A era das cruzadas
A cristandade implanta-se fortemente no Ocidente do século VI ao século XI graças, entre outras coisas, ao trabalho missionário dos monges: Itália, Gália desde o início do século II, Península Ibérica, ilhas Britânicas, países germânicos. Nos países francos, até ao século VIII, as estruturas eclesiásticas - bispados e mosteiros - constituem a única administração e as suas escolas impedem que as culturas grega e romana se percam. Essas estruturas contribuem também para a criação do Império do Ocidente de Carlos Magno, coroado em Roma pelo papa Leão III no Natal de 800. Nasce assim a noção de cristandade, onde os poderes político e religioso mantêm relações de assistência mútua mas também de um certo conflito no que diz respeito ao papel de cada um no seio da sociedade. Entretanto, o prestígio da dinastia carolíngia esbate-se, arrastando a Igreja no seu declínio, crise que é acentuada pela submissão de Roma ao protectorado do Sacro Império Germânico. A reforma da Igreja é mais uma vez obra dos mosteiros (Cluny), mas é sistematizada pelo papado, nomeadamente pelo papa Gregório VII (1073-1085). Beneficiando desta renovação, a cristandade atinge o seu apogeu no decurso dos séculos XII e XIII. As cruzadas, destinadas a libertar o túmulo de Cristo, são testemunho do dinamismo da fé desta sociedade e dos cavaleiros que nelas se empenham, embora esse fervor esteja ligado a motivações menos nobres. Nesta época, são criadas grandes universidades onde ensinam ilustres teólogos como Tomás de Aquino, são fundadas ordens religiosas, como as dos dominicanos e dos franciscanos. A arte gótica espalha por todo o lado edifícios magnificentes, sumptuosas catedrais. A França desempenha um papel importante nesta renovação teológica, espiritual, artística. Porém, esta idade de ouro é ensombrada pelo saque de Constantinopla pelos cruzados, em 1204, pela perseguição dos albigenses (cátaros) no Sul da França, pela instituição da Inquisição... Paralelamente, acentua-se a ruptura entre Roma e Constantinopla devido a querelas teológicas (iconoclastia no século VII), litúrgicas (emprego do pão ázimo), disciplinares (o celibato dos padres) e, sobretudo, em razão da não aceitação do primado pontifício de Roma. Em 1054, as duas Igrejas excomungam-se mutuamente, e, apesar de uma tentativa de reaproximação no concílio de Lyon em 1274, a unidade manter-se-á quebrada até ao concílio Vaticano II, em 1962.
Fonte: ABCdário do Cristianismo, Público.
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