sábado, 10 de maio de 2008

7º ANO: REVOLUÇÃO DE 1383-85 (crise do século XIV)-HISTÓRIA de PORTUGAL

Crise do século XIV em Portugal
Crise do século XIV
Situação socioeconómica
Portugal, tal como outros países da Europa, na segunda metade do século XIV, sofreu vários períodos de fomes, de epidemias e de guerras. O País mergulhou numa grave crise que abrangeu o final do reinado de D. Afonso IV (1325-1357) e se prolongou pelos reinados de D. Pedro I (1357-1367) e de D. Fernando I (1367-1383) e que veio terminar a relativa paz social e o desenvolvimento económico que haviam marcado a época de D. Afonso III e de D. Dinis. No mundo rural enfrentava-se a diminuição da produção agrícola, a subida dos preços dos alimentos, e a falta e o elevado preço da mão-de-obra. Os reis portugueses, à semelhança de outros monarcas europeus, tomaram várias medidas para tentar colmatar estes problemas. D. Afonso IV publicou leis sobre o trabalho e sobre o tabelamento dos salários e D. Fernando I publicou a Lei das Sesmarias. Esta lei, entre outras medidas, obrigava todos os proprietários rurais a manter as suas terras cultivadas e os camponeses a trabalhar nos campos. No entanto, devido ao envolvimento de D. Fernando em vários conflitos e, principalmente devido à questão da sucessão do trono de Castela, a crise - que aparentava ter abrando durante o reinado de D. Pedro I – voltou. Assim, apesar das medidas tomadas, o envolvimento na questão da sucessão do trono de Castela terá agravado a situação do País, tornando piores as condições de vida do povo. Estas condições estiveram na origem de várias revoltas populares, como as que tiveram lugar em 1371, quando do casamento de D. Fernando e D. Leonor Teles, e as que resultaram da guerra com Castela.
Situação política
Após o assassinato, em 1369, de D. Pedro I de Castela pelo seu meio-irmão, D. Fernando considerou ser sua obrigação intervir na sucessão do reino vizinho. O rei assassinado era seu primo e D. Fernando considerava ser o herdeiro mais legítimo ao trono de Castela que D. Henrique, uma vez que era bisneto legítimo de D. Sancho IV de Castela. Apoiado pelas principais casas nobres portuguesas (e algumas de Castela), D. Fernando invadiu Castela. Esta intervenção acabou por envolver Portugal, de forma indirecta, na interminável Guerra dos Cem Anos, que opunha Ingleses a Franceses e seus aliados. Como Castela era aliada dos Franceses, Portugal foi associado à facção Inglesa. De início a guerra correra bem para Portugal, principalmente porque Castela (contando com o apoio claro da França) teve de dividir o seu exército por várias frentes: Navarra, Aragão, Andaluzia, Galiza, Granada e, claro, Portugal. No entanto, em 1371, e apesar do sucesso português face a Castela, tornou-se evidente que seria a aliança França-Castela a ganhar a Guerra dos Cem Anos. Tal poderia revelar-se perigoso para Portugal. Para prevenir essa situação, D. Fernando assinou com Castela o tratado de Alcoutim. Neste tratado acordava-se a troca de alguns territórios, a sua desistência ao trono de Castela e o casamento do rei português com a filha do rei de Castela.No entanto, e ainda em 1371, D. Fernando ignorou o tratado casando-se com D. Leonor Teles. Este casamento esteve na origem do tratado de Tui, com o qual D. Fernando ganhou tempo pois conseguiu não se comprometer com a França, no entanto, ter de lhe fazer guerra. Quatro meses após a assinatura do tratado de Tui, D. Fernando firmou uma aliança com Inglaterra, facto que foi visto por D. Henrique de Castela como uma declaração de guerra. Portugal iniciou ataques contra navios mercantes da facção franco-castelhana. Em resposta, Castela invadiu Portugal e avançou até Lisboa, uma vez que os exércitos de D. Fernando preferiram fugir a defrontar as forças de D. Henrique. Com Lisboa cercada, D. Fernando foi obrigado a assinar a paz e a anular a sua aliança com Inglaterra, em 24 de Março de 1372. Entre 1373 e 1880, vendo-se incapacitado de fazer a guerra, D. Fernando virou-se para a administração do Reino, tendo criado leis de grande utilidade, embora nem todas populares, como a já referida Lei das Sesmarias. Em 1380, com a subida ao trono de um novo rei em Castela (D. João I), D. Fernando julgou ver uma oportunidade de conseguir uma vitória militar sobre Castela. Por intermédio de um antigo aliado, o fidalgo João Fernandes Andeiro (Conde Andeiro), que se encontrava exilado em Inglaterra, fez saber aos Ingleses que pretendia atacar Castela. Os Ingleses apoiaram a iniciativa. O mais entusiástico era o Duque de Lencastre que, por ser casado com a filha do falecido D. Pedro de Castela, se via como possível candidato ao trono castelhano. Assinaram-se acordos (Estremoz - 1380) em que se o Duque de Lencastre garantia a possibilidade de Portugal expandir o seu território para norte e o envio de uma força militar inglesa. Estipulava-se ainda o casamento da Infanta de Portugal, D. Beatriz, com o sobrinho do Duque de Lencastre. Com a vitória dos Portugueses, o Duque tornar-se-ia Rei de Castela e aliado de Portugal. No entanto, antes que o exército inglês chegasse a Portugal, o rei de Castela antecipou-se e atacou o Alentejo, as Beiras e Trás-os-Montes. A situação degradou-se pelo rasto de destruição que o exército inglês deixou ao longo da sua passagem a caminho da frente de batalha, provocando pilhagens nas vilas portuguesas que, supostamente, deveriam ajudar a proteger.

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