sábado, 10 de maio de 2008

7º ANO: REVOLUÇÃO DE 1383-85-HISTÓRIA de PORTUGAL

A revolução de 1383-85
A batalha de Aljubarrota
foi decisiva no desenlace da crise dinástica.
Assinado na vila de Salvaterra de Magos (localizada entre Lisboa e Santarém) a 2 de Abril de 1383, o tratado com o nome da vila viria a marcar o futuro do reino de Portugal. Nesse tratado, D. Fernando I (sem um herdeiro do sexo masculino) acordou o casamento da sua filha D. Beatriz (que na altura era ainda uma criança) com o rei João I de Castela. Este tratado, que visava consolidar a paz entre Portugal e Castela, estabeleceu um acordo sobre a sucessão das duas coroas e que garantia a independência de Portugal. Neste acordo: - Se D. Fernando não tivesse mais descendentes, o trono de Portugal seria herdado pelo descencente do casamento entre D. João de Castela e D. Beatriz, enquanto que o trono de Castela seria herdado pelo filho do primeiro casamento de D. João de Castela (D. Henrique). - Se nem D. Beatriz nem D. Fernando tivessem mais sucessores, a coroa portuguesa passaria para o monarca castelhano. - Em qualquer das situações, em caso de morte de D. Fernando, e se não houvesse um sucessor maior de 14 anos, ficaria como regente a Rainha D. Leonor Teles. Sete meses após a assinatura do Tratado morreu D. Fernando, sem mais descendência. Tinha 38 anos. Assim, D. Beatriz, que na altura do falecimento de D. Fernando não tinha descendentes, foi aclamada rainha de Portugal. Conforme o estipulado no Tratado de Salvaterra D. Leonor Teles assumiu a regência do reino. Esta regência desagradava à maioria do povo português, que receava a entrega do reino a Castela.
Mestre de Avis (D. JOÃO I)
Mestre de Avis (D. JOÃO I)

Antes de casar com D. Fernando, D. Leonor contraíra matrimónio, quando muito jovem, com João Lourenço da Cunha, de quem teve um filho Álvaro da Cunha. Este casamento foi anulado para que D. Leonor se casasse secretamente com D. Fernando, algo que desagradou ao povo.A ligação de D. Leonor ao Conde Andeiro também contribuiu para os tumultos que se registaram em muitas cidades e vilas quando ela assumiu a regência do Reino. Pouco tempo após a morte do rei, era já o Conde Andeiro que, segundo o cronista Fernão Lopes, “desambargava com a rainha todolos desembargos do reino”. Estes factos estiveram na origem da preparação de um golpe de Estado, com a intenção de afastar a regente e matar o seu conselheiro, o Conde Andeiro. D. João, Mestre da Ordem Militar de Avis (meio-irmão ilegítimo de D. Fernando) - que, por ser cunhado de D. Leonor (ver esquema genealógico), dispunha de acesso facilitado ao Paço Real, foi escolhido para executar o golpe planeado.
No dia marcado para o golpe, aliados do Mestre de Avis fizeram circular por Lisboa a notícia de que o Mestre estava no palácio e corria perigo de vida. Face a esta informação o povo começou a dirigir-se ao palácio para tentar salvar o Mestre que, na verdade, até matar o Conde Andeiro não corria perigo algum.Ao chegar ao palácio, ao ver o Mestre vivo e o Conde morto, o povo aclamou o Mestre de Avis, contra a vontade deste, como “Regedor e Defensor do Reino”, impelindo os cidadãos mais ricos e notáveis a aderir à sua causa e atacando aqueles que julgava opor-se à rebelião.Face a esta situação, D. Leonor Teles viu-se obrigada a fugir para Santarém, terra onde tinha apoiantes e pediu ajuda ao seu genro, o rei de Castela. A rebelião alastrou rapidamente a todo o País. A população dividiu-se e também em várias localidades onde os senhores tinham aderido à causa de D. Beatriz, o povo tomou castelos e fortalezas. Em algumas localidades, a população (chamada “arraia-miuda”) atacou os seus senhores mesmo quando estes se declaravam apoiantes do Mestre de Avis. Este facto pode ser interpretado como um sinal de que, para o povo, não estava apenas em causa a questão da sucessão e da indepêndencia. Ou seja, esta revolta estava profundamente ligada a questões de índole social, as questões que estavam na origem de conflitos que apareciam por toda a Europa.
D. Nuno Álvares Pereira: O Condestável
Em 1384, para defender o direito ao trono de sua mulher, D. Beatriz, o rei de Castela invadiu Portugal e cercou a cidade de Lisboa, tendo no caminho atacado localidades que não se haviam ainda declarado a favor da rebelião. Contudo, os habitantes de Lisboa resistiram e o cerco foi levantado quando um surto de peste atacou as tropas castelhanas, obrigando D. João I de Castela a retirar-se. Esta invasão castelhana fez com que as cidades e vilas de Portugal se dividissem entre as que apoiavam a rebelião, ou seja o Mestre de Avis, e as que apoiavam “o usurpador”, ou seja D. João de Castela. Apenas algumas praças se mantiveram fiéis à Regente D. Leonor Teles que, apesar da antipatia de que era alvo, não defendia a anexação de Portugal por Castela, e era a legítima governante de Portugal. Face à revolta popular, D. Leonor acabou por apoiar a invasão. Neste mesmo ano, o exército português, comandado por D. Nuno Álvares Pereira, já havia vencido os castelhanos, na Batalha dos Atoleiros. Em 1385, nas Cortes de Coimbra, João das Regras defendeu com sucesso a legitimidade do Mestre na sucessão da Coroa portuguesa, "derrotando" os outros pretendentes nacionais: os infantes D. João e D. Dinis (meios-irmãos de D. Fernando) e a rainha D. Leonor. O Mestre de Avis foi aclamado D. João I de Portugal. O rei de Castela invadiu novamente Portugal com um numeroso exército, que incluía alguns membros da alta nobreza portuguesa que sempre o haviam apoiado. O confronto de D. João I com os castelhanos na Batalha de Aljubarrota viria a revelar-se decisivo: apesar de estarem em inferioridade numérica, os Portugueses, utilizando a "táctica do quadrado" e como apoio dos Ingleses (que enviaram uma companhia dos seus famosos arqueiros) obtiveram a vitória. O apoio dado pela baixa nobreza e pela burguesia foi recompensado por D. João I, que lhes concedeu privilégios, cargos, títulos e terras, antes pertencentes à alta nobreza e aos apoiantes de D. Beatriz. Esta “nova nobreza” contribuiu para o início de uma nova época na História de Portugal.Apesar de a vitória na Batalha de Aljubarrota ter afastado o perigo da perda da independência, foi apenas em 1411, no reinado de D. João II de Castela (sucessor de Henrique III e neto de João I), que a independência de Portugal foi reconhecida por Castela.

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