Através dos continentes do hemisfério norte, numerosas manadas de enormes mamutes pastavam nas pradarias situadas nas orlas dos glaciares. Uma vida difícil mas à qual estes animais estavam bem adaptados... Por que não ficar a conhecer um pouco melhor estes animais já extintos que viviam em sociedades matriarcais?
A história dos mamutes
Lyuba foi encontrada em 2007 por um pastor de renas em uma região remota da Sibéria. O local fica próximo ao Oceano Ártico e tem gelo permanente, ... |
Os mastodontes - breve caracterização
Mastodonte é a designação atribuída às espécies herbívoras pertencentes a uma família extinta (Mastodontidae) de mamíferos pertencentes à ordem dos elefantes (Proboscidae). Os mastodontes distinguiam-se dos elefantes e mamutes pela estrutura dos dentes mastigadores. Existiam numerosas espécies, entre as quais o mastodonte-americano, Mastodon americanum, com cerca de 3 metros de altura, que comia vegetação macia (folhas e ramos) nas florestas e nos campos norte-americanos. Eram caçados pelos seres humanos para servir de alimento. Os mastodontes mediam entre 2,5 e 3 metros de altura na altura do dorso, sendo as fêmeas um pouco menores, e pesavam entre 4 e 6 toneladas. Os mastodontes extinguiram-se há cerca de 10 000 anos e, actualmente, os paleontólogos tentam descobrir a razão subjacente. Os ossos são o que resta destes animais munidos de duas enormes presas ligeiramente curvadas para cima e cobertos por uma pelagem abundante, que os protegia do frio. Em Portugal, a presença dos mastodontes é bastante conhecida em Lisboa e nos vales do Tejo e do Sado.Os mastodontes apareceram em África há cerca de 35 milhões de anos, tendo-se depois espalhado pela Europa e pela Ásia. Há quase 4 milhões de anos migraram para a América do Norte através do estreito de Bering. Os últimos mastodontes desapareceram da Terra depois de terminada a última Idade do Gelo. Estes animais estavam bem adaptados ao frio, apresentando pêlo castanho comprido e muito denso. Também possuíam presas longas, que podiam atingir 2 metros de comprimento, e tê-las-iam usado para "pesquisar" a neve à procura de comida - folhas das árvores, arbustos e rebentos de várias plantas. Tanto os mastodontes como os mamutes faziam parte da dieta dos humanos de então e eram intensamente perseguidos. A família, em sentido comum, dos mastodontes inclui outros parentes também já desaparecidos, como os gonfotérios e os dinotérios. A tromba é um elemento comum a todos. Em Portugal, a presença de mastodontes, diz a informação distribuída pelo Museu do Instituto Geológico e Mineiro, é sobejamente conhecida nas formações geológicas do Miocénico e do Pliocénico. A primeira referência na bibliografia à existência de mastodontes no que agora é o território português data de 1907, e menciona a descoberta de um fragmento de um dente nas formações da Azambuja. No Museu do Instituto Geológico e Mineiro encontramos fragmentos de exemplares do Miocénico (há cerca de 15 milhões de anos) - Trilophodon angustidens e Tetralophodon longirostris - recolhidos pelo geólogo Georges Zbyszewski, em diversas jazidas da cidade de Lisboa (zonas de Marvila e de Chelas,por exemplo), entre o final da década de 30 e a de 50.
A Idade do Gelo - caracterização
A Idade do Gelo (período denominado Pleistoceno) começou há cerca de 1,6 milhão de anos. Não foi o primeiro episódio de clima frio na história da terra, uma vez que há 35 milhões de anos um grande bloco de gelo se formara na Antártida. Há cerca de 3,2 milhões de anos atrás, os gelos começaram a avançar pela América do Norte e Eurásia setentrional. No longo período que se seguiu, até há cerca de 12 mil anos, os continentes passaram por extremos de calor e frio, chuva e seca, mais intensos do que quaisquer outros registrados nos últimos séculos. A extraordinária capacidade da espécie humana para se adaptar a mudanças ambientais foi um factor crucial para a sobrevivência e dispersão do Homo sapiens. Há cerca de 12 mil anos, os seres humanos modernos haviam povoado quase todo o mundo então habitável, desde os húmidos trópicos até às franjas dos desertos e vastas regiões polares. Nas latitudes setentrionais, durante o Pleistoceno, o movimento das massa geladas afectou animais e plantas. Lençóis de gelo impenetráveis cobriam parte da Europa, Ásia, América do Norte, bloqueando mares e reduzindo as temperaturas médias de 10°C a 12°C e o nível dos oceanos em mais de 137 metros, muito abaixo do nível que hoje se observa. O homem conseguia viver longe das regiões equatoriais apenas nos períodos interglaciais, quando as geleiras recuavam e permitiam a dispersão para o norte das florestas de carvalho e abeto e da vegetação subártica, pasto de mamutes e renas. A descoberta do fogo e a capacidade de confeccionar roupas quentes facilitou a sobrevivência do ser humano.Estudos geológicos e paleontológicos permitem afirmar que ocorreu um avanço dos gelos mais ou menos a cada 100 mil anos, sempre seguido por um período de 10 mil anos (interglacial) de condições amenas similares às actuais.O continente africano, habitat original do homem primitivo, ficava longe do alcance das geleiras. Ainda assim foi afectado pelas mudanças de clima ocorridas na Idade do Gelo. À medida que a dilatação e a contracção das calotes de gelo alteravam as temperaturas – com expansão dos desertos em épocas frias e aumento das chuvas nas áridas savanas quando a temperatura voltava a subir – o Homem adaptava o seu estilo de vida às condições existentes. A água congelada reduziu o nível dos mares, permitindo a formação de "pontes" terrestres que ligaram as principais massas continentais e inúmeras ilhas isoladas. Há cerca de 50 mil anos atrás, pela primeira vez, alguns povos terão alcançado a Austrália e a Tasmânia atravessando um (então) estreito braço de mar. O Estreito de Bering, entre a Ásia Oriental e o Alasca, tornou-se uma via seca e possibilitou a migração de povos e animais. Então, por algum tempo, as camadas de gelo da América do Norte expandiram-se e fecharam a rota para o sul. Um corredor sem gelo abriu-se outra vez, há 14 mil anos, e os caçadores da Sibéria penetraram nas ricas terras de caça das planícies americanas.Ninguém pode afirmar com certeza até que ponto as populações humanas da Idade do Gelo foram responsáveis pela destruição de algumas espécies animais (como o mamute). Há, isso sim, pinturas rupestres descrevendo cenas de caça protagonizadas por animais extintos e restos de esqueletos de bastantes espécies de mamíferos entretanto extintos.Apenas alguns séculos após o final da Idade do Gelo, pequenos grupos humanos começaram a domesticar animais e a cultivar plantas, estabelecendo os fundamentos da revolução agrícola.
Bibliografia
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