napoleão Bonaparte. Napoleão e as suas invasões de Portugal determinam a fuga da família de Garrett para os Açores, ilha Terceira, onde, jovem, vai ser educado, em estritos moldes clássicos, por seu tio, o bispo D. Frei Alexandre da Sagrada Família. A família destina-o à carreira eclesiástica, mas o jovem Garrett resiste e vai cumprir o seu percurso de estudante de leis em Coimbra. Em Coimbra, jovem e activo, estuda para se formar em leis, mas simultaneamente conspira em favor do liberalismo, escreve, publica, faz teatro. Começa a emergir como homem de letras e homem político, figura pública, que há de ser uma das mais importantes do nosso Romantismo e do nosso Liberalismo. O seu envolvimento político do lado liberal leva-o ao exílio, e a fazer parte daquele grupo de bravos que, comandados por D. Pedro, se juntam no exílio, se organizam na ilha Terceira, desembarcam no Mindelo, lutam no Porto, participam no esforço para implantar em Portugal uma monarquia constitucional, depois de um período conturbado de guerras civis. A sua obra literária vai também sendo produzida. Desde as suas produções juvenis, ainda em moldes clássicos determinados pela sua formação (Catão; Retrato de Vénus), passando pelo momento crucial da publicação, no exílio, de poemas já românticos (Camões; D. Branca), que vão ter sequência numa produção constante, quer em verso, quer em prosa; quer lírica, quer dramática, quer narrativa: Flores sem Fruto; Um Auto de Gil Vicente; O Alfageme de Santarém; O Arco de Sant’Ana, até às obras primas da maturidade: Frei Luís de Sousa; Viagens na Minha Terra; Folhas Caídas. Paralelamente empenha-se na revitalização do teatro português e na reforma da instrução pública.Afirma-se, é reconhecido, torna-se uma figura importante no panorama nacional: é deputado, embaixador, ministro e, finalmente, agraciado com o título de visconde, ao qual associa o nome de Garrett, obscuramente descoberto numa ascendência irlandesa: Visconde de Almeida Garrett.A vertente sentimental da sua vida não é menos interessante. Múltiplas e intensas paixões e desenganos tecem a vida de Garrett: Luísa Cândida Midosi, Adelaide Pastor, Rosa Montufar, são os mais conhecidos amores no seu percurso de homem romântico.Esta vida intensamente vivida esfuma-se aos 55 anos de idade, em 9 de Dezembro de 1854. Estávamos a meio do século XIX e, com esta primeira metade do século, encerrava-se a vida do 1.º Romantismo Português de que Garrett foi um dos grandes obreiros e mentores.
A Obra Literária
POESIA· O Retrato de Vénus, Coimbra, 1822· Camões, Paris, 1825· D. Branca, Paris, 1826· Adosinda, Londres, 1828· Lírica de João Mínimo, Londres, 1829· Romanceiro, 1.º vol., Lisboa, 1843· Flores sem Fruto, Lisboa, 1845· Romanceiro, 2.º vol., Lisboa, 1851· Folhas Caídas, Lisboa, 1853
OUTRAS OBRAS· Da Educação, Londres, 1829· Portugal na Balança da Europa, 1830· Discursos Parlamentares e Memórias Biográficas, Lisboa, 1871
FICÇÃO NARRATIVA· O Arco de Sant’Ana, 2 vols., Lisboa, 1845 e 1851· Viagens na Minha Terra, Lisboa, 1846
TEATRO· Um Auto de Gil Vicente (com a Mérope), Lisboa, 1841· O Alfageme de Santarém, Lisboa, 1842· Frei Luís de Sousa, Lisboa, 1844· Tio Simplício, Lisboa, 1844· Falar Verdade a Mentir, Lisboa, 1845· D. Filipa de Vilhena, Lisboa, 1846· A Sobrinha do Marquês, (com as Profecias do Bandarra e Um Noivado no Dafundo), Lisboa, 1848· Camões no Rossio, Lisboa, 1852
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